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Alexandre Caroli Rocha "escorregou": Cartas de Jair Presente NÃO são verídicas

(Autor: Professor Caviar)

Disse Alexandre Caroli Rocha, acadêmico da USP ligado ao "movimento espírita", no artigo publicado na revista Ipotesi, de Juiz de Fora, de julho-dezembro de 2012, intitulado "Complicações de uma estranha autoria (O que se comentou sobre textos que Chico Xavier atribuiu a Humberto de Campos)":

"Vimos que não é pertinente a pressuposição de que, por meio apenas de fatores textuais, seja possível autenticar ou refutar a alegação do médium. Mostramos que os textos colocam à tona a discussão a respeito do post-mortem, tema que, nos ambientes acadêmicos, costuma ser relegado a domínios metafísicos ou religiosos. Concluímos, pois, que os veredictos taxativos para a identificação do autor são possíveis somente com a assunção de uma determinada teoria sobre o postmortem ou sobre o fenômeno mediúnico. Quando, no debate autoral, ignora-se a relação entre teoria e texto, percebemos que a apreensão deste é bastante escorregadia, mesmo entre leitores especialistas".

"Escorregadia" é a definição que Caroli Rocha dá àqueles que contestam a "psicografia" atribuída a Humberto de Campos e trazida por Francisco Cândido Xavier, pela simples análise textual. Consideramos, todavia, que "escorregadio" é o próprio Caroli, que parece adotar a "Síndrome da Projeção", fenômeno da Psicologia na qual uma pessoa transfere para os outros os defeitos que ela mesma tem.

Primeiro, porque "escorregadio" é deixar o caso Humberto de Campos em aberto, supostamente esperando uma teoria sobre o além-túmulo ou sobre a atividade mediúnica. Só que esses estudos nunca vêm porque o "espiritismo" brasileiro se satisfaz com o faz-de-conta "mediúnico" que é livremente feito, de maneira impune, bastando qualquer um que goze de prestígio religioso se passar por um morto e escrever uma mensagem em nome dele.

Segundo, porque Caroli Rocha não propôs que sejam proibidos de circularem as obras "mediúnicas" que usam os nomes de "Humberto de Campos" e "Irmão X", o que deveria ser feito se a postura de Caroli Rocha tivesse sentido. Isso porque, se, em tese, as "psicografias" dependessem de análise para verificar, sob a natureza da mediunidade e da vida espiritual, a identidade autoral, seria necessário que os livros envolvidos fossem proibidos de serem comercializados e disponibilizados ao público, até que fosse confirmada a identificação do suposto autor.

Terceiro, porque Caroli Rocha, como acadêmico, não deveria ter, como missão, deixar o caso "em aberto". Isso não é atitude de um acadêmico que deveria analisar uma problemática questionando o problema, mesmo quando ele beneficia setores estratégicos da sociedade. Sua missão deveria ser, sim, pôr em dúvida a identidade de Humberto de Campos, em vez de adotar sua postura covarde e hesitante de deixar o caso "em aberto". Se ele prefere deixar tudo "como está", porque seria preciso "análises mais complexas", então por que ele foi fazer uma monografia? Antes não fizesse!

Uma prova de que Caroli Rocha agiu de maneira bastante "escorregadia" foi quando ele e sua colega Denise Paraná fizeram uma tese, em 2011, em parceria entre a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que supostamente analisaria as cartas atribuídas ao engenheiro Jair Presente, e que foi publicado na revista científica holandesa Explore: The Journal of Science & Healing, considerada de baixíssimo impacto científico (apesar de matéria de O Liberal tentar dizer o contrário).

Segundo O Liberal, o resultado da pesquisa foi que as cartas atribuídas a Jair Presente "são verídicas", conforme mostra o trecho da matéria de 01 de fevereiro de 2015, a seguir:

"De acordo com a pesquisa, as cartas psicografadas por Chico Xavier começaram no mesmo ano da morte do rapaz em Americana. As mensagens não apresentam informações genéricas, segundo o orientador. Apresentam dados como nomes de pessoas e situações vividas por Presente, por exemplo. Essa é parte da conclusão tirada pelos pesquisadores Alexandre Caroli Rocha e Denise Paraná, das faculdades de Medicina e Ciências Humanas da USP.

O levantamento realizado no lote de cartas apontou 99 informações objetivas e passíveis de verificação. E todos os dados colhidos eram precisos e verídicos. Nenhuma informação extraída das cartas atribuídas a Jair Presente estava incorreta ou era falsa, segundo familiares e amigos entrevistados pelos pesquisadores. Também foram usados documentos, jornais da época e registros em cartórios. Dessa forma, o estudo entendeu que a possibilidade de Chico Xavier, que morreu em 2002, ter tido acesso a ao menos parte das informações psicografadas é extremamente remota. Até mesmo informações consideradas como privativas pela família constam nas mensagens".

Há problemas a respeito dessa constatação. Um deles é que nem todos os familiares e amigos sabem de tudo sobre um ente querido morto. Uns sabem coisas que outros não sabem, e pode ser que o depoimento de um professor apresente aspectos pouco conhecidos pelos pais do morto.

Outro problema é que as informações "inacessíveis" podem ter sido dadas por familiares e amigos em depoimentos dados na instituição onde trabalhava Chico Xavier, o Grupo "Espírita" da Prece, sem que tenham consciência de que forneceram as informações que vão "rechear" a pretensa psicografia. Há acusações de uso de "leitura fria" que os acadêmicos envolvidos na tese menosprezam ou refutam, mas a verdade é que essas instituições "espíritas", quando divulgam cartas "mediúnicas", criam um clima de transe nos frequentadores que eles não percebem que suas informações e reações psicológicas serviram de fontes para a criação desses embustes "psicográficos". Acham que tudo é coincidência, envolvidos que estão no transe hipnótico que tais reuniões "espíritas" provocam, sobretudo com a sedução de um fundo musical anestesiante.

CAROLI ROCHA DESMENTIU A SI MESMO

Alexandre Caroli Rocha cometeu um grave equívoco quando definiu como "verídicas" as cartas atribuídas a Jair Presente. Ele lançou uma conclusão especulativa como se fosse "verdadeira" e jogou ao vento uma postura que, em verdade, não corresponde ao que realmente se concluiu, ou não se concluiu, conforme a obsessão de Caroli em deixar as coisas "em aberto", para depois dizer que o questionamento dos outros é que é "escorregadio".

Vejamos o que diz o referido trecho da matéria de O Liberal:

"É reiterado, porém, que o estudo não comprova que as cartas tenham realmente sido escritas por alguém morto, mas sustenta que os relatos apresentados nelas são verídicos".

Como assim? Se basearmos no enunciado, supomos que as cartas atribuídas a Jair Presente são "verídicas", e, com isso, se pressupõe que ele teria mesmo escrito tais cartas. Mas depois Caroli, através do seu trabalho com Denise Paraná, diz que não há comprovação de que as cartas tenham realmente sido escritas por alguém morto, o que põe em dúvida a veracidade alegada no início.

Caroli Rocha caiu em uma séria contradição. E isso é gravíssimo. E ele atribui como "veracidade" apenas o repertório complexo de informações pessoais do jovem falecido e o fato das mesmas, em tese, não contradizerem com o que se relacionou ao rapaz em vida.

O fato de haver informações reais e complexas não garante a veracidade de uma mensagem. Ela nunca pode ser considerada verídica só porque apresenta informações reais e exatas. A forma como essas informações foram colhidas pode ser fraudulenta, por mais que 100% das mesmas tenha realmente a ver com a realidade vivida por Jair Presente.

Os relatos apresentados podem ser verídicos, mas isso não traz veracidade para as "cartas". Caroli Rocha errou seriamente em sua tese acadêmica e se colocou em situação ridícula, incômoda. Daí que temos que concluir que as cartas atribuídas a Jair Presente NÃO são verídicas.

Aí, entramos com as análises textuais, que mostram os dados pessoais de cada mensagem. Questionar uma mensagem pela simples análise de texto não é um ato que gere conclusões "escorregadias", porque buscamos a natureza da personalidade de uma pessoa.

Tanto em Humberto de Campos quanto em Jair Presente, alvos de artigos sem fundamento crítico nem lógico de Alexandre Caroli Rocha, há problemas nos aspectos pessoais das supostas psicografias que se expressam abertamente nas linguagens, que nem de longe lembram as personalidades e as formas de escrever originais que os falecidos deixaram em vida.

A desconfiança dos amigos de Jair Presente não deve ser subestimada, porque se trata de uma indignação natural de quem conviveu com o rapaz. Aqui temos uma grande ironia. Quando é para questionar uma suposta psicografia, o depoimento de familiares e amigos não tem valor. Mas quando é para aceitar uma suposta psicografia, ainda que ela apresente irregularidades sérias, vale até mesmo os relatos "mais privativos". Vão entender isso...

As "psicografias" de Chico Xavier que levam o nome de Jair Presente destoam de seus aspectos pessoais na medida em que a primeira mensagem leva o habitual estilo pessoal do "médium" e as posteriores revelam um estranho surto psicótico e um forçado excedente de gírias. Neste segundo caso, o contexto entra em contradição, porque se supõe que Jair Presente pudesse estar em condições mais calmas e serenas com o passar do tempo em que faleceu, mas em vez disso as mensagens mostram um nervosismo terrível, com uma linguagem que lembra mais a de alguém que cheirou umas doses de cocaína.

Pelo que sabemos, um espírito não perde sua individualidade quando morre. Seu talento não fica no túmulo ou nas cinzas cremadas. A simples análise textual pode identificar esses problemas, o que nada tem de "escorregadio". "Escorregadia" é a preguiça analítica de Alexandre Caroli Rocha, que prefere deixar as coisas "em aberto". Contrariando a verdadeira natureza de um pesquisador e um intelectual, Caroli Rocha prefere ficar patinando nas incertezas, para blindar seu ídolo Chico Xavier.

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