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Cuidado! Rede Globo vai usar "espiritismo" para concorrer com Marcelo Crivella

(Autor: Professor Caviar)

A vitória eleitoral do "bispo" da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella, para a Prefeitura do Rio de Janeiro revelou uma situação inusitada.

Afinal, a famosa cidade que um dia foi "Cidade Maravilhosa" e hoje sofre um declínio vertiginoso em proporções assustadoras, é berço da Rede Globo de Televisão, enquanto a IURD é controlada pela rival, Rede Record, emissora paulista e cuja cabeça-de-rede é a mais antiga emissora de TV em atividade atualmente.

A vitória de Crivella impõe uma cautela maior para os executivos da Rede Globo. Eles não podem sair atacando Crivella como se fossem Lula e Dilma Rousseff. Não pode sequer chegar perto disso e os ataques contra o "bispo", a assumir a Prefeitura carioca assim que entrar 2017, ou se contentar a fazer oposição a mais discreta e contida possível.

Se algo for feito para atingir a reputação de Crivella, a Rede Record reagirá, publicando uma enxurrada de denúncias contra a Globo, sendo a mais recente a existência de um triplex de luxo, construído de forma irregular (invasão de área ambiental) de propriedade da família Marinho, proprietária das Organizações Globo.

A Rede Globo também é lembrada pelo envolvimento num dos maiores escândalos de corrupção da história do país, o Banestado, que envolveu desvio de dinheiro público para alimentar as contas pessoais de políticos do PSDB e de executivos da grande mídia, como os donos da Globo, Folha de São Paulo e do Grupo Abril.

O escândalo, ocorrido entre 1996 e 2001 e investigado por Sérgio Moro em 2003, cerca de uma década antes da Operação Lava Jato, teve um desfecho frouxo e quase nulo, com apenas alguns acusados de pequeno porte sendo condenados, enquanto os "peixes grandes" eram premiados pela impunidade de sempre. Os tucanos e os Marinho, Frias, Civita, entre outros, estavam livres, leves e muitíssimo soltos.

A Globo, no entanto, tem que se controlar. Igreja Universal não é PT. Marcelo Crivella não é Lula. Se pegar pesado, pode levar surra da concorrente Record, que no Rio de Janeiro será favorecida pelas verbas públicas da Prefeitura carioca e a IURD, na prática, será a ONG oficial do governo municipal.

REDE GLOBO REINVENTOU CHICO XAVIER

Diante disso, a Globo só pode fazer reportagens discretas revelando os problemas do Rio de Janeiro e se tornar a mais sutil e a mais comedida possível. Ela sabe o efeito de bater pesado em Crivella, que agora processa a revista Veja por ter publicado uma matéria de capa sugerindo que o "bispo" teria sido detido por um suposto crime. 

O factoide - na verdade, um incidente menor gerado por uma simples confusão envolvendo obras de construção da Igreja Universal no Rio de Janeiro - havia sido explorado por Veja e, depois, pelo Jornal Nacional da Rede Globo, quando esses veículos tentaram um "apoio" condicional ao concorrente Marcelo Freixo, do PSOL, apenas para evitar a vitória do "bispo".

Quanto ao âmbito religioso, a Rede Globo vai continuar adotando uma postura que adotava desde o final da década de 1970. Quando a Igreja Universal e a Igreja Internacional da Graça de Deus surgiram, nos anos 70, a Globo teve que reagir, não se limitando a cultuar eventos e personalidades católicas, mas investindo no falso ecumenismo do "movimento espírita", uma espécie de "catolicismo" sem batina.

Foi a partir desse cenário de ascensão dos "pastores eletrônicos", como Edir Macedo e R. R. Soares, combinado a uma crise aguda da ditadura militar, que a Rede Globo estabeleceu parceria com a FEB e reinventou o mito de Chico Xavier como "símbolo máximo da filantropia" no Brasil.

Tomando como modelo o documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God), do jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge, sobre Madre Teresa de Calcutá, a Globo fez o mesmo com Chico Xavier através de reportagens sobre "mediunidade", "espiritismo" ou sobre o próprio "médium" trazidas pelo Jornal Nacional, Globo Repórter e Fantástico.

Muggeridge criou o paradigma de "caridade" que mais comove e fascina do que realmente ajuda. Investigações recentes mostram que Madre Teresa deixava seus assistidos à própria sorte (melhor dizendo, azar), dentro de aposentos sujos, mal alimentados, precariamente remediados, expostos ao contágio de doenças e recebendo vacinas de seringas infectadas e reutilizadas.

Mas acobertava-se tudo isso com o "teatro da caridade", com um roteiro básico conhecido:

1) O "filantropo" chega a uma "casa de caridade" cercado pela multidão que o acolhe com fervoroso entusiasmo;

2) O "filantropo" segura bebê no colo e brinca com ele;

3) O "filantropo" vai a velhos doentes e prostrados e acaricia suas cabeças;

4) Diante de um miserável sentado de tanta fraqueza, se agacha para cumprimentá-lo;

5) Entrando na "casa", vai a um quarto onde há outros doentes e conversa com eles;

6) Depois o "filantropo" se dirige à cozinha, para ver crianças tomando sopa e as cumprimenta com um sorriso paternal ou maternal;

7) É convidado a ir a uma mesa de palestras ou a sentar em algum lugar para dar um depoimento e lançar frases de efeito que viram "filosofia" nas mentes dos incautos.

Com essa encenação, produz-se o "ícone de caridade" que torna-se "grandioso" por nada, por uma "ajuda" que vale mais pela sedução do deslumbramento religioso, pouco importando se ela realmente ajuda ou não. Talvez até quase não ajudasse, ou prejudicasse, no caso de Madre Teresa de Calcutá.

Hoje temos um cenário semelhante ao dos anos 1970. Violenta crise política e econômica, convulsões sociais, ascensão de evangélicos, sobretudo o mesmo Edir Macedo agora representado diretamente pelo seu sobrinho na Prefeitura do Rio de Janeiro.

E o que a Globo vai fazer? Recorrer ao padre Marcelo Rossi e botá-lo no Caldeirão do Huck? Entrevistar o padre Fábio de Mello no Fantástico? Chamar o coral de meninos cantores de Petrópolis para interpretar hinos católicos no Domingão do Faustão?

Pode ser, mas isso não pode ser a tarefa principal nem o carro-chefe. Senão a Record pega em cima e denuncia que a Globo, oficialmente "laica", usa a Igreja Católica para neutralizar o crescimento da Universal, classificando a emissora dos Marinho como "covarde" e "desesperada" por tal atitude.

Por isso é que o "espiritismo", como nos anos 70, caiu como uma luva. O "espiritismo" tem o mesmíssimo conteúdo da Igreja Católica, até bem mais medieval (o Catolicismo brasileiro mudou com os tempos, mas o "espiritismo" retrocedeu, reduzindo a novidade kardeciana a uma mera formalidade que acoberta um conteúdo que remete ao velho Catolicismo jesuíta colonial), mas possui um verniz de "simplicidade", "despretensão" e "descompromisso" que garantem verossimilhança.

A Globo pode lançar novelas "espíritas" para competir com as novelas bíblicas da Record sem que o apelo religioso se tornasse explícito. E isso fica muito fácil, porque, no "espiritismo" catolicizado da "mediunidade" de faz-de-conta, os romances "espíritas" não são mais do que arremedos ruins de novelas televisivas, o que não traz dificuldades para serem adaptadas para a televisão.

A Globo, que reinventou Chico Xavier usando Malcolm Muggeridge, lembrando que tanto Madre Teresa de Calcutá quanto o "médium" foram devotos da Teologia do Sofrimento, e que também blindou Divaldo Franco, reforçará as parcerias com o "movimento espírita", consagradas pela filmografia "espírita" co-produzida pela Globo Filmes, para enfrentar a Record e a IURD. Um filme sobre o "médium curandeiro" João Teixeira de Faria, o João de Deus, está em pré-produção.

Vai que, para enfrentar Os Dez Mandamentos da Rede Record, a Globo venha com a risível obra Há 2000 Anos, assinada por Emmanuel e Chico Xavier, que, cheia de constrangedoras falhas históricas e erros grosseiros de ciência política, mostra o calvário de Jesus Cristo, oferecendo o apelo religioso necessário para enfrentar a máquina midiática de Edir Macedo.

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