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Mensagem de Eduardo Galeano remete ao moralismo religioso


(Autor: Professor Caviar)

Há uma mensagem do falecido escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015), que corresponde à opressão religiosa sobre os povos que não fazem parte dos padrões de poder elitista que existe há séculos. Essa mensagem diz o seguinte:

"Vieram. Eles tinham a Bíblia e nós tínhamos a terra. E nos disseram: fechem os olhos e rezem. E quando abrimos os olhos, eles tinham a terra e nós, a Bíblia".

Fechamos os olhos. Sofremos em silêncio. Fechamos os ouvidos à Razão. O cérebro deixa de ser o órgão do raciocínio, mediante a disputa entre o coração, o umbigo e o fígado. Perdemos tudo, mas temos apenas um livro religioso, e na vida nada podemos fazer além de meramente servir, sofrer e orar.

Isso é retrógrado e muitos imaginam estar presente apenas no Catolicismo medieval e nas seitas evangélicas neopentecostais. Isso está presente nessas religiões, mas o mais surpreendente é que o "espiritismo" brasileiro, que vende uma falsa imagem de "progressista", também inclui essa triste realidade.

A frase de Eduardo Galeano, presente em As Veias Abertas da América Latina, de 1971, revela uma triste sina dos povos dos países considerados "inferiores" na geopolítica dominante ocidental, na qual os poderosos "compravam" a Terra dos povos indígenas e africanos em "troca" da Bíblia.

Tão tido como "moderno, progressista e futurista", Francisco Cândido Xavier, na verdade, era apenas o porta-voz dos opressores que adaptava seu discurso cruel com palavras melífluas, de forma a forçar os oprimidos a se contentarem com a própria opressão que os atinge, apenas se limitando a orar a Deus, de preferência no mais absoluto silêncio. Em outras palavras, Chico Xavier sempre foi um moralista retrógrado, ele apenas tinha um jeito "tatibitate" de convencer as pessoas de que sofrer infortúnios "era ótimo".

Comparemos a frase "Fechem os olhos e rezem" com o que dizia Chico Xavier várias vezes: "sofrer em silêncio, sem queixumes, de preferência orando em gratidão a Deus". Chico Xavier era tão devoto da Teologia do Sofrimento que, para ele, até mesmo as "bênçãos" seriam novos sofrimentos, novas expiações, encarnação atrás de encarnação, uma sucessão de flagelos nesta "gincana" em direção aos "braços de Deus".

As pessoas aceitam sofrer infortúnios, mesmo os mais pesados. Fecham os olhos, não reclamam, oram em absoluto silêncio. Seus algozes lhes tiram tudo, até o necessário, e lhes deixam apenas a Bíblia. Podemos substituir a Bíblia pelos livros de Chico Xavier, que a essência do significado permanece rigorosamente a mesma, vide o conteúdo igrejeiro e medieval das obras do "médium". 

É o mesmo moralismo retrógrado, que prega que as pessoas apenas vivam para "expiar suas faltas", dentro de uma perspectiva punitivista que é o moralismo trazido por Chico Xavier e que é ignorado pela grande maioria de seus seguidores, tomados de emotividade demais (e por demais tóxica) e de muito pouco raciocínio e ainda muito menos discernimento das coisas.

Eles esquecem que o moralismo de Chico Xavier sempre foi punitivista, apesar de dóceis palavras. E esquecem que esse moralismo punitivista é herdado do mesmo Jean-Baptiste Roustaing cuja influência Chico Xavier tentou renegar por medo de ser enquadrado entre os roustanguistas que viraram "vidraça" nos "meios espíritas". Mas de que adianta renegar Roustaing se herdou a essência de seu pensamento? Fácil esculhambar o mestre, enquanto segue direitinho suas lições. Allan Kardec é que é o mestre muito bajulado e nunca seguido, um verdadeiro estranho entre os brasileiros.

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