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Gugu Liberato fez Assistencialismo, a "obra maior" de Chico Xavier. E ainda fez reportagem 'fake'


(Autor: Groucho Lenin)


Fiquei muito tempo de folga e não pude escrever sobre a tragédia e a despedida do apresentador Gugu Liberato, um profissional de TV que, embora talentoso na sua forma equilibrada de locução e desenvoltura e no cuidado que tinha em monitorar os programas que fazia, contribuiu em peso para a baixaria e a imbecilização cultural de nosso país.

Gugu estava verificando o ar condicionado e tentado trocar, por iniciativa própria, uma peça, se colocando no teto de sua casa em Orlando, na Flórida, EUA. Só que o apresentador - que era suficientemente rico para pagar um técnico para tamanha tarefa, não havendo necessidade de fazê-la por conta própria - escorregou do teto e bateu com a cabeça no chão. Levado ainda com vida, em estado grave, Gugu faleceu no hospital, com apenas 60 anos.

A tragédia comoveu o país e fez com que até a Rede Globo - que tentou contratar o apresentador, sem sucesso - fizesse homenagens e coberturas sobre o apresentador, como se ele tivesse sido um astro importante da emissora. Gugu teve velório cerca de cinco dias após a morte, quando seu corpo chegou ao Brasil e o enterro ocorreu na última sexta-feira.

Com a popularidade que Gugu teve em sua trajetória, a comoção é justa. A tristeza dos familiares é algo que deve ser respeitado inteiramente. No entanto, devemos admitir que Gugu Liberato também fez barbaridades e seu quadro Banheira do Gugu foi uma atrocidade de exibição de glúteos, além das pavorosas atrações musicais - de grupos de meninos dançantes, tipo Dominó, a "artistas" do "sertanejo" e do "pagode", são exemplos.

ASSISTENCIALISMO E 'FAKE NEWS'

Bem antes de Luciano Huck e muito depois de Francisco Cândido Xavier, Gugu Liberato praticou as conhecidas atividades de Assistencialismo, uma "caridade" que, sabemos, não causa rupturas nas estruturas de desigualdades sociais, apenas rende mais promoção para o "benfeitor", que não mexe um único dedo na ação filantrópica, mas é o que recebe o prestígio desse ato.

Isso até Chico Xavier havia feito. Ou melhor, não havia feito. A "caridade" dele, superestimada até o limite do cogitável, não foi feita por ele, mas pelos seguidores. Assim como telespectadores e anunciantes realizam a "caridade" de um programa de televisão, não o apresentador.

Reformas de casas e de automóveis são tão "generosos" quanto colocar meia-dúzia de doentes, pobres e crianças órfãs em antigos casarões. As ações em si não são socialmente transformadoras, sendo meramente paliativas, apenas causando resultados mornos que, em si, não são dignos de méritos especiais.

Gugu Liberato fez quadros semelhantes aos que se vê no Caldeirão do Huck e que haviam sido importados de programas da TV estadunidense, sobretudo da Flórida. Portanto, nada que provocasse grandes revoluções sociais. E as pessoas glorificam a "caridade" de Chico Xavier - que, por sua vez, se inspirou em atos de Assistencialismo de católicos ortodoxos - há décadas e não se viu um resultado concreto, preciso e significativo sequer.

Mas Gugu Liberato também fez fake news, outra "maravilhosa obra" de Chico Xavier, que, tomando para si o nome de Humberto de Campos depois que este morreu, inventou um "repórter do além-túmulo" que, do contrário que recomenda a imprensa ("a opinião de fulano não necessariamente traduz a opinião do nosso jornal"), reproduzia fielmente as opiniões pessoais do "médium".

A reportagem - ou melhor, "reporcagem" - com dois falsos integrantes do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC), em 2003, causou repercussão quando foi veiculada e a fraude não havia sido descoberta. Mas, uma vez descoberta, isso provocou o desgaste do Domingo Legal e da imagem de Gugu Liberato, que teve que sair do SBT. Ao ser contratado pela Record, o apresentador não teve o mesmo sucesso da antecessora. Nem a volta da Banheira do Gugu deu certo, até porque ela também desagradou Edir Macedo.

A propósito, Gugu Liberato entrevistou Chico Xavier no fim de sua vida. O SBT, como veículo da sociedade ultraconservadora, sempre gostou do "médium". Tanto que Sílvio Santos - hoje um dos maiores apoiadores do governo Jair Bolsonaro - promoveu uma votação que, em 2012, elegeu Chico Xavier "o maior brasileiro de todos os tempos". Agora, só nos resta esperar se também existe "Banheira do Gugu" em Nosso Lar.

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