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Redutos das notícias falsas e do cyberbullying, as redes sociais evocam "espiritismo" igrejista

(Autor: Professor Caviar)

Quer entrar nas redes sociais para entender o que é a Doutrina Espírita, melhor passar longe do endereço da página "Espiritismo no Brasil", comunidade supostamente dedicada à doutrina no Facebook.

O conteúdo da mensagem se limita a publicar memes (arquivos de imagens que trazem mensagens diversas) que mostram o profundo igrejismo do "espiritismo" brasileiro, com mensagens "emocionais" e "positivas" que podem agradar os menos avisados, mas soam enjoativas para quem é mais informado e esclarecido das coisas.

Afinal, a comunidade é a consagração da "fase dúbia" do "movimento espírita", um grande engodo no qual misturam mensageiros coerentes como Allan Kardec e Jesus de Nazaré com deturpadores de carreira como Francisco Cândido Xavier e outros. O conteúdo igrejeiro é tão explícito e gosmento que há espaço até para Madre Teresa de Calcutá, a católica adotada pelos "espíritas".

A comunidade em nada contribui para a compreensão verdadeira do Espiritismo e, na prática, só serve para louvar os "médiuns espíritas", pessoas supostamente associadas à humildade e à caridade, mas dotadas de muito culto à personalidade e praticantes de mero Assistencialismo (aquela filantropia que ajuda pouco os necessitados, mas dá uma publicidade danada nos "benfeitores").

Ela se insere num contexto em que as redes sociais viram um reduto de notícias falsas, juízos de valor severos e práticas de cyberbullying. E quem imagina que o "espiritismo" apareceu como suposta antítese e "remédio" para esse universo de posturas e atitudes tão doentias, se engana: tanto os reacionários das redes sociais quanto os "espíritas" têm um ponto em comum: a PÓS-VERDADE.

A pós-verdade é um fenômeno no qual as convicções pessoais de gente com significativo status social exercem supremacia sobre a realidade, impondo abordagens sem coerência nem consistência, mas construídas à semelhança da realidade concreta. É como se a opinião de uma parcela influente da sociedade valesse mais do que os fatos reais, fazendo com que até mesmo visões fantasiosas de certos fenômenos se tornem "oficialmente realistas".

PÓS-VERDADE ASTRAL

O "espiritismo" investe na pós-verdade para proteger seu igrejismo e as práticas irregulares dos "médiuns". Trata-se de uma "pós-verdade astral", na qual a rejeição à lógica e ao bom senso, mesmo diante da evidência dos fatos, é feita usando-se, como desculpa, falácias como "existem coisas que escapam à razão humana".

Desta forma, se legitimam obras fake atribuídas a autores como Humberto de Campos, Augusto dos Anjos e outros, mesmo sem refletir os estilos originais que os consagraram. Criam-se desculpas das mais mirabolantes e até risíveis para atribuir como "autênticas" obras supostamente mediúnicas que, lidas com muita atenção, soam como paródias grotescas das que seus autores deixaram quando eram vivos.

Aliás, é até gentileza demais dizer que a suposta obra espiritual de Humberto de Campos parodia o autor maranhense. A disparidade de estilo é tanta que o pastiche feito pela ação oportunista de Chico Xavier, Antônio Wantuil de Freitas e a equipe da revista Reformador - os verdadeiros autores dos pastiches "mediúnicos" - sobre Humberto lembra mais o texto de um evangelista, fazendo com que as marcas "Humberto de Campos / Irmão X" dos livros de Chico Xavier mais parecessem plágios de antigos textos do Novo Testamento do que de qualquer vírgula do escritor maranhense.

Sabe-se que o próprio "médium" Chico Xavier é o pioneiro dos fakes e é assustador que ele tenha alcançado um poder que o faz um Aécio Neves da religião. Hoje, postumamente, o "médium" é cercado de tanta blindagem, seja da mídia, da Justiça, das redes sociais e tudo, que dá pena, quando há um ato de vandalismo contra seu mausoléu, ainda falam em "intolerância religiosa". Intolerância à religião mais tolerada do Brasil, tolerada até nos seus erros? Ora, aquilo foi intolerância comum, até se fosse o mausoléu do palhaço Bozo o vandalismo teria sido exatamente o mesmo.

Ainda assim, os "espíritas" fazem o que querem. Desfiguraram o legado kardeciano e ainda têm a cara-de-pau de se dizerem "rigorosamente fiéis a ele". Usam de apelos diversos, como o perigoso "bombardeio de amor" (espécie de assédio moral marcado pela falsa hospitalidade e pretensa afetividade) e o Assistencialismo, além do vitimismo quando os "espíritas" são contrariados, já que eles investem na pose de vítimas e ainda falam bobagens como "somos perseguidos pelos inimigos do trabalho do bem", numa choradeira que só convence os mais incautos.

Mas isso tem a ver com um Brasil desinformado, que vê a realidade distorcida porque ela é transmitida por pessoas e instituições tidas como "importantes" e, portanto, vistas como "acima de qualquer suspeita". E é esse Brasil desinformado, não raro reacionário, preconceituoso, imprudente e vil, que está nas redes sociais que tanto servem de arena para as fake news quanto para o altar digital para os deturpadores do Espiritismo no Brasil.

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