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EXCLUSIVO: Chico Xavier plagiou texto apócrifo atribuído a Platão


(Autor: Professor Caviar)

Com exclusividade, lançamos aqui um texto de Francisco Cândido Xavier, creditado a Irmão X - que o "meio espírita" acredita ser o "espírito de Humberto de Campos" - , que plagiou um texto apócrifo atribuído a Platão, um dos intelectuais da Grécia Antiga que narraram fatos da vida do filósofo Sócrates.

Intitulado "Os três crivos", o pequeno texto foi lançado no livro que tem o título oportunista de Aulas da Vida e é uma suposta coletânea dos chamados "mensageiros espirituais" de Chico Xavier. Mas o texto é, na verdade, um plágio escancarado de "As três peneiras", por sua vez atribuído a Platão ou mesmo a Sócrates, embora este seja narrado pela terceira pessoa e nunca deixou escritos para a humanidade.

O texto original, na verdade, teria sido trazido ao público em 1914, através do livro A Course in Citizenship, de Ella Lyman Cabot e depois pela publicação The Children's Story Garden, de 1920, publicado pelo Committee of the Philadelphia Yearly Meeting of Friends, organizado por Anna Petit Broomell e outras autoras.

Não conseguimos encontrar uma informação sobre a tradução que inspirou a "psicografia", mas entendemos ser provável que The Children's Story Garden tenha tido uma tradução brasileira, poucos anos depois, possivelmente intitulada O Jardim da História das Crianças. O título possivelmente deve ter sido publicado poucos anos depois do ano original, ou talvez na década posterior. O livro simplesmente não foi creditado nas páginas na Internet, mas deve ter inspirado o texto que circula nas redes sob o crédito de Sócrates (?!).

A respeito da "psicografia", alguns pontos graves sobre Chico Xavier:

1) Aulas da Vida foi publicado em 1981, tendo o "médium" 71 anos de idade, o que entendemos ser muito idoso para cometer tais traquinagens, o que não é impossível de acontecer, mas, para muitos soa "menos provável", com base na ideia que acreditam de que Chico "até que aprontou muito no passado, mas depois aprendeu";

2) O conto plagiado parece ser uma "dívida" de Chico Xavier ao entrevistador do Pinga Fogo da TV Tupi, João de Scantimburgo, que havia perguntado por que o "médium" não psicografou os grandes filósofos. Pouco depois, Emmanuel havia dito que a missão de Chico Xavier é "no Evangelho", e fatos filosóficos apenas eram tendenciosamente mencionados na menção terceirizada da literatura chiquista;

3) O plágio, que veremos na comparação textual a seguir, é bem mais escancarado e grosseiro do que os plágios que Chico Xavier fez na juventude, quando ao menos reescrevia os textos, mudando sutilmente as palavras e as frases.

A descoberta desse plágio comprova que Chico Xavier não passou a ser um "iluminado correto" como a propaganda que divinizou sua pessoa desde meados dos anos 1970 - através da parceria entre a Rede Globo e a ditadura militar, para criar um arremedo de "ativista humanitário" para anestesiar a população furiosa com a crise na época - tentou e ainda tenta insistir.

Muito pelo contrário, encontramos provas da canalhice de Chico Xavier através da blindagem que ele deu ao latifundiário goiano João de Deus, acusado de vários crimes, do charlatanismo ao porte de armas. Essa blindagem ocorreu em 1993, quando Chico estava com 82 anos, em tese muito maduro para dar proteção a farsantes. Chico Xavier presenteou João de Deus dando-lhe uma "instituição espírita" (a "Casa Dom Inácio de Loyola", em Abadiânia, cidade cujo nome remete à santa de devoção de Chico, Nossa Senhora da Abadia,  e fica a meia-hora de Uberaba) para abafar as acusações de que João de Deus cometeu o crime de charlatanismo e exercício ilegal da Medicina.

Chico Xavier também permaneceu reacionário e deturpador da causa espírita. A promessa, nos anos 1970, de que o "médium" iria "aprender e transmitir melhor os ensinamentos espíritas originais", nunca se cumpriu e o igrejismo medieval roustanguista de Xavier se intensificou ainda mais, com apetite mil vezes ampliado. Nunca Chico Xavier foi tão católico e anti-Kardec como nas suas últimas décadas de vida.

Já o reacionarismo, que fez Chico Xavier esculhambar os movimentos proletários num programa de grande audiência, que o fez exaltar a ditadura militar sem o menor escrúpulo, comparecendo até a homenagens na Escola Superior de Guerra (notem o nome: Guerra!) num vergonhoso apreço aos opressores - contrário aos verdadeiros humanistas, que preferem a morte do que a colaborar com a tirania - , essa postura do "médium" nem de longe foi superada.

Afinal, Chico Xavier nunca se manifestou realmente pela redemocratização do país - ele acreditava que Deus devolveria, mesmo tardiamente, a democracia aos brasileiros - , apoiou a campanha presidencial de Fernando Collor e, no final da vida, manifestava simpatia pelo PSDB, apenas lamentando que José Serra, e não Aécio Neves (que Chico Xavier conheceu e se encantou nos seus últimos anos). Tudo isso mostra que, se Chico Xavier apoiou a ditadura já velho, aos 61 anos de idade em 1971, alguém imaginaria que ele, com sua formação ultraconservadora, que acredita que a velhice é uma fase de consolidação de valores, iria virar a casaca depois dos 75 anos e se transformar num marxista-leninista-guevarista dos mais libertários? Chico Xavier tinha pavor do Lula!!!!

Esses são aspectos bastante negativos que emergem na "velhice serena do bondoso homem", que com 71 anos cometeu um plágio vergonhoso, conforme a informação que aqui mostramos. Uma traquinagem bem mais atrevida do que na juventude, brincando com as emoções das pessoas e se valendo da desinformação generalizada que, até hoje, legitima a literatura fake de Chico Xavier. Vamos aos textos:


OS TRÊS CRIVOS

De Francisco Cândido Xavier - atribuído a Irmão X (suposto Humberto de Campos)
Livro Aulas da Vida - 1981 - atribuído a diversos autores espirituais

... Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos: 
- Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te em particular...
- Espera!... ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
- Três crivos? – perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade.
Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que pretendes comunicar?
- Bem ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso... Mas ouvi dizer e ... então...
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que queres me contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não... Muito pelo contrário...
- Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... – aduziu o visitante ainda agitado. – Útil não é...
- Bem – rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é Verdadeiro, nem Bom e nem Útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...

Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência...

AS TRÊS PENEIRAS

Texto apócrifo - Provavelmente traduzido de A Children's Story Garden, do Committee of the Philadelphia Yearly Meeting of Friends, lançado originalmente em 1920 e possivelmente extraído de uma suposta tradução brasileira, ainda não revelada na Internet.

Augustus procurou Sócrates e disse-lhe:
- Sócrates, preciso contar-lhe sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de... 
Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:
- Espere um pouco, Augustus. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
- Peneiras? Que peneiras? 
- Sim. A primeira, Augustus, é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro?
- Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram! 
- Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? 
- Não, Sócrates! Absolutamente, não! 
- Então suas palavras vazaram também a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa? 
- Não, Sócrates... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar. 
E Sócrates conclui:
- Se passar pelas peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser a estação de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras, porque:

Pessoas sábias falam sobre ideias.
Pessoas comuns falam sobre coisas.
Pessoas medíocres falam sobre pessoas.

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