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Humberto de Campos Filho demonstra ter sentido fascinação obsessiva por Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar)

As paixões religiosas são um terreno muito perigoso, pior do que as paixões do sexo obsessivo, do dinheiro e das drogas. Dizemos isso não por negar os malefícios que essas outras paixões trazem às pessoas, mas é porque as paixões religiosas são um mal que ainda não está devidamente identificado. E mais perigosa é a armadilha à qual ninguém se dá conta e nem como armadilha ela é considerada.

O arrivista Francisco Cândido Xavier assediou o filho homônimo de Humberto de Campos, que na foto que ilustra esta postagem aparece ao lado de Hebe Camargo. Se aproveitando de que Humberto de Campos Filho estava se interessando pelo "espiritismo" brasileiro, Chico Xavier o atraiu para uma reunião religiosa, em 1957, e exibições de Assistencialismo, incluindo uma caravana na cidade de Uberaba, onde fica o Grupo "Espírita" da Prece, onde atuou o "médium".

O texto abaixo merece leitura cuidadosa. De forma enganosa, o depoimento de Humberto de Campos Filho relata uma "impressionante conversa" com Chico Xavier, o que dá a falsa impressão de que o filho do autor maranhense e, na época, profissional de televisão, estava "conhecendo a figura humana por trás do médium" e, assim, exercer o perdão e a confraternização. Em seguida, Chico faz um falsete, a pretexto de suposta psicofonia, na qual Humberto Filho pensou ser o pai dele. Humberto ainda descreve um "cheiro de éter" que se converte em "perfume de flores", que outras fontes revelaram terem sido truques armados por funcionários da instituição.

Humberto Filho foi enganado. Na idolatria religiosa, tem-se um truque bastante habilidoso. O mito religioso, que se mostra numa performance religiosa, seja uma cerimônia, uma reunião e até mesmo uma entrevista coletiva, etc, mostra-se claramente como um mito. Mas, no final de cada evento, as pessoas que vão conhecer a intimidade do mito religioso têm a falsa impressão de que estão conhecendo a "figura humana", a "verdadeira pessoa", à qual atribuem suposta luminosidade espiritual.

Isso ocorreu também com Madre Teresa de Calcutá. É uma espécie de metalinguística religiosa. O mito se traveste de outro mito, na ocasião do contato pessoal de gente curiosa, que imagina que está conhecendo a "verdadeira pessoa", num "contato mais íntimo e humanista". Mas é nesses momentos que o mito mais mítico se expressa, enquanto a verdadeira pessoa, que não apresenta sequer 1% da suposta luminosidade, continua oculta na verdadeira intimidade, vetada até aos mais fervorosos seguidores.

Abaixo, temos o depoimento de Humberto Filho para o prefácio do livro Luz Bendita, de 1977, coletânea de supostas psicografias de Xavier. O prefácio foi feito por Rubens Filho Germinhasi e deve ser lido com cautela, para que o leitor não caia nas tentações das paixões religiosas e ser dominado pela fascinação obsessiva em torno do "médium", pois Chico Xavier foi o maior artífice da técnica traiçoeira do "bombardeio de amor", que corresponde ao antigo "canto de sereia" da Odisseia de Homero:

Humberto de Campos Filho (Entrevista) - Jornalista, Escritor e Poeta eminente.

Por Rubens Sílvio Germinhasi - Prefácio do livro de Francisco Cândido Xavier - Luz Bendita - atribuído a vários autores, 1977

- E suas relações com Chico Xavier, atualmente, Humberto? - pergunta o redator.
- São e sempre foram ótimas.

Você acredita que as mensagens de Chico, são mesmo obra do espírito de seu pai?

- Você é a milionésima pessoa que me faz essa pergunta, ou melhor, essas perguntas. Vou tentar responder ambas, agora, contando uma passagem de minha vida:

Por volta de 1957, vindo com uma caravana de espíritas até Uberaba, como tanta gente que busca, incansavelmente, uma resposta às suas perguntas angustiosas sobre o fenômeno da morte, do destino e da dor, fui conhecer de perto o Chico Xavier. 

Passados tantos anos, quase duas décadas, ia encontrar-me com aquele que tinha sido alvo de uma ação movida pela minha família. Foi um encontro realmente comovente, pois, desta vez, ambos estávamos do mesmo lado da trincheira.

Participei da feitura da sopa dos pobres, descascando cenouras sob um telheiro, numa atmosfera que lembrava as cenas simples dos primeiros dias do verdadeiro cristianismo. 

Caminhei ao lado do Chico ao longo da romaria que era realizada no sábado à tarde, levando um saco com mantimentos, que seriam distribuídos aos pobres, visitados no trajeto. 

Presenciei no interior de uma palhoça o tocante momento em que um doente grave era visitado pelo espírito de Memei, que se anunciava por um pronunciado cheiro de éter que, depois, era substituído pelo aroma de flores silvestres. 

E, por final, já na noite anterior ao nosso regresso, a conversa realmente impressionante que tive com ele.

De início, envolvido por aquela atmosfera de paz e bondade que sua presença transmite, conversamos sobre o passado e sobre as coisas que julgávamos importantes, em relação ao momento em que vivíamos. De repente, sem as bufadas ou contorções tão comuns para quem frequenta reuniões desse tipo, notei que o Chico deixava de ser o Chico para ser, talvez, alguém que identifiquei como meu pai. Pelas coisas que dizia e pela forma que as dizia. 

E o que ouvi naquela noite, guardei para o resto de minha vida. Foram coisas que agora me fazem pensar se não estamos bem próximos ou já chegamos aos instantes de decisão, vaticinados por aquela voz. 

"O mundo é uma fogueira que se consome nos mais baixos impulsos da vaidade e da ambição do homem. Nesse mundo que está sendo transformado, fisicamente, sem nenhuma consciência e sem nenhum escrúpulo, numa rapidez surpreendente, o próprio homem, vivendo nesse contexto e agindo de acordo com as regras vigentes, para não ser aniquilado, já começa a desconfiar de que alguma coisa está profundamente errada."

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