As pessoas andam muito assustadas com uma enxurrada de textos pondo em xeque o mito de Francisco Cândido Xavier, que mostram revelações bastante dolorosas que vão de encontro à imagem adocicada que o "bondoso médium" tem desde meados dos anos 1970, quando ele passou a ser associado como um pretenso símbolo de "paz e fraternidade", a exemplo da imagem de Madre Teresa de Calcutá trabalhada pelo inglês Malcolm Muggeridge (1907-1990), o "fabricante de santos".
Até mesmo os algoritmos parecem "congelar" nas leituras deste blog, talvez obsediados pela figura mistificadora de Chico Xavier, por sinal um "patrono das fake news", ele que, em suas primeiras obras "mediúnicas", apresentou um "Olavo Bilac" e uma "Auta de Souza" sem seus estilos poéticos peculiares e um "Humberto de Campos" com uma prosa mais cansativa de se ler, com textos "pesados" e conteúdo monotemático (moralismo religioso).
Esse medo é reforçado mediante escândalos envolvendo membros de seitas neopentecostais, como a deputada Flordelis, acusada de mandar matar seu marido e também pastor evangélico Anderson do Carmo, e o sacerdote católico da corrente Renovação Carismática, Padre Robson, acusado de usar o dinheiro dos fiéis para os depósitos pessoais dele, que usou a grana para investir no seu patrimônio imobiliário.
Afinal, ver que o "espiritismo" brasileiro, visto como "alternativa" aos vícios de católicos e evangélicos corrompidos, está sendo alvo de denúncias cada vez mais profundas, é tão chocante que nem mesmo os jornalistas que se dedicam a atividades investigativas, mas que em dado momento sucumbem à fascinação obsessiva por Chico Xavier - um sentimento, aliás, que a Doutrina Espírita original reprova severamente, mesmo sob o disfarce de uma "admiração equilibrada e saudável a um homem de bem" - , se encorajam a tal tarefa, quando o alvo é esse ídolo religioso.
Há um grande e preocupante medo dos brasileiros que, neste momento de "fim da infância" humanitária, num país com apenas 520 anos de existência, em ver o mito de Chico Xavier, tramado pela ditadura militar e pela Rede Globo como forma diversionista para abafar a crise dos governos militares (apoiados abertamente pelo "médium"), cair abaixo.
Há fatos que comprovam que Chico Xavier praticou fraudes literárias (reveladas não por detratores, mas acidentalmente por gente favorável a ele), colaborou com a ditadura militar (condecorado pela Escola Superior de Guerra, que não daria uma guloseima a quem não colaborasse com o regime ditatorial, quanto mais espaço para palestras e premiações) e sua "mediunidade" não seria mais do que mera alucinação, conforme matéria da revista Realidade, que praticava um jornalismo honesto.
Apesar disso, as pessoas tremem de medo. Quando a Verdade vai contra Chico Xavier, mesmo com provas robustas e argumentos lógicos, seus partidários, mesmo aqueles com algum senso de racionalidade, são tomados de paixões religiosas cegas e, na sua cegueira emocional, dizem que a Verdade está "corrompida" pelos "caprichos terrenos da obsessão materialista". Típico fanatismo religioso que desqualifica quando os outros cobram lógica e bom senso e que, não obstante, acabam ferindo até mesmo Allan Kardec.
A obsessão que os brasileiros têm por Chico Xavier atinge graus estratosféricos, constituindo no perigoso processo de "fascinação obsessiva" e, em certos casos , "subjugação", processos alertados como perigosos pela Codificação. A obsessão é tanta que as pessoas preferem se arruinar, perder tudo, ver sua casa ser destruída pelas chamas, perder todos os entes queridos de sua vida, do que ver Chico Xavier sendo desmascarado, mesmo sob o mais completo rigor da Razão. Preferem até ver a Amazônia, hoje sendo devorada pelas chamas, transformada num novo deserto como o do Saara.
Até mesmo as esquerdas, que ao menos deveriam evitar tamanha cegueira emocional, sucumbem a esse sentimento extremamente perigoso, que inverte o recado kardeciano: "melhor que caia um único homem do que todos aqueles que vierem a ser por eles enganados". Aqui a norma é outra: "melhor que todo o Brasil caia do que cair o mito de Chico Xavier". Depois falam que são contra a obsessão espiritual.
SENTIMENTOS OBSESSIVOS E DOENTIOS EM PROL DO "MÉDIUM"
Para piorar, disfarçam esse fanatismo com a desculpa da "admiração saudável, moderada e equilibrada a um homem de bem imperfeito e errante, mas simpático". É uma desculpa furada, mas que anestesia emocionalmente todo um gado de brasileiros cegamente emotivos, mesmo aqueles com alguma racionalidade. A Codificação já alertou da fascinação obsessiva que pode seduzir até mesmo os céticos e razoavelmente esclarecidos, fazendo com que mentes dotadas de alguma consciência crítica caiam nas armadilhas emotivas de um mistificador.
E isso tudo na década de 1860, no século XIX, mas com surpreendente atualidade e estarrecedor exemplo prático no Brasil de hoje! E por que essa obsessão doentia, febril, cega, por Chico Xavier, o único homem que a Lógica e o Bom Senso não podem tocar? Por que tanta e tão enferma e cega emotividade em torno de um homem feioso, blindado por uma "caridade" tão fajuta quanto a de Luciano Huck, discípulo não-oficial do "médium"?
Simples. Mesmo as esquerdas se esquecem das armadilhas do soft power. Só reagem contra os abusos da direita quando ela demonstra suas práticas de hard power, através de conceitos moralistas, antissociais, discriminatórios e difamatórios mais escancarados, explícitos, trazidos a partir de um discurso abertamente raivoso.
Só contra Luciano Huck e quem for vinculado a ele, como a deputada Tabata Amaral, é que as esquerdas atuam contra o soft power. Vemos esse "poder suave" se manifestar através do "funk" e de Chico Xavier, que adotam discursos não muito diferentes de Huck, e as esquerdas se silenciam ou, quando mencionam, é sempre de maneira complacente e apoiadora.
Há um clima de perplexidade em torno do risco do mito de Chico Xavier cair de repente? Dele ser desmascarado da forma como nem em 1944 (ano do processo judicial contra o "médium") nem em 1958 (ano das denúncias do sobrinho Amauri) se viu? Sim, isso é verdade. Mas o mito de Chico Xavier montado a partir do método de Malcolm Muggeridge faz as pessoas se tornarem prisioneiras de sua própria idolatria, um flagelo que nem a desculpa da "admiração equilibrada e saudável" consegue abafar.
Os sentimentos em prol de Chico Xavier são obsessivos, de maneira mais preocupante e muito, muito doentia. É uma emotividade tóxica, que só parece "elevada" quando tudo ocorre de maneira agradável a esses devotos. Quando surge um incômodo, explode uma raiva que nem os "neopenteques" da Igreja Universal e da Assembleia de Deus conseguem ter, nem mesmo a Flordelis quando começou a ter em ideia a vontade de matar o marido Anderson. É o "efeito Gremlins": amorosos quando tudo está bem, rancorosos quando a coisa vai mal.
O que percebemos, todavia, é que o "espiritismo" brasileiro hoje são as seitas neopentecostais de ontem, tido como "religião viável", explorando o vitimismo, prometendo a "modernização da fé humana" etc e tal. Amanhã, porém, as pessoas deverão perceber que o "espiritismo" igrejista brasileiro será a mesma sordidez obscurantista e medieval, e se convencerão de que, se há os abusos de João de Deus e o reacionarismo de Divaldo Franco, boa parte da culpa está, direta ou indiretamente, em Chico Xavier.
Mas até isso ocorrer, haverá medo, muito medo, e uma vontade de defender cegamente as convicções, sob o aparato dos "argumentos isentos" de pessoas que se dizem "equilibradas", "imparciais" e "minimamente corretas, ainda que imperfeitas" (aquela carteirada por baixo da "imperfeição humana"). Eles são hoje o que os "homens de bem" dos "neopenteques" foram ontem, e hoje surtam de raiva e outras barbaridades Brasil adentro. O problema é quando, daqui a dez anos, os "espíritas" surtarem e a tal "pátria do Evangelho" se revelar uma teocracia traiçoeira, absolutista e medieval. Dá medo pensar em futuros macabros escondidos em palavras tão dóceis.
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