(Autor: Professor Caviar)
Temos que tomar muito cuidado com as paixões religiosas. São tentações altamente traiçoeiras, que fazem as pessoas defenderem alucinações, se perderem na catarse mistificadora, abusando do "remédio" da fé religiosa que, em quantidades desmedidas, se tornam verdadeiros entorpecentes e até perigosos venenos.
As pessoas no Brasil vivem com medo, e se entregam à perdição das paixões religiosas como se dependessem psicologicamente delas. Essa dependência é tão perigosa que as pessoas se acham "protegidas" e "serenas" quando estão sob esse entorpecente místico, mas, quando são contrariadas, sucumbem a explosões de profunda raiva e irritabilidade surpreendentes para quem se diz "iluminado" e "portador de energias espirituais elevadas".
Se percebermos bem, os seguidores de Francisco Cândido Xavier e Madre Teresa de Calcutá, dois aparentes ídolos religiosos marcados por trajetórias nebulosas, são os que mais se irritam e se enfurecem quando são contrariados. É só fazer uma crítica a seu ídolo religioso, por mais consistente e com provas documentais, que seus beatos viram bestas-feras. É como naquele filme dos Gremlins, aqueles bichinhos dóceis que, de repente, viram monstros assustadores.
No caso de Chico Xavier, a adoração a ele atinge níveis de puro surrealismo. Só mesmo um país de pessoas desinformadas e até idiotizadas para se manter nessa adoração tão confusa que as pessoas se perdem em decidir se estão idolatrando um "semi-deus" ou um (pretenso) "simbolo de humildade".
Pois o fato surpreendente é que o Velho Mundo, ou seja, a Europa e parte da Ásia, mostra lições profundas de sabedorias e alertas que, infelizmente, os brasileiros ignoram em pleno século XXI. Observando bem, as paixões religiosas que envolvem Chico Xavier são a mais terrível aberração que se pode haver e refletem um sentimento obsessivo dos mais doentios, mais perigosos e mais ameaçadores até mesmo à vida de quem segue tal adoração.
Surpreendentemente, o mito de Chico Xavier seria REPROVADO, de maneira enérgica e certeira, por ninguém menos que quatro indivíduos do passado, que deixaram alertas contra tipos e procedimentos que se encaixam naqueles relacionados à idolatria do "médium".
Quem imagina que esses quatro indivíduos são ninguém menos que Jesus de Nazaré, Allan Kardec, Moisés e até Homero, acertou. Pois os quatro revelaram, no passado, alertas que os brasileiros do presente ignoram até mesmo com preocupante e violenta teimosia. Vamos citar cinco aspectos, dois deles ligados a abordagens críticas de Jesus:
1) CHICO XAVIER PERSONIFICA OS ESCRIBAS E FARISEUS - Jesus de Nazaré criticou, em sua vida, os usurpadores da religiosidade, como escribas e fariseus, tidos como falsamente sábios, pretensamente humildes e bastante orgulhosos e dissimulados. Pois Chico personificou bem a forma contemporânea desses extravagantes da fé, apenas mudando o contexto, o que não impediu que sentimentos de orgulho dissimulado e a idolatria mórbida e obsessiva que cerca o "religioso" se desenvolvessem;
2) MERCADO EDITORIAL FATURA SOBRE CHICO XAVIER - Em que pese a falácia em torno da "doação dos direitos autorais para a caridade" (eufemismo para os cofres da cúpula da FEB) e a aparente gratuidade de boa parte da obra de e sobre Chico Xavier, a comercialização de livros dele e a respeito dele (desde que apologistas) segue outro aspecto reprovado por Jesus, os vendilhões do templo, que usam a fé religiosa como meio de geração abusiva de renda;
3) CHICO XAVIER É ADORADO, NO BRASIL, COMO UM VELOCINO DE OURO - A adoração a Chico Xavier, mesmo na forma dissimulada da "saudável admiração a um homem simples e bom" (outra falácia batida), equivale à antiga adoração a uma estátua de um carneiro, o Velocino de Ouro. As pessoas celebravam rituais de adoração a essa imagem, o que teria irritado Moisés que, segundo registros bíblicos, atirou a tábua com os Dez Mandamentos no chão, amaldiçõando os pagãos.
4) CHICO XAVIER DETURPOU O ESPIRITISMO - Essa declaração é mais fácil de descrever, mas deixa muitos chiquistas amedrontados ao ponto de correrem para o quarto e chorarem feito crianças malcriadas postas de castigo. Mas é só ler obras nem sempre agradáveis, como O Livro dos Médiuns, para ver que os aspectos que Allan Kardec descrevia dos "inimigos internos" do Espiritismo se encaixavam em Chico Xavier: textos empolados, mistificação leviana, promoção às custas do uso de nomes ilustres (como escritores famosos falecidos), para concluir: Kardec REPROVARIA Chico Xavier, não só de maneira certeira, mas firme e bastante enérgica.
5) CHICO XAVIER, PASMEM, TAMBÉM PERSONIFICA O "CANTO DAS SEREIAS" DA ODISSEIA DE ULISSES - Até Homero, autor da Antiguidade clássica, alertava sobre a tentação do "canto das sereias" que fazia muitos navegadores se afogarem, seduzidos pela aparente beleza do mesmo. Pois Chico Xavier, embora feioso, se beneficiou por apelos de suposta beleza tão traiçoeiros e tendadores. Quem não se sentiu seduzido pelas imagens sorridentes dele, com peruca e óculos escuros, ou apenas com boné, inseridas em paisagens celestiais, floridas, ou frases dele inseridas em imagens de crianças sorrindo, beija-flores voando sobre rosas?
Isso tudo corresponde aos apelos traiçoeiros dos "cantos das sereias". No poema de Homero, Ulisses ordenou a seus subordinados que o amarrassem no mastro do navio para não se deixar levar pela tentação das sereias, enquanto elas eram expulsas pelos tripulantes e jogadas ao mar.
Voltando a Kardec, ele e seu principal mensageiro, o espírito de Erasto de Paneas, discípulo de Paulo de Tarso, recomendavam repúdio rigoroso aos deturpadores do Espiritismo. O compromisso do verdadeiro espírita deveria ser com o rigor da lógica e do bom senso, resistindo até mesmo aos "apelos lindos" que os deturpadores da Doutrina dos Espíritos podem fazer para seduzir a opinião pública e inserir ideias mistificadoras.
Apelos como "paz e fraternidade", o uso da suposta caridade e a falsa associação com mortos famosos e ilustres como formas de promover idolatria religiosa a um deturpador do Espiritismo são formas de usar as paixões religiosas para envolver emocionalmente as pessoas mais ingênuas e arrancar, delas, sentimentos obsessivos em prol do deturpador, no caso Chico Xavier.
Para complicar e piorar ainda mais as coisas, Chico Xavier é alvo de todo tipo de relativização, dos mais confusos e contraditórios, o que representa uma desobediência total aos postulados espíritas originais, que recomendavam repúdio rigoroso e não uma adoração mais ou menos dissimulada com todo tipo de desculpa.
É vergonhoso ver que tais alertas foram dados, no mínimo, há mais de 150 anos. Alguns desses alertas são anteriores ao nascimento de Jesus, e, no entanto, são ignorados com furiosa teimosia em pleno século XXI. Mas se os brasileiros, deslumbrados, desinformados e idiotizados são capazes de eleger uma figura como Jair Bolsonaro, surdos aos mais diversos alertas, um arrivista como Chico Xavier encontra terreno propício para, de jeitinho em jeitinho, ser alvo da adoração mais obsessiva, em níveis perigosos de deslumbramento e fascinação.
Não foi por falta de aviso que tal fascinação obsessiva leva muitos brasileiros a se sentirem obsediados por Chico Xavier, com seus tentadores apelos de paisagens celestiais e floridas, retratos de crianças sorridentes e passarinhos voando, e mergulham na perdição diária das paixões religiosas, do transe mistificador que traz a falsa sensação de "mansuetude" e "serenidade", mas que, no menor despertar, se converte em fúria desmedida, ainda que disfarçada com fingida calma.
Precisamos aprender muito com os mestres genuínos do passado, para evitar cairmos nas tentações dos falsos mestres do presente a comprar lugares no céu usando como moeda a ingenuidade das pessoas.
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