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Quem quer demais, tudo perde

(Autor: Professor Caviar)

A sorte é que os brasileiros costumam ser muito complacentes e apegados, de forma desesperada e doentia, a seus totens, de forma que nem argumentos consistentes e provas cabais podem desvencilhar da idolatria confortável marcada pelo "reino da fantasia".

Paciência. Criticamos as meninas pequenas que, em sua infância, adoram as "princesas da Disney" e vivem no mundo da fantasia de seus castelos, fadas e princesas, sonhando demais com um cenário colorido e ideias ao mesmo tempo ambiciosas e ilusórias.

Mas ninguém critica a idolatria que se faz a Francisco Cândido Xavier, que nos últimos 40 anos sobrevive com uma biografia adocicada, cheia de fantasias, levando às últimas consequências o que já foi previamente feito para Adolfo Bezerra de Menezes, o dr. Bezerra, que sobrevive à posteridade com uma biografia cheia de fantasias que faz ele ser conhecido, mesmo sob o rótulo de "Kardec brasileiro" (apesar do roustanguismo do médico brasileiro e ex-presidente da FEB), como o "Papai Noel brasileiro".

A biografia que faz de Chico Xavier à semelhança de uma "fada madrinha de contos de fadas" mantém resíduos de fantasia existentes em mentes de pessoas adultas e idosas. Falamos mal do prejuízo de nossas crianças endeusando o Capitão América e a Cinderela como "símbolos de salvação humana", mas o mundo adulto / idoso não consegue ver seus próprios defeitos. As crianças erram com seus argueirinhos pequenos nos olhos, mas os adultos, com suas traves gigantescas, não se enxergam em erros cada vez maiores e mais perigosos.

E mesmo quando surgem "isentões" que "reclamam" do endeusamento a Chico Xavier, clamando para que ele seja "admirado dentro de suas imperfeições", esse fanatismo não é combatido. Fica mais parecendo uma "crítica feita só para agradar", porque os "isentões" preferem aceitar essa imagem divinizada do que desqualificar totalmente a sua pessoa, que deturpou vergonhosamente o legado espírita original, nunca devidamente apreciado no Brasil.

CHICO XAVIER NUNCA FOI PESSOA QUE PRESTE

Imagine um sujeito caipira, tido como portador de problemas mentais - o pai quis interná-lo num manicômio - , que dizia falar com a falecida mãe, e, com as conveniências do momento, virou algo próximo a um semi-deus ou, quando muito, a um falso cristo com "feições simples e imperfeitas". É um enredo que daria num filme de Monty Python, mas, infelizmente, é a realidade brasileira.

Não eramos sequer para "admirar", mesmo dentro das feições de "homem humilde e imperfeito", a pessoa de Chico Xavier. Ele merece o desprezo e o repúdio, pelo que ele fez e que nada tem a ver com a "caridade" que tanto se atribui a ele, mas que nunca existiu. Para entender o sentido oco da "caridade" de Chico Xavier, temos que nos lembrar que ela foi feita nos mesmos moldes tendenciosos que hoje se vê na pessoa de Luciano Huck, admirador confesso do "médium" e que o visitou no final de sua vida.

Por que é doloroso para tanta gente desqualificar Chico Xavier? Mesmo aqueles que admitem que ele teve "algumas imperfeições e erros" fazem de tudo para manter a idolatria pois, ainda que aparentemente "reclamem" da divinização em torno de sua pessoa, dizendo "não gostarem" de ver o "médium" tratado como "semi-deus", endeusado até nas gotas d'água caídas na sua estátua em Uberaba etc, essa postura dos "isentões espíritas" mais permite do que combate esse fanatismo. Fica mais parecendo aquela falsa crítica feita para agradar uma parcela da sociedade.

Só que há aspectos bastante negativos na trajetória de Chico Xavier, os quais são fartos de provas consistentes e argumentos verídicos, vários deles baseados nas palavras do próprio "médium", às quais não cabe metáforas escapatórias nem os dribles argumentistas e relativizadores do pensamento desejoso. É muito doloroso dizer isso, quando a maioria dos brasileiros, de uma maneira ou de outra, está acostumada a ver Chico Xavier de forma adocicada e piegas, inserindo a imagem dele em paisagens celestiais, cenários floridos e até dentro de coraçõezinhos.

E isso vai há 40 anos, e de maneira inconsciente. Poucos conseguem perceber que são tapeados com essa imagem do "filantropo de novela", do "velhinho bondoso e frágil" da dramaturgia, do "vovô que consola nossos sentimentos". Essa imagem toda de Chico Xavier foi adaptada de um roteiro que Malcolm Muggeridge fez para promover Madre Teresa de Calcutá, artificialmente santificada às custas de dois factoides montados num tratamento normal de quimioterapia, feito por uma mulher indiana, e uma intoxicação alimentar curada pela internação, ambos creditados como "casos de câncer malignos curados pelas preces a Madre Teresa".

A atuação do discurso de Malcolm Muggeridge importado do Brasil para promover Chico Xavier completa, repara e aperfeiçoa o trabalho manipulador de Antônio Wantuil de Freitas, ex-presidente da FEB que atuou como "empresário" do "médium", criando nele um pitoresco popstar. O "método Muggeridge" apenas eliminou aspectos mais bizarros em Chico Xavier e o embalou, num discurso cheio de inverdades, mas sempre agradáveis, para ser um produto para o consumo emocional das paixões religiosas, a exemplo de Madre Teresa no exterior.

ACÚMULO ARTIFICIAL E FALACIOSO DE VIRTUDES

O problema é que, ao longo desse tempo, pessoas acolhem tanto os aspectos pitorescos trazidos por Wantuil quanto aspectos divinizatórios trazidos por Muggeridge. Para complicar, há os "isentões" que querem que Chico Xavier seja adorado como "pessoa humilde e imperfeita", e lunáticos, que, neste ano da "data-limite" de 2019, querem vê-lo como "profeta dos últimos tempos".

Com isso cria-se um engodo de "virtudes humanas" que se atribui a Chico Xavier sem que ele necessariamente teve qualquer uma delas. Até a "caridade", tão associada a ele, na verdade nunca foi praticada. O discurso da "caridade de Chico Xavier" foi uma grande mentira feita nos mesmos moldes que se faz hoje com a "caridade" de Luciano Huck, que, repetimos, é adepto do "médium", apesar do apresentador e empresário ser católico, e foi ver o filme biográfico do "médium", além de, anos depois, gravar um quadro do "Lata Velha" na terra natal dele, Pedro Leopoldo.

Chico Xavier era ranzinza, temperamental, matreiro, traiçoeiro, arrivista e até vingativo. Há fortes indícios que sua apropriação do nome do escritor Humberto de Campos, o nome mais castigado pela "psicografia" fake do "médium", teria sido uma vingança pelo artigo em duas partes do Diário Carioca que irritaram Xavier. A ideia de que Chico não devia mais fazer "psicografias" para evitar concorrer com o trabalho literário dos vivos irritou o mineiro. Consta-se que a morte prematura, pouco depois, de Humberto teria sido uma maldição lançada por Chico Xavier, ao qual também é associada a "maldição dos filhos mortos", pois vários de seus devotos acabam tendo filhos morrendo prematuramente assim de repente.

Essa gororoba define Chico Xavier como "tudo": intelectual, profeta, filantropo, filósofo, psicólogo, conselheiro, poeta, missionário, progressista etc. Nada disso existente em sua pessoa, mas criando uma impressão agradável do homem supostamente tido como "tudo de bom", mas que, no íntimo, nunca foi essa maravilha toda. Até a tentativa dos "isentões" de reparar tais exageros é uma forma de blindá-lo, mantendo a sua imagem de mito mesmo nos "limites da imperfeição humana".

Mas, na época da "data-limite", é irônico que ela se volte contra o próprio idealizador, como um feitiço contra o feiticeiro. As pessoas estão tremendo de medo diante das revelações negativas contra Chico Xavier, cheias de provas consistentes. Tentam escapar, justificando seu apego a fantasias com falácias do tipo "ah, a justiça dos homens, a overdose da razão, as provas incriminatórias" etc, criando reações doentias de obsessão de toda espécie.

Só que quem quer demais tudo perde e se aproxima o tempo em que os brasileiros perderão essa idolatria, quando for desmascarada a imagem de Chico Xavier, na qual sua pessoa real nem de longe é a doce imagem "imperfeita, mas admirável, de um homem humilde", mas a imagem perversa de um aproveitador, de um usurpador do Espiritismo, de um farsante "mediúnico" e de um reacionário radical a níveis bolsomínions. Todos esses aspectos negativos são fartos de provas, e, paciência, somos seres racionais, raciocinamos com o cérebro e a realidade nem sempre mostra aspectos desgradáveis.

Mesmo no âmbito da religião, nem tudo é como a gente quer. Quem tudo quer, tudo perde. E, além disso, temos que abrir mão das ilusões e rejeitar Chico Xavier, como naquela parábola da vaquinha. Se não fizermos isso, vamos ser criticados pelas crianças que endeusam Capitão América e Cinderela, que verão também que os mais velhos cometem apegos fantasiosos ainda mais doentios.

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