(Autor: Professor Caviar)
São dois pesos e duas medidas. O ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, é escorraçado pela grande mídia e por uma parcela da sociedade que lhe dá ouvidos, exagerando no direito de oposição ao PT que sucumbe a uma difamação gratuita, a um assassinato de reputação dos mais torpes, cruéis e impiedosos.
Lula é acusado, sem que haja provas realmente consistentes, de participar de um esquema de corrupção da Petrobras. A histeria popular, tomada de completa desinformação, é manipulada pela emoção e, por isso, se volta com o mais puro ódio contra Lula, que, como presidente, foi um dos poucos a implantar reformas sociais benéficas para a população.
Por outro lado, vemos Francisco Cândido Xavier gozando, mesmo postumamente, da mais absoluta impunidade. Charlatão religioso, canastrão da fé e das frases prontas, ele surgiu como um tendencioso escritor de pastiches literários dos mais grotescos, que eram atribuídos a autores mortos. A atitude, irresponsável, era explícita, porque os estilos das "obras psicografadas" não condiziam com os dos autores alegados deixados em vida. E isso era evidente à primeira leitura.
Apesar disso, Chico Xavier não só escapou de qualquer punição legal, como também goza da mais extrema adoração popular, a ele sendo atribuído as mais insólitas qualidades de evolução moral e intelectual que o anti-médium de Pedro Leopoldo e Uberaba nunca teve, como "filósofo", "cientista político" e "ativista social".
São ambas as posturas movidas pela emoção e não pelo raciocínio. As pessoas não param a pensar diante do ridículo de tais posturas, Ninguém observa, por exemplo, a encenação do juiz paranaense Sérgio Moro, que se comporta como se fosse um policial caricato de Hollywood, fazendo até pose de sério, saudado pelos tendenciosos empresários da grande mídia.
Da mesma forma, as pessoas que endeusam Chico Xavier chegam mesmo a falar asneiras do tipo "deixa ele ser charlatão, porque ele ajuda muita gente", até porque sabemos que a tão alardeada "bondade" de Chico Xavier nunca passou de uma farsa, de uma conversa para boi dormir, porque até agora o Brasil não teve uma transformação significativa na sociedade.
MITO "BONDOSO" DE CHICO XAVIER FOI ARMADO PELA GLOBO
O que ocorre é uma série de ideias mentirosas trazidas pelos meios de Comunicação. O mito de Chico Xavier, tão "adorável", tão "bonzinho", o "amor personificado", foi fabricado pela mesma Rede Globo de Televisão que lincha Lula, num contexto sócio-político que ninguém tem o cuidado de observar.
A ditadura estava em crise, em 1980. Havia um risco de convulsão social. A grande mídia e as elites corriam o risco de perder privilégios. Não se podia reativar o AI-5, extinto de forma humilhante em 1978. E aí o que os barões da mídia fizeram? Tiveram que recorrer a um ídolo religioso para anestesiar as almas transtornadas. Nada de ação de bem ou de paz, mas de manipular mentes, mesmo.
Daí que Chico Xavier teve o mito retrabalhado e reciclado pelas Organizações Globo, antes hostis ao anti-médium. Os tempos eram outros. A Globo tomou como base o documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God), que o jornalista católico Malcolm Muggeridge fez sobre Madre Teresa de Calcutá, e montaram o mito do "médium" mineiro sob os mesmíssimos moldes do documentário da BBC.
Assim, Chico Xavier seguiu o mesmo roteiro que Muggeridge armou para Madre Teresa: ele chegava a uma casa de caridade acolhido pela multidão. Falava com velhinhos doentes e pobres. Observava doentes prostrados nas camas. Segurava bebês no colo. Via meninos carentes tomando sopinha. Dava depoimentos com frases de efeito, sobretudo ideias próprias da Teologia do Sofrimento, ideologia católica que fazia apologia à desgraça humana, defendida por Chico e Teresa.
Tudo era o mesmo roteiro de Muggeridge. Os brasileiros eram enganados de graça. O mito de Chico Xavier como "o maior exemplo de bondade e caridade do Brasil" era uma farsa armada pela Rede Globo de Televisão para anestesiar as pessoas, se aproveitando de sua fé religiosa. Glorificar um homem que defendia o silêncio como "voz da sabedoria", sendo uma espécie de "AI-5 do bem", era um meio de deixar as pessoas resignadas com a situação e não lutar por melhorias sociais.
É a mesma Globo que trata Lula como se fosse um monstro a ser exterminado. O poder de manipulação da Globo é notório, mas as pessoas não percebem que até Chico Xavier fez parte desse cardápio de manipulação que incluiu Fernando Collor, "funk carioca", Fernando Henrique Cardoso, Big Brother Brasil e outros subprodutos do hipnotismo "global". E ela luta para derrubar Lula, sem medir escrúpulos de caluniar e divulgar mentiras grosseiras só para desmoralizar o ex-presidente.
É a mesma Globo que trata Lula como se fosse um monstro a ser exterminado. O poder de manipulação da Globo é notório, mas as pessoas não percebem que até Chico Xavier fez parte desse cardápio de manipulação que incluiu Fernando Collor, "funk carioca", Fernando Henrique Cardoso, Big Brother Brasil e outros subprodutos do hipnotismo "global". E ela luta para derrubar Lula, sem medir escrúpulos de caluniar e divulgar mentiras grosseiras só para desmoralizar o ex-presidente.
POR QUE CHICO XAVIER ERA MAIS CORRUPTO?
A verdade, porém, é que Chico Xavier foi mais corrupto do que Lula. Chico praticou mais fraudes com seus mais de 400 livros e vários atos cometidos em 70 anos. A "mediunidade" praticada por Chico Xavier não passou de uma farsa. E isso é constatado sem ódio, sem rancor, sem um pingo de mágoa ou impiedade. Essa constatação se dá apenas por uma única palavra: OBSERVAÇÃO.
As mensagens "mediúnicas" não tinham os estilos dos mortos a quem as mesmas eram atribuídas. Mas tinham o estilo do "médium", o mesmo apelo igrejista, e tudo o mais. Deve-se levar em consideração o fato de que os apelos igrejistas são um artifício para dissimular a fraude, porque ninguém iria reagir mal a uma mensagem tida como "bondosa" e com "mensagens cristãs".
A "bondade" de Chico Xavier, no entanto, cometeu crueldades severas. Não bastasse ele ter lançado, sob o rótulo da Doutrina Espírita, ideias contrárias ao pensamento de Allan Kardec, ele ainda realizou "psicografias" que nada correspondiam aos estilos dos autores originais. E mostravam o mesmo estilo de escrita e mensagens de Chico Xavier.
Como é que as pessoas vão tomar como autênticas mensagens que, atribuídas a Auta de Souza, Humberto de Campos, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Irma "Meimei" de Castro e outros, nada têm a ver com seus respectivos estilos, sendo todos o estilo pessoal de Chico Xavier?
Isso é declaração de gente odiosa, impiedosa e caluniadora? Não, em nenhum momento! Essa é a constatação resultante de observação, comparando leituras, contextos biográficos, conteúdo de mensagens e tudo o mais. Pode-se mentir usando mensagens de apelo religioso, as piores mentiras são aquelas carregadas de recados aparentemente bondosos, fascinantes e consoladores.
Chico Xavier defendia demais o silêncio como "melhor manifestação" do indivíduo e dizia para ninguém questionar. Os tolos que o seguem consideram isso "ativismo moral". Mas isso, além de ser uma forma de censura - lembremos que Xavier defendia a ditadura logo quando ela era mais cruel - , era uma forma das pessoas não verificarem as fraudes cometidas pelo "médium".
Ele apoiou fraudes de materialização e ainda forjou atestados de "autenticação" das farsas. Ele realizou pastiches e plágios literários, que claramente podem ser identificados com uma leitura atenta. Nos últimos anos, ele lançava livros sem ter uma única participação, porque estava doente, era cheio de compromissos e por isso, a partir dos anos 80, poucos eram os livros em que o "médium" escrevia (da própria mente), já que vários teriam levado sua autoria sem que ele escrevesse uma vírgula.
Só o currículo de fraudes de Chico Xavier é mais grave e muito mais longa que a corrupção que se atribui a Lula. O "médium" era uma das pessoas mais corruptas do mundo, e usou o nome de Humberto de Campos como revanche, porque não gostou das críticas irônicas que o autor maranhense escreveu sobre Parnaso de Além-Túmulo.
O próprio livro de "poemas mediúnicos", resenhado por Humberto, já era uma aberração. Lançado em 1932 como a "primeira psicografia de Chico Xavier", a obra, que se anunciava como um "trabalho acabado dos espíritos benfeitores", passou por alterações bruscas e estranhas cinco vezes, por motivos não raro constrangedores e ao longo de duas décadas.
Só para entender que tal constatação não parte de "rancorosos anti-chiquistas", Suely Caldas Schubert, amiga e admiradora de Chico Xavier, acabou deixando vazar que ele e editores da Federação "Espírita" Brasileira haviam combinado alterações em Parnaso de Além-Túmulo, corroborando, sem querer, a "inconcebível" tese de Alceu Amoroso Lima de que a obra foi uma farsa montada pela equipe editorial da FEB.
Na carta, Chico Xavier se dirige a Antônio Wantuil de Freitas - infelizmente, Suely só reuniu cartas que Chico escreveu, não as que ele havia recebido em resposta - e cita um editor da FEB, Luiz da Costa Porto Carreiro Neto, pedindo a eles "revisão meticulosa" do livro poético, porque Chico Xavier não tinha tempo disponível para tal tarefa:
"Faltam-me competência e possibilidade para cooperar numa revisão meticulosa, motivo pelo qual o teu propósito de fazer esse trabalho com a colaboração do nosso estimado Dr. Porto Carreiro é uma iniciativa feliz. Na ocasião em que o serviço estiver pronto, se puderes me proporcionar a “vista ligeira” de um volume corrigido, ficarei muito contente (...)". (In: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. Rio de Janeiro: Editora da FEB, 2010).
Trata-se de uma farsa revelada, ainda que sem querer, não por algum detrator de Chico Xavier, mas, por acidente, por alguém solidário e fascinado por ele. E mostra o quanto Alceu Amoroso Lima (também conhecido pelo codinome Tristão de Athayde) tinha razão ao dizer que Parnaso de Além-Túmulo era obra de editores da FEB.
Ironicamente, Chico Xavier, em 1971, na famosa entrevista ao programa Pinga-Fogo, da TV Tupi de São Paulo, manifestava sua defesa apaixonada à ditadura militar, alegando que os generais (e, por conseguinte, os coronéis, torturadores e assassinos) estavam construindo um "reino de amor" (?!) da humanidade futura.
Enquanto Chico reafirmava essa postura despejando comentários odiosos contra operários e trabalhadores rurais - o que derruba a imagem de bom-mocismo do "médium" mineiro - , o católico Alceu Amoroso Lima, que chegou a defender a queda de João Goulart em 1964, passou para a oposição enérgica à ditadura militar, postura que ele exerceu já em 1971.
Portanto, há que se convir que Chico Xavier foi mais corrupto do que Lula. E que a sociedade, ficando complacente com o "médium" brasileiro, não tem moral alguma para acusar Lula, Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores de corruptos, porque endeusa um escritor de pastiches literários, um farsante, um charlatão explorador das tragédias familiares e ainda vem com asneiras do tipo "deixa Chico Xavier mentir à vontade, ele é bondoso". Chiquistas são hipócritas.
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