(Autor: Professor Caviar)
O Brasil está velho e mofado. Paradigmas antiquados e modos confusos de compreensão das coisas persistem, mesmo quando, em países mais desenvolvidos, eles se encontram superados e largamente questionados por especialistas sérios.
Aqui impera ainda a velha idolatria à hierarquia social, onde juízes, tecnocratas, celebridades (ou subcelebridades) e outros privilegiados da fortuna e do prestígio social, técnico ou profissional são respeitados e respaldados pela sociedade, mesmo quando esses detentores de privilégios cometem erros graves que geram escândalos preocupantes, mas que são facilmente abafados.
O Brasil tinha que ser o único país em que a função de médium, que se tornou conhecida nos tempos de Allan Kardec, se transformou numa aberração monstruosa, envolta numa mistura de sensacionalismo com pieguice, garantida pelo deslumbramento religioso.
O "médium" brasileiro tornou-se uma atividade ao mesmo tempo duvidosa e muitíssimo estranha. Primeiro, porque a quantidade de supostos médiuns é muito grande para uma atividade considerada muito distinta. Segundo, porque o "médium" não possui a função intermediária, sendo chamado de "anti-médium" pelo fato de que ele não quer ser o intermediário, mas o centro das atenções.
Isso mostra um dos maiores problemas dos "médiuns" brasileiros: o "culto à personalidade". E isso não ocorre apenas em "centros espíritas" de quinta categoria, mas partiu até mesmo do "elevado" exemplo de Francisco Cândido Xavier, na verdade um arrivista que começou fazendo pastiches literários e plágios e, de blindagem em blindagem, passou a ser considerado um semi-deus pelos seus fanáticos seguidores.
Uma revista tenta salvar a reputação dos "médiuns", a Grandes Mediuns, edição única e especial da Editora Escala. Os "médiuns", ultimamente, andam sendo criticados duramente porque são identificadas constantemente irregularidades em suas atividades. Seja a psicografia, psicofonia, pictopsicografia e as cirurgias mediúnicas, notam-se irregularidades até em nomes considerados oficialmente como de "mais alto conceito", como o próprio Chico Xavier e também Divaldo Franco, José Medrado e João Teixeira de Faria, o João de Deus.
João de Deus, que atua em Abadiânia, Goiás, é acusado de enriquecimento ilícito e é um grande proprietário de terras. Recentemente, foi favorecido por um lobby de "espíritas" da Rede Globo para tentar converter, através de uma "visita de agradecimento", uma atriz ateia que havia se livrado de uma tragédia que vitimou fatalmente um colega de novela.
Há muitas denúncias, bastante consistentes, de falhas nos produtos "mediúnicos" dessas figuras "tarimbadas". De quadros que não refletem os estilos dos pintores mortos - não bastasse a "facilidade" com que se "reúnem" espíritos de pintores de diferentes procedências, algo logicamente muito improvável de se realizar - , até psicografias que revelam diferenças gritantes em relação a aspectos pessoais dos autores mortos alegados, a atividade mediúnica mais parece uma forma de levar vantagem fácil na vida do que realmente servir-se ao contato entre vivos e mortos.
O "espiritismo" brasileiro tornou-se uma religião marcada pela desonestidade doutrinária, e, como se não bastassem os contrastes chocantes em relação aos ensinamentos originais de Allan Kardec, as atividades "mediúnicas" apresentam fortes indícios de fraudes, com provas fáceis de serem obtidas. O caso Humberto de Campos se revelou, mais de sete décadas após o famoso julgamento, uma grande fraude. Os "ancestrais" de Sérgio Moro não entenderam a farsa de Chico Xavier.
E aí temos a blindagem da grande mídia, e a revista Grandes Médiuns tornou-se o mais novo produto. Mas é um mercado sem confiabilidade, pois essas revistas, em muitos casos, apresentam informações pedantes e apelam pelo sensacionalismo. Pretendem ser didáticas, mas pecam pelo tendenciosismo das informações e pelo apego aos dados oficiais, nem sempre fidedignos. É, portanto, mais um produto feito para tentar salvar o "espiritismo" brasileiro, que cada vez mais mostra irregularidades graves e difíceis de serem desmentidas.
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