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Não se recupera as bases do Protestantismo com Edir Macedo. E aí, "espíritas"?


(Autor: Professor Caviar)


Convenhamos. O "espiritismo" brasileiro é uma religião bagunçada que, só por se achar "livre", pode deturpar à vontade que todos creem que Allan Kardec assinaria embaixo e passaria pano em todas as violações de sua doutrina, só porque elas parecem "mais modernas" que os postulados que ele lançou entre 1857 e 1869.

O "espiritismo" parece uma Casa da Mãe Joana, misturando ciência com horóscopo, psicologia com quiromancia, socialismo com louvores à ditadura militar, geologia com moralismo medieval e, principalmente, postulados espíritas com dogmas católicos medievais. E toda essa desordem deveria ser motivo de vergonha profunda, e não de orgulho e honra.

No "espiritismo" brasileiro, trai-se muito mais do que Judas Iscariotes traiu Jesus Cristo. Traições cometem o tempo todo, sem uma pausa sequer, sem uma trégua, sem um pingo de escrúpulo, o mínimo que fosse. Trai-se até debaixo d'água, até durante o sono. Traidores de primeira hora, os "espíritas" ainda dão o "beijo da morte" em Allan Kardec, bajulando-o ao mais extremo dos momentos extremos, à mais derradeira das consequências, e, traindo-o sem dó, ainda têm o descaramento de se julgarem seus "mais fiéis discípulos".

A traição de Judas pode ter sido mortal para Jesus, mas foi uma só. Foi a troco de dinheiro. E os "espíritas", traem Allan Kardec em nome do "pão dos famintos", do "remédio para os doentes" e do "abrigo para os sem-teto"? Não existe almoço grátis. Se ainda muita gente aceita ver "espíritas" em euforia extrema porque a arrecadação financeira vai "toda para os pobrezinhos", é bom desconfiar. Ninguém fica eufórico nessas condições, por mais que se dedique realmente ao próximo, coisa que não deve ser o caso dos "espíritas".

Não, meus caros. Não dá para as pessoas ficarem felizes na mediocridade santa de cada dia, aceitando uma quota de burrice, de adversidades da vida, de corrupção política e escândalos diversos sob a desculpa que isso "dá mais graça para a vida" e "nos faz ser gente como a gente". Essa atitude completamente idiota, que ainda faz muitos "isentões" estufarem seus peitos nas redes sociais e se acharem donos da razão, está perdendo o sentido em tempos de coronavírus.

Dessa forma, não dá para aceitar que pessoas que fiquem traindo um precursor, desnorteando seus ensinamentos ao sabor das paixões mistificadoras e moralistas dos brasileiros, que chegam a aceitar sua própria tragédia achando que, no mundo espiritual, se terá a mesma vida na Terra, até com mais privilégios e benefícios.

No Brasil, passa-se mais pano em Francisco Cândido Xavier do que flanelinha fazendo limpeza em automóveis. Qualquer erro em Chico Xavier é defendido sob uma desculpa esfarrapada, tem desculpa para todo tipo, da direita à esquerda, do pretenso intelectualismo à burrice mais escancarada, da monografia de pós-graduação universitária aos comentários hidrófobos dos sociopatas que adoram o "médium".

Tem idiota que ainda pergunta: "o que Chico Xavier fez contra o Espiritismo?", como se achasse isso impossível. E aí respondemos: TUDO. Sim, a obra de Chico Xavier é uma verdadeira violação dos postulados espíritas originais, e podemos enumerar alguns deles, de maneira esquematizada, para facilitar o saber:

1) Várias de suas crenças católicas entram em choque com os ensinamentos espíritas originais. Chico Xavier, por exemplo, concebeu o mundo espiritual conforme as perspectivas das paixões materiais, sem qualquer fundamentação e usando como desculpa para se sofrer desgraças na terra. Isso está claro nas ideias reacionárias do "médium;

2) Aspectos negativos citados em O Livro dos Médiuns são identificados em atitudes do "médium": livros com textos empolados (linguagem forçadamente erudita), uso de nomes ilustres (como os grandes escritores) para enganar e impressionar o público, estabelecimento de datas determinadas para acontecimentos futuros ("profecia da data-limite") e até a suposição de haver "crianças" e "bichinhos" (hoje as pessoas usam o termo inglês pet) no mundo espiritual, teses lançadas sem o menor esforço de fundamentação;

3) Allan Kardec questionava o obscurantismo do Catolicismo medieval e fundamentou suas ideias inspirado no Iluminismo francês. Chico Xavier fez o contrário, moldando o Espiritismo aos padrões do Catolicismo medieval, que vigorou no Brasil durante o período colonial. Isso é tão certo, apesar do fingido anti-medievalismo dos "espíritas", que um antigo padre de orientação medieval, Manuel da Nóbrega, foi adotado por Chico Xavier como mentor doutrinário, renomeado Emmanuel;

4) O "espiritismo" brasileiro adota um moralismo punitivista, pregado por Chico Xavier, que está mais de acordo com a teoria do deturpador Jean-Baptiste Roustaing, por culpabilizar as vítimas de adversidades pesadas e tragédias.

Esses são os aspectos principais. E, mesmo assim, os "espíritas" tentam relativizar todos eles, desmentir algumas práticas que eles mesmos também fazem - como o moralismo punitivista - e usam o truque discursivo de "metaforizar o óbvio", um mecanismo usado para inserir ideias opostas à que se demonstra evidente e explícita. Creio que nosso amigo Groucho Lênin, do Charlatães do Espiritismo, deve vir com alguma análise semiótica a respeito.

PROTESTANTISMO SEPARA MELHOR MESTRES DE DETURPADORES

A grande vergonha para os "espíritas" é que os evangélicos autênticos não praticam a mesma covardia. Eles identificam melhor os deturpadores e os separam dos grandes mestres. As raízes do Protestantismo nunca se renovariam sob qualquer consideração dada a figuras como Edir Macedo, R. R. Soares, Silas Malafaia e muito menos Valdomiro Santiago, o "José Medrado" dos neopentecostais.

Imagine um sujeito tipo Franklin Félix entre os protestantes "de raiz", exaltando Martin Luther King e o outro Martin Luther (o "nosso" Martinho Lutero), e depois exaltar a "figura humana" de Edir Macedo. Ou exaltar as antigas igrejas batistas e seus missionários e depois elogiar o assassino pseudo-arrependido como Guilherme de Pádua, da "igreja batista" da Lagoinha, que ainda demonstra ser temperamental e com semblante arrogante e agressivo, facilmente notável nas fotos.

É impossível. E também não há como fazer contradição seletiva, distribuindo certas ideias num texto e colocando ideias opostas no texto seguinte. Ninguém vai falar, num texto, da figura humanista de Martin Luther King, ou de Jehan Cauvin (o "nosso" João Calvino), ou de Jan Huss (que, dizem, reencarnou como Allan Kardec) ou de John Wyclif, e, depois, criar um outro texto falando da "sabedoria" de Edir Macedo.

Mas os "espíritas" distribuem suas contradições em textos diversos, embora também cometam contradições graves num mesmo texto. Se há textos em que eles "reivindicam" respeito ao legado de Allan Kardec, em outro rasgam a seda ao deturpador Chico Xavier. Num texto, fingem concordar com os alertas de Erasto, em outro, assumem concordar com os desvarios de Emmanuel.

Neste caso, os evangélicos autênticos estão em vantagem. Nenhum evangélico autêntico se atreve a recuperar as bases do Protestantismo citando, como pretenso mestre, Silas Malafaia (o Divaldo Franco dos neopentecostais) e nem qualquer outro deturpador da causa protestante. Neste caso, os evangélicos dão um banho de coerência e criteriosidade nos "espíritas", que se julgam "fiéis a Kardec" acolhendo os deturpadores do Espiritismo.

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