(Autor: Professor Caviar)
A indústria da mistificação do "espiritismo" brasileiro continua em pleno vapor. Claro, tem gente ingênua - mesmo a dita "esclarecida" - para aderir a palavras tão mistificadoras, trazidas sobretudo pelo arrivista Francisco Cândido Xavier, o que garante fortunas e fortunas desse grande lobby literário que teve a covardia de influir na retirada dos livros originais de Humberto de Campos das livrarias, para não prejudicar as obras fake tidas como "psicográficas".
A esotérica e popularesca editora Alto Astral, do astrólogo João Bidu, lançou mais um volume dedicado a Chico Xavier, que já começa com um título oportunista e um tanto hipócrita: "Mensageiro da Paz". Se observarmos bem a canção do grupo O Rappa, "A Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)", que fala do verso "paz sem voz / não é paz / é medo", Chico Xavier seria mais digno de ser classificado como "Mensageiro do Medo".
Afinal, Chico Xavier nunca foi um ativista, e nem pacifista algum. Seus apelos eram mais para os sofredores se conformarem com as desgraças obtidas na vida, e permanecerem em silêncio até quando oravam preces. Ou seja, é simplesmente a "paz sem voz" descrita por Marcelo Yuka, recentemente falecido. É o "medo" de Deus, a subordinação moral dos igrejistas, a submissão total aos desígnios do "alto", que transforma as pessoas em marionetes das circunstâncias, sobretudo as mais adversas.
Mas a revista tenta dar um tom "intelectual" a Chico Xavier e, de maneira bastante hipócrita e enganadora, coloca, na página da editora Alto Astral, a referida publicação na categoria "Cultura e Conhecimento". Quanto cinismo para uma revista que se dedica a endeusar um dos piores e mais traiçoeiros obscurantistas da fé religiosa que existiram em toda a História do Brasil!
A publicação complementa um outro volume, lançado em 2016, dedicado ao mesmo "médium", e que enfatizava mais as narrativas mais religiosas. Elas continuam nesta nova publicação, mas elas vêm reforçadas de matérias de puro pedantismo pseudo-científico, reforçando o lado pseudo-intelectual do "médium", com a rasteira associação de supostos conhecimentos psicológicos com pretensos conceitos de mediunidade.
Isso tudo é uma grande enganação e, em se tratando de uma editora sem muita confiabilidade na produção do verdadeiro conhecimento, isso faz sentido, porque o único objetivo dessa publicação é alimentar o comércio literário às custas das paixões religiosas que têm em Chico Xavier seu ídolo maior, ainda exercendo forte e perigosíssima fascinação obsessiva em uma considerável parcela de brasileiros, infelizmente.
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