(Autor: Professor Caviar)
Mais um relato é relembrado confirmando a farsa de Parnaso de Além-Túmulo e das obras "psicográficas" de Francisco Cândido Xavier, que chamaram a atenção pela gravíssima apropriação do nome de Humberto de Campos em livros que nem de longe lembravam o estilo pessoal do autor maranhense.
Devemos desconfiar dessas "psicografias", afinal não é porque elas trazem mensagens aparentemente cristãs que elas podem inspirar confiabilidade. Os manuscritos originais foram destruídos para evitar investigações que os desqualificassem, e, no caso de Humberto de Campos, o lobby comandado pela FEB no mercado literário brasileiro ordenou a retirada de catálogo dos livros originais do autor maranhense, para evitar que uma leitura comparativa desmascare os livros "mediúnicos".
Houve o "fogo amigo" de Suely Caldas Schubert, que em Testemunhos de Chico Xavier publicou uma carta na qual Chico Xavier agradeceu Antônio Wantuil de Freitas e Luís da Costa Porto Carreiro Neto por fazer as revisões de Parnaso de Além-Túmulo, dito nos seguintes termos:
"Grato pelos teus apontamentos alusivos ao “Parnaso” para a próxima edição. Faltam-me competência e possibilidade para cooperar numa revisão meticulosa, motivo pelo qual o teu propósito de fazer esse trabalho com a colaboração do nosso estimado Dr. Porto Carreiro é uma iniciativa feliz. Na ocasião em que o serviço estiver pronto, se puderes me proporcionar a “vista ligeira” de um volume corrigido, ficarei muito contente, pois isso dará oportunidade de ouvir os
Amigos Espirituais, em algum ponto de maior ou menor dúvida. Há uma poesia, sobre a qual sempre pedi socorro, mas continua imperfeita desde a primeira edição. É aquela “Aves e Anjos” (...). Ela termina assim: “Sorrindo... Cantando...” e não “Sorrindo... Sorrindo...”, como vem sendo impresso".
Mas um outro documento, um diálogo publicado no periódico "espírita" de Minas Gerais, o mineiro O Poder, em 10 de maio de 1953, no qual se fala que os livros "mediúnicos" do "médium" sofreram revisão.
Um trecho da reportagem, embora mencionasse "espíritos que ditam as obras ao médium" (o que pode ser uma falácia combinada ou uma ingenuidade dos que acreditavam nas mentiras de Chico Xavier quanto à sua suposta psicografia), revela que as "psicografias" foram uma fraude, porque, se tivessem sido autênticas, não teriam necessitado de revisão, bastando a "auto-revisão" trazida pelos espíritos do além-túmulo, que imaginamos terem um nível de intuição e correção ampliados na vida espiritual. Depois da reprodução do texto, mais comentários.
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Um dia, o Sr. Vantuil de Freitas — já depois de ter conseguido escalar a presidência da Federação — chamou- nos, muito interessado; precisava muito de falar conosco, particularmente. Tinha, na mão, um maço de provas tipográficas.
— Mas você não me comprometa, Sousa do Prado.
— Não — dissemos nós.
— Você sabe que quem corrige todos os trabalhos recebidos pelo Chico Xavier é o Quintão.
— Sei — respondemos. — Por sinal que, com tais correções, consegue desfigurar quase completamente o estilo dos espíritos que ditam as obras ao médium, enxertando-lhes termos esdrúxulos, que eles nunca usaram enquanto encarnados...
— Pois bem; foi ele, portanto, quem corrigiu os originais e as provas de “Nosso Lar”, que vai ser, agora, novamente publicado.
Em parênteses, esclareceremos que não temos bem a certeza se se tratava dêste trabalho ou de “Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho”...
— Ora, como você sabe — continuou ele — o Quintão erra constantemente, principalmente no emprego da crase, e na pontuação; e eu tenho um grande empenho em que isto saia correto. Por isso, fiz uma nova revisão, emendando os principais erros que encontrei. Como, porém, eu sou um pouco fraco no português, ... e posso ter emendado coisas que estivessem certas, queria que você conferisse, comigo, as emendas que fiz...
... Haviam, nelas, emendas indispensáveis, que tinham escapado ao Quintão, mas, em compensação, o ilustre “Dr.” Freitas... errara muita coisa, que estava certa...
E aí têm os leitores o que valem certas “comunicações” e certos “dirigentes” do Espiritismo brasileiro.
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Há muito faz-de-conta das "obras espirituais" e a alegação de que elas "eram ditadas pelos espíritos" revela dados duvidosos, como a necessidade de revisões sucessivas. Ora, se Chico Xavier sempre foi tido como "espírito de grande elevação" e seus livros eram "mensagens de benfeitores espirituais", por que a necessidade de revisão dos mesmos, se eles já vinham como "mensagem elevada e acabada de missionários espirituais"? Sinal de que há fortes indícios de fraudes, o que se comprova, de outro modo, com a qualidade inferior das "psicografias" em relação aos estilos originais dos autores mortos.
O "Quintão" se refere a Manuel Justiniano de Freitas Quintão, o Manuel Quintão, que foi presidente da FEB por algumas vezes antes de Antônio Wantuil de Freitas assumir o comando da FEB. Quintão havia sido também um membro de honra da federação e membro da equipe editorial que realizava revisões dos originais das "psicografias" de Chico Xavier.
A propósito, Chico Xavier homenageou Manuel Quintão com um poema de 1930, publicado inicialmente sob o crédito pessoal de "F. Xavier", na edição do periódico da FEB, Reformador, de 16 de maio daquele ano. Posteriormente, o poema passou a ter, tendenciosamente, o crédito do espírito do poeta português Antero de Quental, embora o poema tivesse mais a ver com o estilo do próprio "médium". O poema, de conteúdo fortemente igrejeiro, se segue abaixo. O texto a respeito dele pode ser acessado aqui, no nosso blog:
O CRISTO DE DEUS
Lendo M. Quintão (Manuel Quintão)
Cristo de Deus, que eras a pureza
Eterna, absoluta, invariável,
Antes que fosse a humana natureza,
Este cosmos - matéria transformável;
Que já eras a fulgida realeza,
Dessa luz soberana, imponderável,
O expoente maior dessa grandeza,
Da grandeza sublime do Imutável!
Ainda antes da humana inteligência,
Eras já todo o Amor, toda a Ciência,
Perfeição do perfeito inconcebível;
Foste, és e será eternamente,
O Enviado do Pai onipotente,
Cristo-Luz da verdade inconfundível!
F. Xavier - Reformador - 16 de maio de 1930
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