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As piores paixões estão no lado da religião

(Autor: Professor Caviar)

O "espiritismo" catolicizado que temos apela, nos últimos meses, para as pessoas aceitarem o sofrimento, se resignarem com dificuldades intransponíveis ou se esforçar acima de suas capacidades para obter algum benefício, de preferência bem abaixo do que árduos planejamentos de vida haviam concebido.

Não se trata de caprichos nababescos. Os planejamentos de vida, que envolviam dignidade, afinidades sociais, uso equilibrado do prazer e valorização de talentos pessoais, tudo isso é visto pelo conservadorismo religioso do "espiritismo" como meras "paixões terrenas", e isso frustra o cidadão que, em sua boa-fé, decide aderir a uma religião que, aparentemente, tem as melhores reputações e conta com uma blindagem que nenhuma outra consegue ter, que é a do "movimento espírita" brasileiro.

Sim, porque as energias maléficas que são atraídas pelo caráter conservador em doses medievais do "movimento espírita", dominado por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel e outros que mais parecem ser devotos do imperador Constantino, que só usam de maneira abusiva o nome de Allan Kardec em vão, para tirar vantagens em tudo, impedem que a pessoa possa conquistar a qualidade de vida sem passar pelo túnel de fogo dos infortúnios.

E o que os "espíritas" costumam dizer para o sofredor que encontra dificuldades acima do normal? Infortúnios insuperáveis, obstáculos de difícil superação, o que eles geralmente recomendam? Eles recomendam ao sofredor que abra mão de "paixões terrenas", que o "pior inimigo" do sofredor é ele mesmo e que, por isso, a superação passa pelo caminho de renúncia a essas "paixões".

Dito assim, parece simples, nesse balé de palavras bonitas e perfumadas que se reduziu o "movimento espírita" nos últimos anos. Mas o que consiste, segundo eles, no "abandono das paixões" e no "combate contra si mesmo" é uma grande armadilha ideológica.

Observa-se isso quando o sofredor vê uma situação surreal se desenhar em sua vida, em níveis tipicamente kafkianos. Vamos colocar como exemplo um rapaz, de classe média, sem muito prestígio social, mas com talentos peculiares e desejos dignos, embora modestos, de realização social.

Na vida amorosa, ele, que nunca teve grande sorte com mulheres, de repente passou a ser assediado pelas chamadas "periguetes", o que causa um sério problema, porque as desilusões amorosas do rapaz o fizeram abrir mão de mulheres que estivessem associadas a um prestígio sexual obsessivo, e ele estava mais à procura de mulheres com mais personalidade do que algum padrão de beleza ou sensualidade, por mais grotesco que este seja.

Enquanto ele vê mulheres de sua afinidade pessoal se casarem com outros homens, bastando ele ter um contato ou sentir interesse por elas, ele atrai, de maneira inexplicável, moças que não lhes são de seu interesse nem inspiram sequer uma relação proveitosa, e elas não só lhes são acessíveis como elas vivem na ilusão de que o rapaz pode se casar com qualquer uma delas.

O "espírita" não vê individualidades, não vê afinidades, para ele não existe esse negócio de encaixar cubos em buracos quadrados, a ideia é forçar o cubo a se encaixar num buraco redondo, como num "vale-tudo" social. Pouco importa se o rapaz admira Emma Watson pelo seu caráter, a mulher que os "espíritas" recomendam a ele tem mais a ver com uma Mulher-Melão, mesmo.

Profissionalmente, o mesmo rapaz, quando encontra finalmente uma oportunidade de conseguir um serviço público de acordo com suas habilidades, é surpreendido com todo tipo de azar que o impede de conquistar o cargo desejado. 

Em contrapartida, quando a ocasião é trabalhar em uma empresa corrupta, cujo dono é alguém dotado de muito poder mas é um canastrão arrivista que só precisa de profissionais diferenciados para associar estes à vaidade pessoal do executivo, as circunstâncias impelem o pobre rapaz de "poder trabalhar" nesse lugar, com facilidades que uma empresa desse porte normalmente não daria. 

Mas isso seria apenas uma oportunidade de obter salário e viver da fama do prestígio e não uma oportunidade de realização pessoal pelo trabalho útil e pelo convívio social saudável. Trabalhar em empresa corrupta, muitas vezes, significa apenas uma chance de acúmulo financeiro em torno de uma ocupação qualquer, e mesmo que se aproveite os talentos do rapaz, isso é usado apenas para alimentar a vaidade do patrão. O pobre rapaz "vende" seu talento para o orgulho do traiçoeiro empresário.

"AREIA MOVEDIÇA" SOCIAL

Isso é surreal, porque é justamente o aprisionamento às "paixões terrenas" que muitas vezes as energias "espíritas" impelem nos sofredores. O rapaz quer oportunidades que fossem além das tentações mundanas, mas as circunstâncias o impelem justamente a situações que se prendem a essas más qualidades, cujos meios tendem a lhe oferecer as oportunidades mais fáceis e, pasmem, socialmente recomendadas pelos colegas da Internet (vida amorosa) e por profissionais e amigos mais velhos (vida profissional).

O pior é que os "espíritas" também recomendam essa "areia movediça" social, sob a falácia de que "é nesses ambientes doentios que existem as melhores oportunidades de realização social, pela promoção da fraternidade e pelo trabalho da virtude". Eles acham que a coisa é mais simples e ignoram a complexidade da situação.

COMO A PESSOA DEVE TROCAR O "TER" PELO "SER", SE SÓ PODE CONQUISTAR O "TER"?

Os "espíritas", com essa falácia, estufam o peito dizendo que tais situações "são desafios" para o pobre rapaz mostrar suas "melhores qualidades". Só que isso é escrever torto em linhas certas, como se fosse possível fazer balé aquático num mar de tubarões.

Ávidos por procurar "exemplos de superação" em pessoas que sobrevivem a graves prejuízos na vida, os "espíritas" adoram ver os sofredores virando brinquedos de adversidades diversas, como se cada adversidade não fosse casual e surgisse de propósito, para atrapalhar os planejamentos de vida do cidadão, que para fazer esses planos já abriu mão de muitas ilusões.

Ver que ele tem que recuperar essas ilusões para se dar bem na vida é assustador. É andar para trás. É como se um sujeito tivesse que subir um morro para atingir um lugar desejado, ver que tudo foi em vão e ter que dar a volta.

E como é que o "espiritismo", supostamente voltado aos valores nobres, espiritualizados, voltados à dignidade e ao progresso humano, ao abandono de paixões mundanas, cria as condições energéticas para que a vida do sujeito que quer abrir mão dessas paixões seja um apego às mesmas?

A utopia de que o sujeito tenha que encarar essas "paixões" para arrancá-las dos outros com suas habilidades não encontra efeito prático, havendo conflitos de interesses severos dos quais os portadores desses baixos valores não irão abrir mão, a não ser pelo fingimento.

O patrão desonesto não se tornará mais honesto porque seu melhor funcionário o é, e a mulher vulgar não se tornará mais decente por namorar um rapaz mais modesto. É extremamente difícil romper com tais convicções, se tais pessoas tiveram nas paixões mundanas a receita do sucesso e não demonstram arrependimento algum pela forma como conquistaram esse sucesso.

Na verdade, as paixões mundanas se afinam com as paixões religiosas, o que faz com que essas contradições vibratórias da vida aconteçam para aquele que se "protege" pela religião "espírita". E é isso que faz com que a pessoa que gostaria de trocar o "ter" pelo "ser" acabe sendo proibida de conquistar a chance de "ser" e ser aconselhada a permanecer no "ter" para poder "ser" dentro desses limites austeros.

As contradições doutrinárias do "espiritismo" fazem com que não se pense numa vida humanista. A vida material se limita apenas a um processo de suportar desgraças e prejuízos, uma terrível competição de rigor militar em que cabe ao sofredor ficar calado e sorrir ante uma desgraça, visando o prêmio das vidas futuras.

Isso nada contribui para a evolução pessoal e ver que o sofredor têm que permanecer refém das paixões mundanas para obter algum sucesso é chocante, quando se atribui tal ideia ao moralismo religioso, mas isso condiz pelo fato de que o "espiritismo", com sua orgia de "belas palavras" e seu simulacro de "caridade plena", é onde mais se repousam sentimentos de paixões mundanas adaptados ao contexto da fé, da devoção e do misticismo.

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