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Desista: Chico Xavier NUNCA praticou caridade

(Autor: Professor Caviar)

O título acima faz qualquer um cair da cama, depois de voar, feito Peter Pan e seus amigos, junto a Chico Xavier na Terra do Nunca da encarnação presente, onde nunca conseguimos a prosperidade verdadeira, com tanta desgraça para se conformar e aguentar em silêncio.

Mas isso é verdade. Não é um exagero dizer que Chico Xavier nunca praticou caridade. Digamos a caridade verdadeira, aquela em que o benfeitor não se coloca acima dos necessitados, aquela que está mais preocupada em produzir resultados sociais do que adoração pública, aquela que não se prende no concerto das palavras.

Aí você estranha tudo isso, porque você acredita que Chico Xavier fez caridade sem ter coisa alguma em troca, não se expunha à adoração pública, produzia resultados etc. Mas tudo isso é falácia, até porque se adorou muito Chico Xavier durante mais de 40 anos e o Brasil só está em situação pior. Vivemos bailando demais o concerto das belas palavras, a valsa das mensagens de paz, a sinfonia dos aparatos, da publicidade religiosa, do misticismo, da fé cega, dos estereótipos de amor e bondade etc.

Tudo isso é um mundo de cor e fantasia. Lembra aqueles contos de fadas que viraram longa-metragens pela Disney. Chico Xavier tornou-se a "fada-madrinha" dos brasileiros adultos, e suas pregações baseadas na medieval Teologia do Sofrimento sugeriam que o povo brasileiro se conformasse em se transformar em gatas borralheiras da vida real, onde a desgraça se torna ainda mais cruel e a salvação só vem depois que a pessoa estiver no fundo do poço.

Ah, como os brasileiros são ingênuos. A imagem de "bondade" e "caridade plena" associada a Chico Xavier nunca passou de um discurso mentiroso, uma falácia bem construída por Antônio Wantuil de Freitas, o ganancioso presidente da FEB, para fazer vender livros e render fortunas. Esse discurso foi mais tarde reforçado pela retórica midiática da TV Tupi e da Rede Globo, esta baseada no que o inglês Malcolm Muggeridge fez em relação a Madre Teresa de Calcutá.

Essa "caridade" melodramática, que serve mais para render adoração ao suposto benfeitor, é na verdade um conjunto de paradigmas conservadores. É uma espécie de "divisão social" do moralismo retrógrado a que se prendem os brasileiros, mesmo muitos tidos como "modernos". É uma "caridade" que não realiza rupturas e mantém as elites na zona de conforto de seus privilégios. Uma "filantropia" de baixos resultados sociais, mas que é comemorada com um entusiasmo maior do que os festejos.

Sobre Chico Xavier, sua imagem de "caridoso" se baseia em duas supostas atividades: a filantropia e as "cartas mediúnicas". No primeiro caso, ela não é precisa, e mesmo assim é exaltada de maneira confusa, vaga, em que basta o disse-me-disse para garantir a santificação plena a esse terrível deturpador do Espiritismo, que rebaixou o legado de Allan Kardec a um sub-Catolicismo de moldes medievais.

Na verdade, a tão festejada "filantropia" consistia não nele fazer as suas doações. Ele nada fazia: ele não era o cozinheiro, o costureiro, o motorista sequer da ação filantrópica. Ele era apenas o "mestre de cerimônias", o "apresentador" do espetáculo, mas a "caridade" que faz dele o centro das atenções era na verdade praticada por terceiros. Mal comparando, é como se, baseado nas fábulas infantis, a cigarra se promovesse às custas do trabalho das formigas.

Para entender os holofotes e os fogos de artifício soltos em homenagem à "cigarra" Chico Xavier, prática muito semelhante está sendo feita pela mesma Rede Globo que, há quarenta anos, oferece a imagem do "médium espírita" que o leitor convencional tanto adora. O empresário e apresentador de TV Luciano Huck está trabalhando uma imagem de pretenso filantropo através dos quadros "sociais" do seu programa de entretenimento, Caldeirão do Huck.

É aquela caridade pontual, eventual, e feita por terceiros. O "filantropo", o "centro das atenções", o alvo da adoração pública, nada faz realmente. É a "cigarra" a se ostentar enquanto as formigas dão o duro. Huck está se preparando para a santificação de futuras décadas, e mais uma vez o imaginário popular está à mercê de novas armadilhas.

Huck nos ensina o que foi feito com Chico Xavier, um sujeito que causou revolta - revolta merecida, diga-se de passagem - nos meios literários por causa de um embuste psicográfico chamado Parnaso de Além-Túmulo, uma coleção de obras reconhecidamente fake que soam mais paródias dos estilos dos autores alegados. Nem a revista MAD chegaria longe com tais paródias, se lançasse uma "Antologia MAD de Poetas Brasileiros".

Isso não é calúnia. Prestemos atenção nos autores alegados. Auta de Souza, a jovem e linda poetisa potiguar que só viveu 25 anos, não "retornou" com seu habitual estilo, e "seus poemas espirituais" têm o forte cheiro até do paletó de Chico Xavier. E um "perdido" Olavo Bilac "se esqueceu" de seu estilo peculiar de compor métricas poéticas.

Isso tudo causou confusão, mesmo, e não foram os especialistas literários, gente séria e criteriosa, que causou essa confusão. Imagine um moleque atirando pedras na vidraça de uma universidade. Pois o que Chico Xavier fez se equiparou a isso, lançando obras literárias de valor duvidoso nas quais ele, de maneira tendenciosa, oportunista e leviana, atribuiu a autores mortos para promover sensacionalismo e encher os cofres da FEB, supostamente "em nome da caridade".

O que foi feito depois foi construir um discurso publicitário para abafar esses incidentes. É lamentável, mas também frequente, haver no Brasil gente arrivista, cuja ascensão se dá através de erros graves - que vão desde fraudes ou posturas ideológicas retrógradas até crimes de morte, conforme o tipo de cada pessoa - , dos quais o arrivista não se arrepende, preferindo deixar seu passado sombrio debaixo do tapete enquanto tenta se manter no status quo bancando o "certinho".

Isso foi feito com Chico Xavier, envolvido em textos fake, deturpador do Espiritismo - sua obra vergonhosamente contraria a essência original da Doutrina Espírita francesa, desqualificando o trabalho árduo e oneroso do professor Kardec - e reacionário convicto. Mas como no Brasil as pessoas não conseguem discernir realidade e fantasia, preferindo que a fantasia, na medida em que soa agradável e confortante, exerça seu monopólio sobre a realidade e as verdades que ferem, então Chico Xavier virou "santo" com a maior facilidade.

A "filantropia" que, na verdade, é feita por terceiros, embora a "cigarra" ficasse sempre com os louros, enquanto as "formigas" se consolam com um papel de "simpáticos figurantes", foi um dos triunfos publicitários do deturpador Chico Xavier. Mas também outra "admirável caridade", as "cartas mediúnicas", já foram descritas como um coquetel venenoso que combina produção de psicografias fake, histeria obsessiva em torno dos mortos e sensacionalismo pretensamente paranormal. Nota-se que o único beneficiado por essa "bondade maior" de Xavier foi a imprensa sensacionalista, que, daí, pulou para os Brasil Urgente e Cidade Alerta que hoje temos que aguentar.

Fora isso, Chico Xavier pode até ter sido gentil, simpático e de boa conversa. Só. Mas daí para superestimar essas qualidades, a ponto de mesmo os piores críticos dizerem que ele foi "um símbolo inquestionável de bondade humana", isso não procede.

Ninguém diz, por exemplo, que o encanador que trabalha numa casa, faz uma obra desastrosa que causa vazamento, curto-circuito e incendeia a residência, é "indiscutivelmente bom" só por ser simpático, gentil e de boa conversa. A vida humana está cheia desses tipos. De "tipos indiscutivelmente bons" o inferno está cheio.

Não há como manter adoração a uma figura retrógrada como esta. Só sendo conservador, retrógrado, igrejeiro e defensor da grande mídia reacionária, como a Rede Globo, para adorar Chico Xavier. É inútil alguém dizer que odeia a Rede Globo e adora Chico Xavier, sendo aconselhado a essa pessoa que, se não quer abrir mão da fascinação obsessiva a um "médium", que pelo menos prestasse o mesmo respeito e adoração a Roberto Marinho, que ajudou a formatar a imagem do "médium" que esse alguém tanto adora. Um pouco menos de pretensão não faz mal algum.

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