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Divaldo Franco e o sofrimento por escolhas erradas

(Autor: Professor Caviar)

É muito fácil se promover pelo malabarismo das palavras e comercializar tudo isso em palestras e livros. Mais fácil ainda é usar o mel das palavras e a desculpa que os lucros e prêmios por elas resultantes são "para a caridade", como se os palestrantes, oradores e escritores fossem sustentados tão somente por "luz".

Há muita ilusão nas docerias de palavras da religião, sobretudo a "espírita", catolicizada e afastada dos ensinamentos franceses originais. Reduzida a uma versão repaginada do Catolicismo jesuíta medieval, que predominou no Brasil-colônia, hoje o "espiritismo" se limita a ser um simulacro de ação social e um arremedo de receituário moralista, dos mais conservadores.

Daí que temos que questionar essas palavras com sabor de mel, e trazê-las para o contexto da realidade, o que não deve ser confundido com a aplicação do melífluo palavreado como supostas lições de vida. Eis o que o "médium" baiano Divaldo Franco disse, certa vez, conforme mostra esse meme que define o "médium" como um suposto filantropo:

"A maioria dos sofrimentos decorre da forma incorreta por que a vida é encarada".

Partindo de um deturpador do Espiritismo, famoso pela sua verborragia e pelos textos e oratórias empolados, o que podemos analisar nesta frase? Como defensor da Teologia do Sofrimento, Divaldo certamente defende que as pessoas limitam suas necessidades e desejos para abaixo do necessário, abrindo mão de planos de vida prévios em troca da dura competição de enfrentar adversidades. A Teologia do Sofrimento é uma teoria religiosa, de origem medieval, na qual o sofredor, aparentemente por seus erros, tem que aguentar os efeitos nefastos sem reclamar.

Na Teologia do Sofrimento, há uma visão ilusória da qual a dor e o sofrimento só produzem pessoas melhores. Não é assim. A dor e o sofrimento extremos podem também produzir pessoas agressivas, violentas e traiçoeiras, dentro da lógica do animal acuado, que, diante dos obstáculos intransponíveis, pode se tornar bastante vingativo.

A frase remete a uma dessas frases de autoajuda. E, sob o verniz do "espiritismo", é pior ainda, porque, certamente, não percebe a complexidade da vida. Temos um limite estimado em 80 anos de vida carnal e os "espíritas" nem estão aí para a individualidade humana, confundida com "caprichos materialistas".

Quem é consciente de seus erros sabe que sofre por decisões erradas. Fica até chato o outro dizer "você sofre porque decidiu errado". A forma incorreta é da consciência de cada um, sem que haja necessariamente uma fórmula dada por um ídolo religioso. Ainda mais sendo um deturpador do Espiritismo e um malabarista das palavras, que às vezes vem com julgamentos de valor infundados, como dizer que os refugiados do Oriente Médio eram tiranos sanguinários, de forma generalizada e sem qualquer estudo sério de Ciência Espírita.

Muitas pessoas acabam se tornando vulneráveis no contato com o "espiritismo" brasileiro - que se recusa a assumir, ao menos, a origem roustanguista, devendo, pelo menos por uma questão de honestidade, renegar Allan Kardec em vez de bajulá-lo - e, em vez de resolver problemas e cometer decisões acertadas, acabam muitas vezes decidindo pior ainda e contraindo mais azar. Em muitos casos, o próprio "espiritismo", com seu igrejismo mofado e sua desonestidade doutrinária, não evita seus assistidos a fazer decisões erradas.

E O PRÓPRIO DIVALDO? E O "MOVIMENTO ESPÍRITA"?

Será que as más escolhas são apenas das pessoas comuns que sofrem? E entre os chamados "líderes espíritas", que aparentemente não sofrem? Eles fazem draminha quando são questionados e se tornam "falsos cristos" com suas poses de martírios inexistentes, comercializam palavrinhas, praticam Assistencialismo - "caridade" que põe o "benfeitor" acima dos necessitados - e recebem os prêmios da Terra por suposta filantropia.

O "espiritismo" brasileiro sofre uma gravíssima crise porque fez escolhas erradas. Deturpou o legado kardeciano original e se reduziu a uma versão repaginada do Catolicismo jesuíta da Idade Média, introduzido no Brasil durante o período colonial.

A religião igrejeira sofre um grande impasse e por trás de todo um desfile de palavras e imagens bonitinhas, apelos emotivos extremamente religiosos, supostamente espiritualistas e aparentemente agradáveis, há toda uma desfiguração criminosa dos ensinamentos espíritas originais, processo camuflado por receitas moralistas e devoções aos "médiuns" e seus supostos mensageiros e, o que é pior, também dissimulado pela falsa apreciação das ideias espíritas originais.

Os "espíritas" tentam dar a impressão que não sofrem os efeitos da deturpação, dizem que "ensinam Kardec direitinho" e nada explicam sobre as contradições infinitas em que se metem, preferindo fingir coerência dentro de um turbilhão de decisões incoerentes.

E Divaldo Franco, que apoiou a "farinata" de João Doria Jr., não sofreu os efeitos de sua má escolha. Ele também encarou a vida de forma incorreta, em situações como esta, na qual Divaldo ao menos poderia ter prevenido os parceiros sobre os riscos do estranho alimento, condenado por nutricionistas sérios, e cancelado o seu lançamento, se Divaldo fosse intuído por espiritualidades superiores preocupadas com o engodo que seria lançado no evento.

Ele nada fez. Divaldo se desmascarou por não ter a firmeza que a aparência de dramaticidade de suas oratórias sugere. O "líder pacifista", supostamente corajoso, aparentemente capaz de escrever cartas para autoridades mundiais, não foi capaz de impedir o lançamento do vergonhoso composto alimentar, um impedimento que poderia até causar algum conflito, mas deveria ser feito, para o bem da sociedade.

Ele aceitou tudo de bandeja e agiu com plena consciência de seus atos. Saiu de fininho e teve a sorte do silêncio da imprensa. Depois, ele aproveitou os últimos meses do ano para fazer "bom-mocismo" com o seu papo sobre a "paz" e dar mensagens "natalinas".

Divaldo Franco também tem suas formas incorretas de encarar a vida, deturpando o Espiritismo original com igrejismo da Idade Média e fingindo-se fiel a Allan Kardec. A diferença é que ele tem a blindagem necessária para não sofrer os efeitos drásticos que as pessoas comuns, obrigadas a suportar desgraças, têm que encarar na vida. Para quem vive como mercador das palavras e apelos emocionais, num país desinfomado como o Brasil, é fácil fazer más escolhas e se sair bem em tudo.

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