(Autor: Professor Caviar)
Os "espíritas" devem perguntar: quem foi Malcolm Muggeridge? Se forem informados de que ele foi um católico e jornalista britânico que realizou o documentário sobre Madre Teresa de Calcutá, ficariam tranquilos. "Ah, então esse é um homem digníssimo, com seu compromisso de divulgar a caridade e os atos de amor ao próximo".
Imaginamos até como Divaldo Franco definiria Malcolm Muggeridge: "Homem digníssimo, que não necessariamente compartilha de nossas crenças, mas muito respeitável por divulgar sempre exemplos de dedicação e amor aos necessitados".
Tudo seria então um caldo de mel nas palavras dos "espíritas" que souberem que Malcolm Muggeridge realizou Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God), sobre a famosa freira albanesa que atuava na cidade de Calcutá, na Índia.
Mas o mel se transformaria em fel quando surge o lado sombrio de Madre Teresa de Calcutá, trazido por Christopher Hitchens no documentário Anjo do Inferno (Hell's Angel). Neste filme, foi revelado que Madre Teresa maltratava os doentes porque acreditava em preservar o sofrimento deles a pretexto de "levá-los mais rápido" para o "reino de Deus".
Havia outras posturas negativas associadas a Madre Teresa, mas a ênfase na Teologia do Sofrimento é suficiente para vê-la não como um "espírito puro", mas como uma pessoa ordinária, conservadora e corrompida, que se aliava a tiranos e magnatas gananciosos para arrancar dinheiro e dá-lo não para os necessitados, mas para os cofres dos sacerdotes do Vaticano.
Com base na lógica, garantimos, com toda segurança, que Madre Teresa de Calcutá nunca teria escrito o livro "psicografado" pelo suposto médium Robson Pinheiro, já que a repercussão das denúncias de Hitchens abateu moralmente a freira albanesa, e como as denúncias foram confirmadas até por pesquisas acadêmicas sérias, ela faleceu amargurada e com grande peso na consciência, o que certamente a tornaria totalmente incapaz de fazer uma obra "psicográfica".
A COLABORAÇÃO INDIRETA DE MUGGERIDGE COM O MITO DE CHICO XAVIER
Malcolm Muggeridge forneceu subsídios para reabilitar Francisco Cândido Xavier. O mito de Chico Xavier era trabalhado desde a década de 1930 pela Federação "Espírita" Brasileira, de uma maneira bastante confusa, contraditória e a mercê de graves escândalos, que quase puseram o mito a perder,
Portanto, o documentário de Muggeridge serviu como luva para relançar o mito de Chico Xavier e, de carona, também fortalecer o mito de Divaldo Franco. A Globo e a FEB, já na era pós-Wantuil (o ex-presidente da FEB havia falecido em 1974), antes hostis, tornaram-se parceiras em meados da década de 1970 e a FEB, que antes tinha na TV Tupi a vitrine para suas propagandas doutrinárias, ao ver a pioneira rede de televisão entrar em falência, recorreu a Roberto Marinho para nova empreitada.
Assim, Globo e FEB resolveram, assim que tomaram conhecimento do documentário que Muggeridge fez para a BBC de Londres, fazer o mesmo com Chico Xavier. Na visão deles, o documentário de Muggeridge era uma propaganda "limpa", um perfeito marketing da "caridade" que ofereceu os ingredientes de como construir um "filantropo".
Dessa maneira, tomaram como base o documentário para trabalhar o mito de Chico Xavier, com todos os ingredientes usados para Madre Teresa. Do simples ato de segurar um bebê no colo até dizer frases "espiritualistas" de efeito, tudo foi aproveitado.
Com esses artifícios, o mito de Chico Xavier foi trabalhado para ser o equivalente brasileiro de Madre Teresa de Calcutá, apenas com adaptações de contexto. E isso fez com que, na abordagem positiva, a freira albanesa e o "médium" mineiro fossem comparados, em surpreendente equivalência de qualidades.
No entanto, na abordagem negativa, ocorre um fenômeno desigual. Se Madre Teresa de Calcutá, um mito religioso mais verossímil, foi facilmente denunciada e questionada pela opinião pública no exterior, até agora não há uma investigação que desmascarasse em definitivo Chico Xavier, que sempre foi um mito bastante confuso, contraditório e envolvido em graves escândalos.
Falta de capacidade de enfrentar um "homem de bem"? Não! O que há é, por um lado, o hábito de complacência de juízes, jornalistas e acadêmicos diante das irregularidades de Chico Xavier. Seduzidos pelo estereótipo do "caipira humilde", acrescido pelo do "velhinho frágil", achavam "muito cruel" desqualificá-lo mesmo quando fraudes cometidas por ele eram seguramente confirmadas.
Por outro, há a falta de alguém que tenha visibilidade suficiente para denunciar Chico Xavier de forma que tais denúncias fossem respaldadas pela justiça e derrubassem o mito do "médium bonzinho" que sempre blindou o maior deturpador da Doutrina Espírita.
BRASIL TEM MERCADO DA VISIBILIDADE CRUEL E INJUSTO
O próprio mercado da visibilidade no Brasil é extremamente cruel e injusto. A mídia brasileira é ideologicamente fechada, o mercado cinematográfico, responsável por documentários, e o meio acadêmico, que promove monografias, são castradores. O Brasil é o único país em que se criminaliza o pensamento contestador, uma visão que corresponde a resíduos ideológicos da ditadura militar ou da República Velha.
A mídia só acolhe pensamentos e ideias complacentes com o "estabelecido". O meio intelectual (que combina mercado cultural com ambientes acadêmicos) só aceita trabalhos meramente descritivos. Veiculos de valor muito duvidoso, como a revista Veja, de São Paulo, e a rádio Metrópole FM, de Salvador, para não dizer a Rede Globo, sediada no Rio de Janeiro, são exemplos dos péssimos "pedágios culturais" para as pessoas entrarem no afunilado mercado da visibilidade e da influência na opinião pública.
No exterior, Christopher Hitchens se valeu pelo fato de, como jornalista político e polemista habilidoso, conseguir influenciar a opinião pública e poder ter suas denúncias devidamente analisadas e debatidas. Diante da revelação de fatos, independente de quem diz mas favorecido pela visibilidade de quem denuncia, Madre Teresa pôde ser contestada, mesmo diante da enérgica resistência católica.
Aqui, isso não acontece. Fatos não chegam a ter importância, se não são noticiados por pessoas de notável visibilidade. Enquanto isso, dogmas e fantasias das mais absurdas são difundidas como "verdades absolutas" devido ao prestígio de quem os transmite.
Gerson Monteiro, da Rádio Rio de Janeiro, divulgou inverdades sobre a possibilidade de "vida em Marte", atribuindo um tolo pioneirismo de cerca de 80 anos (1935-1939) a Chico Xavier, por causa da visibilidade que o radialista "espírita" tem e o seu prestígio social. De que adianta dizer que o assunto já era fartamente discutido antes de Chico Xavier nascer e através de cientistas como Percival Lowell? Infelizmente, o que vale, no Brasil, é a visão de Gerson Monteiro.
Daí que não dá para investigar Chico Xavier e dizer, por exemplo, que a "psicografia" atribuída a Humberto de Campos é uma farsa comprovada. Continua prevalecendo a visão oficial de que Humberto serviu-se mesmo à tinta de Chico Xavier para escrever choramingos bíblicos, abrindo mão de seu talento "em nome da caridade".
Isso é um grande absurdo, e abriu caminho para Chico Xavier se utilizar da propaganda de Muggeridge feita por intermédio da adaptação do jornalismo da Rede Globo. Pelo jeito, Muggeridge acabou favorecendo mais Chico Xavier que Madre Teresa de Calcutá. Os seguidores de Chico Xavier deliram. Será que eles têm coragem de definir Malcolm Muggeridge como "espírito puro", tal qual seu ídolo de Pedro Leopoldo e Uberaba?
Havia outras posturas negativas associadas a Madre Teresa, mas a ênfase na Teologia do Sofrimento é suficiente para vê-la não como um "espírito puro", mas como uma pessoa ordinária, conservadora e corrompida, que se aliava a tiranos e magnatas gananciosos para arrancar dinheiro e dá-lo não para os necessitados, mas para os cofres dos sacerdotes do Vaticano.
Com base na lógica, garantimos, com toda segurança, que Madre Teresa de Calcutá nunca teria escrito o livro "psicografado" pelo suposto médium Robson Pinheiro, já que a repercussão das denúncias de Hitchens abateu moralmente a freira albanesa, e como as denúncias foram confirmadas até por pesquisas acadêmicas sérias, ela faleceu amargurada e com grande peso na consciência, o que certamente a tornaria totalmente incapaz de fazer uma obra "psicográfica".
A COLABORAÇÃO INDIRETA DE MUGGERIDGE COM O MITO DE CHICO XAVIER
Malcolm Muggeridge forneceu subsídios para reabilitar Francisco Cândido Xavier. O mito de Chico Xavier era trabalhado desde a década de 1930 pela Federação "Espírita" Brasileira, de uma maneira bastante confusa, contraditória e a mercê de graves escândalos, que quase puseram o mito a perder,
Portanto, o documentário de Muggeridge serviu como luva para relançar o mito de Chico Xavier e, de carona, também fortalecer o mito de Divaldo Franco. A Globo e a FEB, já na era pós-Wantuil (o ex-presidente da FEB havia falecido em 1974), antes hostis, tornaram-se parceiras em meados da década de 1970 e a FEB, que antes tinha na TV Tupi a vitrine para suas propagandas doutrinárias, ao ver a pioneira rede de televisão entrar em falência, recorreu a Roberto Marinho para nova empreitada.
Assim, Globo e FEB resolveram, assim que tomaram conhecimento do documentário que Muggeridge fez para a BBC de Londres, fazer o mesmo com Chico Xavier. Na visão deles, o documentário de Muggeridge era uma propaganda "limpa", um perfeito marketing da "caridade" que ofereceu os ingredientes de como construir um "filantropo".
Dessa maneira, tomaram como base o documentário para trabalhar o mito de Chico Xavier, com todos os ingredientes usados para Madre Teresa. Do simples ato de segurar um bebê no colo até dizer frases "espiritualistas" de efeito, tudo foi aproveitado.
Com esses artifícios, o mito de Chico Xavier foi trabalhado para ser o equivalente brasileiro de Madre Teresa de Calcutá, apenas com adaptações de contexto. E isso fez com que, na abordagem positiva, a freira albanesa e o "médium" mineiro fossem comparados, em surpreendente equivalência de qualidades.
No entanto, na abordagem negativa, ocorre um fenômeno desigual. Se Madre Teresa de Calcutá, um mito religioso mais verossímil, foi facilmente denunciada e questionada pela opinião pública no exterior, até agora não há uma investigação que desmascarasse em definitivo Chico Xavier, que sempre foi um mito bastante confuso, contraditório e envolvido em graves escândalos.
Falta de capacidade de enfrentar um "homem de bem"? Não! O que há é, por um lado, o hábito de complacência de juízes, jornalistas e acadêmicos diante das irregularidades de Chico Xavier. Seduzidos pelo estereótipo do "caipira humilde", acrescido pelo do "velhinho frágil", achavam "muito cruel" desqualificá-lo mesmo quando fraudes cometidas por ele eram seguramente confirmadas.
Por outro, há a falta de alguém que tenha visibilidade suficiente para denunciar Chico Xavier de forma que tais denúncias fossem respaldadas pela justiça e derrubassem o mito do "médium bonzinho" que sempre blindou o maior deturpador da Doutrina Espírita.
BRASIL TEM MERCADO DA VISIBILIDADE CRUEL E INJUSTO
O próprio mercado da visibilidade no Brasil é extremamente cruel e injusto. A mídia brasileira é ideologicamente fechada, o mercado cinematográfico, responsável por documentários, e o meio acadêmico, que promove monografias, são castradores. O Brasil é o único país em que se criminaliza o pensamento contestador, uma visão que corresponde a resíduos ideológicos da ditadura militar ou da República Velha.
A mídia só acolhe pensamentos e ideias complacentes com o "estabelecido". O meio intelectual (que combina mercado cultural com ambientes acadêmicos) só aceita trabalhos meramente descritivos. Veiculos de valor muito duvidoso, como a revista Veja, de São Paulo, e a rádio Metrópole FM, de Salvador, para não dizer a Rede Globo, sediada no Rio de Janeiro, são exemplos dos péssimos "pedágios culturais" para as pessoas entrarem no afunilado mercado da visibilidade e da influência na opinião pública.
No exterior, Christopher Hitchens se valeu pelo fato de, como jornalista político e polemista habilidoso, conseguir influenciar a opinião pública e poder ter suas denúncias devidamente analisadas e debatidas. Diante da revelação de fatos, independente de quem diz mas favorecido pela visibilidade de quem denuncia, Madre Teresa pôde ser contestada, mesmo diante da enérgica resistência católica.
Aqui, isso não acontece. Fatos não chegam a ter importância, se não são noticiados por pessoas de notável visibilidade. Enquanto isso, dogmas e fantasias das mais absurdas são difundidas como "verdades absolutas" devido ao prestígio de quem os transmite.
Gerson Monteiro, da Rádio Rio de Janeiro, divulgou inverdades sobre a possibilidade de "vida em Marte", atribuindo um tolo pioneirismo de cerca de 80 anos (1935-1939) a Chico Xavier, por causa da visibilidade que o radialista "espírita" tem e o seu prestígio social. De que adianta dizer que o assunto já era fartamente discutido antes de Chico Xavier nascer e através de cientistas como Percival Lowell? Infelizmente, o que vale, no Brasil, é a visão de Gerson Monteiro.
Daí que não dá para investigar Chico Xavier e dizer, por exemplo, que a "psicografia" atribuída a Humberto de Campos é uma farsa comprovada. Continua prevalecendo a visão oficial de que Humberto serviu-se mesmo à tinta de Chico Xavier para escrever choramingos bíblicos, abrindo mão de seu talento "em nome da caridade".
Isso é um grande absurdo, e abriu caminho para Chico Xavier se utilizar da propaganda de Muggeridge feita por intermédio da adaptação do jornalismo da Rede Globo. Pelo jeito, Muggeridge acabou favorecendo mais Chico Xavier que Madre Teresa de Calcutá. Os seguidores de Chico Xavier deliram. Será que eles têm coragem de definir Malcolm Muggeridge como "espírito puro", tal qual seu ídolo de Pedro Leopoldo e Uberaba?
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