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Poema de Chico Xavier revela caráter fraudulento de 'Parnaso de Além-Túmulo'

(Autor: Professor Caviar)

Reproduzimos, da página da revista Reformador, da Federação "Espírita" Brasileira, edição de 16 de maio de 1930, portanto, dois anos antes do embuste literário Parnaso de Além-Túmulo, primeiro livro supostamente psicográfico do "médium". A imagem que vemos corresponde à página original, digitalizada.

É um soneto cujo estilo se assemelha, e muito, aos textos poéticos atribuídos a outros autores no referido livro "mediúnico", pois, embora haja um esforço de imitação estilística dos poemas publicados em relação aos supostos autores espirituais, o que se vê em Parnaso de Além-Túmulo são poemas do próprio Francisco Cândido Xavier, feitos com a ajuda do presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas e editores a serviço da federação.

A constatação dessa autoria terrena se deu não só por opositores do "movimento espírita" como o líder católico Alceu Amoroso Lima, mas, por acidente, pelo próprio "fogo amigo" dos "espíritas", pois a escritora e "médium" Suely Caldas Schubert, no livro Testemunhos de Chico Xavier, sem querer, divulgou uma carta de Chico Xavier para Wantuil agradecendo aos editores da FEB pela revisão dos manuscritos de Parnaso de Além-Túmulo, o que indica uma fraude literária.

A reprodução do poema de Chico Xavier - creditado como F. Xavier - revela um estilo de texto e de temática, por sinal bem igrejeira, muito semelhantes ao que se observa na antologia poética, e aqui reproduzimos o poema assumidamente de sua autoria, apenas adaptando o texto para a ortografia atual.

O mais grave é que os editores de Reformador tentaram dar outro crédito a este e outros poemas pessoais de "F. Xavier". O exemplo abaixo, publicado na edição do periódico da FEB de 16 de maio de 1930, foi tido como "de autoria de Antero de Quental", autor português. Antes de chegarmos ao referido poema, vamos lembrar de um texto da FEB, na edição do Reformador de junho de 2002, homenageando os 70 anos de Parnaso de Além-Túmulo - Chico faleceria no final daquele mês - , fez um texto que não conseguiu explicar por que os poemas inicialmente creditados a "F. Xavier", de repente, passaram a ter como créditos supostas autorias espirituais. O texto não só se recusou a esclarecer a fraude como apostava na propaganda vitimista de Chico Xavier, através da ideia da "via-crúcis natural e normal dos grandes médiuns":

"Parece-nos que esses quatro sonetos de grandes Espíritos, os quais foram publicados como de autoria de F. Xavier, bastam para demonstrar a verdade acima afirmada: de que o nosso amado irmão não foi, não é, nem pretendeu ser poeta, e só por excessivo entusiasmo de seus íntimos apareceu na imprensa como autor de versos. Sua missão é muito maior que a de um grande poeta, e, depois de decorridos quarenta anos, qualquer dúvida que ainda subsista entre os nossos adversários ocorre, unicamente, pelo espírito de má-fé. Para esses céticos, tudo é fraude, desonestidade, mistificação, percepção extra-sensorial, etc., etc., embora os fatos contrariem berrantemente todas essas insinuações da intolerância e do falso saber. Como há mais de cem anos caluniam as meninas Fox, sem o menor escrúpulo, compreende-se que esta é a via-crucis natural e normal dos grandes médiuns.
Foi em 16 de fevereiro de 1930 que pela primeira vez a FEB deu a público, no seu órgão Reformador, versos recebidos por Francisco Candido Xavier, assinados F. Xavier, muito embora o desenvolvimento da mediunidade psicográfica deste se processara desde a segunda metade do ano de 1927, quando passou a fazer parte de pequeno núcleo de adeptos da Doutrina, na cidade mineira de Pedro Leopoldo.
Portanto, há quarenta anos [em 1967] foi iniciado o exercício mediúnico do nosso amigo, mas a data que devemos registrar, como marco de sua grande e abençoada missão pública, é junho de 1932 [ver nota na p. 12], quando foi posta à venda, na Livraria da Federação Espírita Brasileira, a edição príncipe do Parnaso de Além-Túmulo.
Foi o primeiro de uma série, ainda não interrompida, de quase cem livros [hoje 412], cujos direitos autorais, de todos eles, foram graciosamente cedidos a sociedades espíritas. Esses celeiros de luz vão transformando a mentalidade de um povo e terão de influenciar toda a Humanidade do porvir! ".

Seguimos então com o texto igrejeiro do poema que, pelo jeito, é dedicado a Manuel Quintão, ex-presidente da FEB que era um dos responsáveis da revisão dos livros "mediúnicos" de Chico Xavier.

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O CRISTO DE DEUS

Lendo M. Quintão (Manuel Quintão)

Cristo de Deus, que eras a pureza
Eterna, absoluta, invariável,
Antes que fosse a humana natureza,
Este cosmos - matéria transformável;

Que já eras a fulgida realeza,
Dessa luz soberana, imponderável,
O expoente maior dessa grandeza,
Da grandeza sublime do Imutável!

Ainda antes da humana inteligência,
Eras já todo o Amor, toda a Ciência,
Perfeição do perfeito inconcebível;

Foste, és e será eternamente,
O Enviado do Pai onipotente,
Cristo-Luz da verdade inconfundível!

F. Xavier

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