Chico Xavier eliminou a dignidade do Espiritismo. Graças a ele, doutrina não é levada a sério fora de seu meio
(Autor: Kardec McGuiver)
O "Espiritismo" brasileiro já nasceu deturpado. Ancorado não em Kardec, mas em Roustaing, teve que recorrer ao prestígio do primeiro para angariar credibilidade pois o último não tinha carisma necessário para atrair multidões para que a "doutrina" se estabelecesse no Brasil, satisfazendo os interesses de suas lideranças, dissidentes católicos que acreditavam em vida pós-morte.
A FEB seguia sua forma deturpada construindo uma espécie de Catolicismo reencarnacionista, para que pudesse se estabelecer sem a intolerância de católicos assumidos que tinham preconceito contra a palavra "espírita", já que os infelizmente sempre rejeitados membros de religiões afro tiveram que usar a mesma palavra para designar o que faziam, com a intenção de driblar o preconceito racista.
E aí veio toda essa confusão que acabou deturpando totalmente a doutrina. Mas isso agradou as lideranças, pois o não-rompimento com dogmas católicos serviu para atrair muita gente para o que elas pensavam ser o "Espiritismo". Sem saber os católicos foram beneficiados com isso pois o alegado "cientificismo" dos"espíritas" serviu para "legitimar" seus dogmas, como se fizessem parte da realidade de um passado remoto.
Mas aí veio o maior garoto propaganda da "doutrina", um cara com carisma o suficiente que com a ajudinha de algumas lendas poderia muito bem consagrar a forma deturpada e se tornar bastante popular, fazendo com que os interesses das lideranças pudessem ser plenamente satisfeitos: Francisco Cândido Xavier.
O PROPAGANDISTA
Xavier era um sujeito comum que foi excomungado pela Igreja Católica, que tanto amava e nunca deixou de amar, por ter alguma paranormalidade, o que era reprovada pela Igreja. As lideranças "espíritas" também dissidentes do Catolicismo, viram muitas afinidades no médium e o convenceram a abrigá-lo dentro da "doutrina".
Como perceberam que Xavier tinha características que poderiam ser perfeitas para atrair pessoas para a Igreja "Espírita", ele logo foi transformado em divindade viva, tornando um perfeito imã a encher a doutrina de pessoas e os cofres da FEB de dinheiro. Xavier, bom leitor de livros, passou a escrever, colocando o nome de supostos espíritos como autores, criando o que se conhece como "literatura mediúnica" ou "livros psicografados".
Não que a psicografia não existisse. Mas porque o médium não era a melhor pessoa para fazer isso, sendo utilizado mais como um misto de propagandista da seita com "galinha dos ovos" de ouro da FEB. Com renda supostamente indo para "a caridade" (algo que nunca foi comprovado), os livros assinados por Xavier venderam como água em tempos de seca.
Só que Xavier nunca entendeu a doutrina. Seu compromisso era com a Igreja Católica Apostólica Romana. O "Espiritismo" era apenas o seu capital social, o meio que tinha para angariar amigos, sócios e (muitos) admiradores. Apesar de não entender uma linha da obra kardeciana, seu mito foi construído para ser a "maior liderança do 'Espiritismo' " não somente no Brasil, como no mundo, soterrando de vez a influência de Allan Kardec, hoje reduzido a uma espécie de atestado de qualidade e de confiabilidade.
BRINCADEIRA IRRESPONSÁVEL
E muitas asneiras foram publicadas em nome da "doutrina", já que Xavier, por não entender bulhufas, escrevia o que entendia em seus livros, criando um paralelo doutrinário sem pé nem cabeça, mas que foi difundido como "atualização doutrinária", facilmente engolida pelos fiéis ingênuos que se apaixonaram cegamente pelos estereótipos de bondade construídos em torno do médium.
Aí uma verdadeira confusão se instalou. E mesmo com Xavier inserindo um monte de erros doutrinários, suas lideranças não queriam romper totalmente com Kardec, pois precisava do codificador como uma espécie de "atestado de qualidade".
Chegaram a cometer a ousadia de inventar que Xavier era a reencarnação do codificador, embora as ideias dos dois entrassem em explícita contradição: Kardec e Xavier não concordavam em nada e as ideias propostas pelo médium mineiro davam sinais claros de retrocesso espiritual, pois descartavam definitivamente a racionalidade proposta pelo codificador.
Assim foi construída uma doutrina confusa, contraditória. Uma igreja que não se assumia como igreja, mas agia como igreja. Uma igreja que usava o nome da Ciência em vão, no desespero de tentar autenticar os absurdos que lançavam através de obras e palestras. Uma relação não recíproca, pois os cientistas de credibilidade já não levam mais a sério tudo que se fala em nome da doutrina, hoje transformada em uma brincadeira irresponsável.
Com isso, fora dos centros e de seus meios, o "Espirtismo" brasileiro acabou perdendo a credibilidade. Ate mesmo Kardec, sequestrado pela "doutrina", é visto fora do meio como "cúmplice" de várias ideias tolas que transformaram a doutrina que deveria ser científica numa igreja de deslumbrados.
Mesmo o Espiritismo original, que era uma ciência a estudar aquilo que ia além do que conhecemos como matéria, perdeu a credibilidade, se tornando objeto de chacota e de desconfiança, graças as malucas ideias lançadas nos livros de Chico Xavier, que infelizmente se tornou a maior cara da doutrina para os brasileiros. Com isso, muitas pesquisas são interrompidas e ainda vamos levar muitos séculos para estudar de fato a não-matéria e os estados desconhecidos da matéria, a serem descobertas pela Física Quântica e não mais pelo desacreditado Espiritismo.
Chico Xavier foi o maior inimigo interno do Espiritismo e como um vírus destruiu a doutrina colocando uma igreja de fé cega em seu lugar. Travou a evolução espiritual de multidões e colocou ilusão no lugar de sabedoria. A credibilidade do Espiritismo, mesmo o original kardeciano, foi completamente arruinada por este intruso católico que veio muito mais para complicar do que para explicar. A doutrina perdeu muito com a entrada de Chico Xavier. É preciso que eliminemos-o definitivamente da historiografia doutrinária. Para o bem da doutrina e da humanidade.
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