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Atenção, esquerdistas! Chico Xavier fez declaração semelhante a de filho de Jair Bolsonaro

(Autor: Professor Caviar)

Muitos se deixam levar pela imagem adocicada de Francisco Cândido Xavier, o "querido" Chico Xavier que soa como se fosse uma "fada-madrinha" para as pessoas mais velhas que vivem no mundo real. Diante do pretensiosismo das pessoas adultas, elas tentam definir como "realistas" essas fantasias movidas pelas paixões religiosas e motivadas pela fascinação obsessiva do "médium", que, mesmo postumamente, representa, no Brasil, o "canto de sereia" alertado por Homero na Antiguidade, através de sua Odisseia.

Daí que pessoas idosas se irritam e reagem com teimosa rispidez (ou ríspida teimosia, tanto faz) quando se fala de algum aspecto negativo envolvendo Chico Xavier. Chegam mesmo a disparar comentários como "isso é absurdo" ou investem na carteirada, dizendo "quem é você para falar de Chico Xavier?", neste caso, com irritada arrogância. Já as esquerdas, que também prestam ingênua complacência ao "médium", desconhecendo seu reacionarismo convicto - nem a "namoradinha do Brasil", Regina Duarte, recebe esse privilégio do pensamento desejoso da idealização do "médium" - , fazem mil malabarismos para "esquerdizá-lo", usando como justificativas ideias soltas, fantasiosas, trazidas, por ironia, pelas narrativas adocicadas criadas pela Rede Globo de Televisão.

Pois o programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo, mostra um reacionarismo convicto de Chico Xavier, que salta aos olhos e desafia os malabarismos de qualquer pensamento desejoso que tentasse desmentir tais posturas. Nenhuma ginástica mental consegue desmentir, com todo um exército de desculpas, o mais explícito reacionarismo de Chico Xavier, que em 1971 apoiou a ditadura militar em sua pior fase, quando parte da direita já se desiludiu com o regime.

As declarações de Chico Xavier são explicitamente reacionárias. Mas, em outros momentos, esse reacionarismo também aparecia, ainda que dissolvido pelo mel das palavras. Primeiro, porque, em suas obras, ele sempre pregava a aceitação das desgraças humanas, suportando o sofrimento em silêncio e se limitando a orar, também calado, a Deus. E, embora, segundo ele, os sofredores sejam aconselhados a se conformar com os infortúnios, ele também prega que a pessoa tenha que viver em servidão - o "espiritismo" brasileiro não consegue ver diferença entre "serviço" e "servidão" - para se progredir, o que sinaliza que o "médium" apoiasse pautas retrógradas do direitismo político: precarização do trabalho, terceirização de atividades-fim, aumento da carga horária, fim dos encargos trabalhistas.

Lembremos que o direitismo de Chico Xavier o acompanhou por toda a vida. Ele apoiou Fernando Collor em 1989 e, no final da vida, sinalizava apoio ao PSDB, embora provavelmente não visse em José Serra a pessoa certa para governar o país. Ele preferia Aécio Neves, que já o havia visitado, e pelo fato dele ser mineiro e personificar as perspectivas políticas do "médium", que no entanto teria se magoado com as recentes fanfarronices do tucano mineiro, se Chico hoje vivesse.

Chico Xavier teria apoiado Jair Bolsonaro, embora reprovasse os excessos cometidos por seus seguidores. Chico apenas recomendaria que os brasileiros não entrassem em conflitos, evitando, conforme sua visão, "exaltações dos dois lados". Mas Chico veria em Jair Bolsonaro a "pessoa exata" para impor o que ele define de "sacrifícios necessários" para a "depuração menal da população". Não nos esqueçamos que a educação social de Chico sempre foi ultraconservadora por conta de suas raízes familiares e de todo um contexto social associado. Paciência, Pedro Leopoldo não é Havana nem Caracas e, na última eleição, manifestou, ao lado de Uberaba, uma surpreendente preferência por Bolsonaro para a Presidência da República.

Vamos comparar a declaração de Chico Xavier contra as esquerdas no Pinga Fogo, em 1971, com uma declaração que o filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro - eleito deputado federal em São Paulo, mas pronto para uma parceria com o irmão e senador eleito, Flávio Bolsonaro, representante do Rio de Janeiro - , deu sobre o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que estava em plena atividade atuando no que Chico Xavier definiu como "construção do reino de amor".

Brilhante Ustra, falecido há poucos anos, era tão sádico que convidava crianças para assistir a cenas de tortura - cujos métodos eram extremamente cruéis - feitos não só por seus subordinados, mas também com a participação dele mesmo nas agressões e nas provocações irônicas e violentas a suas vítimas. Para o "espiritismo" brasileiro, embora seja uma atitude infeliz e impiedosa, ela é justificada pela "lei de causa e efeito", alegando que, em próxima encarnação, Deus "resolverá" os abusos cometidos pelo "livre arbítrio" dos algozes.

Vejamos, então, o que Chico Xavier disse no Pinga Fogo, para um grande público e com total consciência de seus atos:

"Temos que convir (...) que os militares, em 3l de março de 1964, só deram o golpe para tomar o Poder Federal, atendendo a um apelo veemente, dramático, das famílias católicas brasileiras, tendo à frente os cardeais e os bispos. E, na verdade, com justa razão, ou melhor, com grande dose de patriotismo, porque o governo do Presidente João Goulart, de tendência francamente esquerdista, deixou instalar-se aqui no Brasil um verdadeiro caos, não só nos campos, onde as ligas camponesas (os “Sem Terra” de hoje), desrespeitando o direito sagrado da propriedade, invadiam e tomavam à força as fazendas do interior. Da mesma forma os “sem teto”, apoderavam-se das casas e edifícios desocupados, como, infelizmente, ainda se faz  hoje em dia, e ali ficavam, por tempo indeterminado. Faziam isto dirigidos e orientados pelos comunistas, que, tomando como exemplo a União Soviética e o Regime Cubano de Fidel Castro, queriam também criar aqui em nossa pátria a República do Proletariado, formada pelos trabalhadores dos campos e das cidades. Diga-se, a bem da justiça, que os militares só recorreram à violência, ao AI-5, em represália aos atos de violência dos opositores do regime democrático capitalista, que viviam provocando atos de vandalismo, seqüestros de embaixadores e mortes de inocentes".

E o que Eduardo Bolsonaro escreveu (em linguagem da Internet, aqui adaptada em linguagem escrita formal), a respeito de Ustra:

"Ustra não foi torturador, ele apenas cumpriu sua missão patriótica contra os mesmos esquerdopatas hoje combatidos por todos que querem um Brasil honesto como é o caso de Janaína (Paschoal), (Sérgio) Moro, (Jair) Bolsonaro e tantos outros. Patriotas sempre serão demonizados pela esquerda".

Notem as semelhanças. Chico Xavier disse que o golpe militar foi um "apelo veemente e dramático das famílias católicas brasileiras" contra o "caos" que ele atribuiu a um governo "de tendência esquerdista". Disse também que, "a bem da justiça", os militares só "recorreram à violência, ao AI-5, em represália aos atos de violência dos opositores do regime democrático capitalista", provocando o que o imaginário de direita define como "atos terroristas".

Compare Chico Xavier dizendo que "a ditadura só foi violenta para reagir aos atos de violência de seus opositores", com o filho de Jair Bolsonaro dizendo que "o coronel Brilhante Ustra não foi torturador" e que "apenas cumpriu sua missão patriótica contra os esquerdopatas". As esquerdas brasileiras que sonham tanto em "esquerdizar" Chico Xavier não conseguem convencer com malabarismos retóricos nem com o silêncio um tanto equivocado daquele que "não quer discutir, mas não abre mão de suas convicções pessoais", como se liberdade de opinião pudesse permitir que a fantasia crie sua zona de conforto em detrimento da realidade.

Lembremos também que o juiz Sérgio Moro, uma das personalidades exaltadas por Eduardo Bolsonaro na referida mensagem, foi também exaltado pelo "espiritismo" brasileiro como um "enviado dos benfeitores espirituais", tendo sido apoiado por ninguém menos que Divaldo Franco, comprovadamente discípulo de Chico Xavier, e que havia também homenageado Sri Prem Baba (farsante esotérico ligado a Aécio Neves) e João Dória Jr. (ex-prefeito de São Paulo que integra setores do PSDB que decidiram apoiar Jair Bolsonaro). Divaldo definiu Moro como "enviado do plano superior divino".

Isso mostra o quanto Chico Xavier sempre foi um sujeito ultraconservador, um detalhe explícito, escancarado, óbvio e difícil de desmentir. Mesmo nas suas mensagens mais dóceis ele pregava o sofrimento em silêncio, sendo o "padre" dos sonhos de qualquer torturador da ditadura militar. Esse dado não vai aparecer em peças adocicadas como Um Cisco, no qual Chico Xavier é interpretado por um desavisado petista, porque ela segue a mesma abordagem adocicada e fantasiosa do "médium" que deturpou o Espiritismo e causou sérias confusões com sua literatura de valor mediúnico bastante duvidoso. A realidade é dura, Chico Xavier apoiou a ditadura.

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