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"Espiritismo": uma religião sado-masoquista?

(Autor: Professor Caviar)

Depois que vieram textos na Internet falando que o "espiritismo" brasileiro defende a Teologia do Sofrimento, algo que repercutiu até no fórum do Yahoo! Respostas, para não dizer nas próprias redes sociais, os "espíritas" passaram a, mais uma vez, dissimular, dizendo que "nunca defenderam o sofrimento em momento algum de sua trajetória".

Depois de cometerem o papelão de falarem até em "inimigo de si mesmo", em que até uma pseudopsicografia atribuída a Raul Seixas, usando o codinome Zílio, falava nessa infeliz ideia (que o roqueiro baiano nem de longe defenderia), os "espíritas" mudaram o tom do discurso, falando em "manter a esperança", "desejar com muita fé" e "ser o melhor amigo de si mesmo".

Mas isso não consegue esconder tantos valores de moral severa difundidos pelos "espíritas", que se contradizem o tempo todo e praticam roustanguismo sob a alegação de "respeito rigorosíssimo" aos ensinamentos de Allan Kardec. As contradições são tantas e tantas que o melhor que os "pensadores espíritas" deveriam fazer é encerrar suas atividades sob o risco de não prolongarem suas coleções de obras em que ideias se chocam umas com as outras.

Vemos, de forma comprovada, que o próprio Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, propiciou uma série de contradições, da mais extrema gravidade, manifestas em todo o "movimento espírita". Sim, ele mesmo, que criou confusões preocupantes das quais sempre tentava se sair como vítima, fazendo cara de choro e tudo, é a personificação da contradição e um dos maiores inimigos da coerência e do bom senso do Espiritismo original.

Num país marcado pela desinformação e pela mistificação fácil, Chico Xavier só era "coerente" para quem mistura alhos com bugalhos e pensa a realidade como se fosse um misto de contos de fadas com as estórias da Carochinha. Quem vê a realidade assim, de forma atrofiada e ao sabor de fantasias religiosas, evidentemente não verá contradição alguma no "espiritismo" brasileiro.

Isso tem um motivo puramente matemático. Afinal, as pessoas que são tomadas de muitas contradições, certamente, não iriam ver contradição em fenômenos ou doutrinas contraditórias, porque, para quem é contraditório, a coerência está na contradição e não na coerência.

Essas pessoas aprendem o que entendem como Espiritismo como se fosse um enredo de novela da Globo. Um professor do século XIX cria uma doutrina que se comunica com os mortos, fala em vida após a morte e que, no Brasil, ganhou o "tempero especial" da religiosidade popular, com manifestações de milagres, devoções, louvores e coisa e tal. Puro dramalhão novelesco.

Tudo fica simplório, praticamente como um conto de fadas, que nem de longe reflete o caráter científico e o trabalho árduo que o pedagogo francês teve para identificar e difundir os conhecimentos espíritas legítimos.

É vergonhoso que Kardec tenha tido tanto trabalho, pagando com o próprio dinheiro as viagens de pesquisa, aguentando adversidades e tudo o mais, para dar moleza a um bando de deturpadores brasileiros que se julgam "espíritas autênticos" mas fogem dos ensinamentos kardecianos originais como verdadeiros desertores de uma missão.

ENERGIAS PESADAS

Muitas pessoas reclamam das más energias e do mau agouro que o envolvimento com o "espiritismo" trouxe em suas vidas. Mães que se curam de doenças, mas perdem seus filhos mais queridos. Pessoas que ganham empregos e são assaltadas no dia do recebimento de salário. Pessoas que pedem resolução de problemas e, sem resolvê-los, contraem outros mais graves. Outros pedem proteção divina, mas recebem cyberbullying nas redes sociais. E por aí vai.

Há até mesmo pessoas que ganham apartamentos em áreas nobres, dos mais cobiçados, e depois veem que entraram em verdadeiras "casas mal assombradas". E tudo isso porque essas pessoas, na melhor de suas energias psíquicas, vão a doutrinárias "espíritas", fazem os chamados "tratamentos espirituais" ou leem algum livro de Chico Xavier ou Divaldo Franco, ou veem algum filme "espírita" na televisão.

A culpa não pode ser das pessoas que pedem pão e recebem serpentes. "Eu me envolvo no espiritismo na melhor das intenções, com fé, esperança, perseverança e alegria, para depois tudo ocorrer de errado, eu perder o controle de meu próprio destino e só ficar acumulando desgraça. E ainda dizem que eu sou culpado pelas más energias ou pelo tal de reajuste espiritual que não tenho ideia do que seja!", reclamou um cidadão de São Paulo que não quis se identificar.

O "espiritismo" é voltado a pregações moralistas velhas, antiquadas. Defende o mito de "reajustes espirituais", "resgates espirituais" e até "resgates coletivos". Tais valores, de um moralismo severo, são resíduos de um roustanguismo (doutrina igrejeira de J. B. Roustaing) que os "espíritas" renegam na forma mas mantiveram no conteúdo, provando serem sua religião uma das mais conservadoras do país, tanto quanto as seitas neopentecostais como as de Edir Macedo, Silas Malafaia e R. R. Soares.

O "espiritismo" defende a Teologia do Sofrimento até com maior intensidade que os católicos. Os "espíritas" escolheram Madre Teresa de Calcutá, adepta dessa teologia (que denúncias apontam como inspiradora dos maus tratos que ela deu a seus alojados, deixados em condições sub-humanas), como a personalidade católica mais querida no "espiritismo" brasileiro. A Teologia do Sofrimento tem como tese a ideia de que "quanto mais desgraças, mais curto o caminho para o Céu".

Isso cria entre as lideranças e mesmo os tarefeiros (trabalhadores e voluntários de "casas espíritas") um senso sado-masoquista de ver o sofrimento alheio. Não raro os "auxílios fraternos" vêm com alegações falaciosas do tipo "pois é nesse pior momento que está a grande oportunidade de realização (?!) da vida, é no azar que a pessoa se mostra mais sortuda, entendeu?", ou, quando muito, apenas relatos do tipo "não há problema algum, apenas ore e confie em Deus".

"Sofra sem demonstrar sofrimento", disse, de forma explícita, Chico Xavier. A ideia sádica é pedir para os sofredores ficarem em silêncio, orando de bico fechado para não perturbar os algozes em seus abusos, sob a desculpa que "é no silêncio que Deus é melhor ouvido". Vá aconselhar uma pessoa assim no fundo do poço, em dia de enchente, imaginando que ela será salva por isso.

Em muitos casos, nota-se o prazer que os "espíritas" têm no sofrimento alheio, pensando em maiores lotações nas "casas espíritas". E, quando há mortes em pesados infortúnios, quantos prazeres ocultos não podem haver quando os "espíritas" fazem um discurso dissimulado: "pedimos desculpa às nossas famílias, mas os mortos podem ser novos anjos no seio do Senhor".

Os grandes líderes e ídolos do "espiritismo" brasileiro não sabem o que é sofrer. A "perseguição" que Chico Xavier - que, mesmo "humilde", sempre viveu do conforto de um popstar em que outros lhe sustentam a torto e a direito - é consequência das confusões que criou a partir da falácia de que falava com grandes literatos do além.

Esses ídolos "espíritas" vivem do balé de palavras bonitinhas, publicadas em obras que se contradizem pela falta de compromisso com a coerência e o bom senso. Fazem turnês sustentadas por empresas que desviam o dinheiro dos funcionários para financiar eventos religiosos, mas também pelo desvio que as próprias instituições "espíritas" fazem do "dinheiro da caridade". E o que poderíamos saber das "lavagens de dinheiro" se os delatores da Lava Jato mencionassem também o "movimento espírita"!...

O que se reconhece como certo é que o "espiritismo" apoia o governo Michel Temer, apesar dele não ter se declarado "espírita". Mas os projetos excludentes, como as tais "reformas", são de muito agrado do "movimento espírita", que vê os retrocessos trabalhistas um "caminho para a abnegação e o desapego". Apego têm que ter os "espíritas" aos deturpadores, sobretudo "médiuns", de forma que toda promessa de recuperar as bases espíritas originais passem sempre pelos deformadores da doutrina kardeciana. Para reconstruir o galinheiro, apela-se para a ação das raposas.

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