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A religião mais tolerada no Brasil

(Autor: Kardec McGuiver)

O "Espiritismo" brasileiro é uma religião em franca decadência. Cheia de dogmas contraditórios, explicitamente rompida com a racionalidade e totalmente incapaz de explicar a realidade cotidiana deste início de século, ela perde seguidores, fecha templos (conhecidos como "centros") e suas lideranças estão todas desmoralizadas, além da carência de uma nova liderança.

Mas isso tudo acontece nos bastidores, longe dos olhos do grande público. Para a opinião pública, o "Espiritismo" brasileiro (que para leigos não parece rompida com o Espiritismo original francês) é considerada a religião mais honesta do país, além de ser praticamente sinônimo de instituição de caridade, pois faz parte de seu dogmatismo uma caridade praticada com constância e insistência. Algo que os resultados pífios desta caridade desmentem com tranquilidade.

Esta crença que torna o "Espiritismo" algo que não merecesse crítica ou reprovação se dá não somente pela imensa discrição de todo o seu aparato (uma seita sem ouro, sem pompa e sem ternos caros) mas também da muito bem planejada blindagem feita não somente pela grande mídia mas também pela mídia alternativa. 

Os escândalos que acontecem sem cessar no "Espiritismo" brasileiro nascem e morrem nos bastidores, sem que a opinião pública fique sabendo. Isso não acontece nas outras religiões, cujos escândalos são facilmente vazados para a mídia e absorvidos pela opinião púbica. 

As lideranças "espíritas", mesmo desmoralizadas, ainda continuam atraindo a confiança da opinião pública e muitos dos escândalos em que se envolvem são rapidamente transformados em boatos ou em teorias conspiratórias. 

Este fato já havia acontecido com os escândalos envolvendo Madre Tersa de Calcutá, denunciados pelo jornalista britânico Chistopher Hitchens, mas abafados por uma mídia interessada em transformar a madre-charlatã em "paradigma de bondade". A blindagem por ela adquirida deve ter inspirado a blindagem em torno dos "espíritas" brasileiros.

CARONA NA INTOLERÂNCIA CONTRA RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS 

Mas para temperar ainda mais o respeito que o "Espiritismo" tem perante a opinião pública que não conhece as irregularidades da Igreja dos Espíritos, os "espíritas" resolveram aderir a uma antiga confusão que no passado era prejudicial à eles e que no contexto atual se tornou benéfica. 

A onda de preconceitos sofridos pelas religiões de origem africana no Brasil, resultantes de outra onda: a do fascismo neoconservador de origem evangélica, tem feito com que terreiros fossem destruídos e lideranças sofressem preconceitos e violência. Os motivos se situam no racismo e  na crença de que estas religiões cultuam o demônio, considerado como "ente do mal" pelos evangélicos.

No começo do século XX, quando o "Espiritismo" (surpreendentemente já deturpado) se estabilizava no Brasil, as religiões de origem africana pegaram emprestado o rótulo para poder driblar as possíveis punições, pois agiam na clandestinidade por causa do racismo dos legisladores da época. A confusão acabou atingindo o "Espiritismo" de preconceito, obrigando a se auto-rotular "de mesa branca" para não sofrer o mesmo tipo de preconceito.

"ESPIRITISMO": DECADENTE, MAS BLINDADO PELA OPINIÃO PÚBLICA

Mas hoje, com a reputação fortemente melhorada, graças ao modismo da "Nova Era" que impulsionou o "Espiritismo" brasileiro nos anos 90, "espíritas" estão bem longe de serem vítimas de intolerância. Sua blindagem nos meios de comunicação garante a imunidade de espíritas diante de qualquer tipo de preconceito, além de comprovar que os supostos casos de intolerância não passam de atos motivados por outras causas alheias ao alegado preconceito-anti-religioso. 

Bom lembrar que em quase sua totalidade, os fiéis "espíritas" são graduados profissionalmente e gozam de notável conforto econômico, fazendo do "Espiritismo" uma igreja de elite. Só isso impede qualquer tipo de preconceito, pois nossa sociedade não costuma inferiorizar quem tem uma reputação positiva  solidificada. Mesmo que esta reputação não corresponda à realidade.

Mas como o "Espiritismo" está em decadência, com a grande perda de seguidores que não aceitam as suas contradições (estranhamente nunca resolvidas - é ético dos "espíritas" não assumir erros, pois assumir erros seria assumir derrotas), e sem o modismo da "Nova Era", hoje desmascarado como farsa, é preciso outro motivo para impulsionar a igreja dos espíritos para retomar a popularidade.

Embarcar nos episódios de intolerância a religiões afro-brasileiras, retomando uma antiga confusão, pereceu uma boa ideia aos "espíritas", que podem inventar que são também alvos de preconceito e se beneficiar do coitadismo, que atrairia seguidores por pura piedade, que estariam solidários contra um suposto preconceito sofrido pelos "espíritas de mesa branca", confundidos com os afros.

Mas tudo não passa de mais uma farsa a tentar impedir a extinção do "Espiritismo", uma seita que não diz mais a que veio e que se resumiu num amontoado de regras morais temperadas com a crença em reencarnação. 

Perdendo seguidores e sem uma nova liderança, a religião "espírita" se desespera em tentar se salvar, preferindo apelar do que rever seus dogmas e retomar o Espiritismo original, hoje caído no esquecimento, com Allan Kardec reduzido a mero objeto de bajulação.

Mas enquanto houver a blindagem da mídia oficial, da mídia alternativa e da opinião pública, a igreja dos espíritos segue tranquila até que um dia perca todos os seguidores e feche todos os seus centros. Algo que sinceramente, não promete demorar muito para acontecer.

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