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A mentira bem-sucedida do "espiritismo" brasileiro

(Autor: Professor Caviar)

Graças a Francisco Cândido Xavier, o "espiritismo" tornou-se a mentira mais bem-sucedida do Brasil, e o próprio "médium" a pessoa mais beneficiada por qualquer tipo de impunidade decidida na história do país.

Atualmente, os "espíritas" parecem ter a consciência "tranquila", com a "certeza" - ou seria uma ilusão? - de que passarão por cima de qualquer escândalo, de que estão acima da lógica e do bom senso, de que estão acima do bem e do mal e por isso nada conseguirá provar qualquer irregularidade.

O próprio Chico Xavier mostra, em sua confusa trajetória, uma coleção de irregularidades. Há os pastiches literários, em que a imitação grosseira dos estilos de autores já falecidos mal conseguia apresentar semelhanças verossímeis, se também mostravam diferenças aberrantes e queda de qualidade em relação ao que os autores alegados nos deixaram em vida.

Há as fraudes "mediúnicas", que os "espíritas" tentam jogar a sujeira por baixo do tapete, achando que nem Jesus Cristo conseguiria provar tais farsas. Nas "psicografias", Chico Xavier escrevia cartas de "diferentes espíritos" que, no entanto, eram sempre parecidas, tinham a caligrafia do "médium" e o mesmo apelo religioso, o que dava ao público a impressão de que o mundo espiritual era sempre uma igreja.

Chico Xavier também se envolveu com supostas atividades de psicofonia, cuja irregularidade estava pelo fato de apenas uma pessoa divulgar a atividade, o viúvo de Irma de Castro Rocha, jovem mineira falecida prematuramente e que era conhecida como Meimei, o ex-atleta Arnaldo Rocha, que faleceu poucos anos atrás.

Xavier também se envolveu com fraudes de materialização, como aqueles espetáculos grotescos de pessoas com fios de gaze e algodão colocados na boca e modelos encapuzados com lençóis brancos com a foto de uma pessoa falecida colada na cabeça (as chamadas "cabeças-de-papel"). E o "médium" assinava atestado dizendo que tudo aquilo era "autêntico".

Ele também participou de fraudes de psicofonia alheias, como uma suposta aparição de Emmanuel, em que uma maquete cujo corpo lembra uma réplica do Cristo Redentor, mas com uma moldura de cabeça feita para nela ser colada uma fotocópia da gravura do padre jesuíta, muito conhecida na Internet.

E isso fora o caso Otília Diogo, em que o "movimento espírita" apelou para uma malandragem para tentar salvar Chico Xavier: "cúmplice não é culpado". Infelizmente, a lorota vingou, porque era com o festejado "médium", se fosse com, por exemplo, um político do antigo PTB pré-1964 ou um petista hoje, a manobra não teria vingado. A sociedade, infelizmente, seleciona seus "beneficiados" e "prejudicados".

Chico Xavier claramente acompanhou a preparação do espetáculo de Otília Diogo. Ele sabia tudo do que ela estava fazendo. Conversava animadamente com os responsáveis. Parecia feliz da vida diante dos preparativos. Como dizer que ele foi "enganado" ou "não sabia das coisas", se ele até fez atestado para tentar legitimar aquela farsa?

Outro dado sombrio de Chico Xavier era o seu ultraconservadorismo. Paciência. Ele era um caipira do interior mineiro, de família católica, nascido no contexto da República Velha corrupta e patrimonialista, da sociedade coronelista e moralista, e suas ideias mostram um conservadorismo que beira o reacionário.

Chico Xavier está associado a uma corrente das mais retrógradas da Igreja Católica, a Teologia do Sofrimento. É uma ideologia que prega a quem sofre a conformação com suas próprias desgraças a ponto de tê-las que suportá-las em silêncio e em sigilo pessoal, para não perturbar os confortáveis, além de ter de orar em silêncio e esperar pelas "bênçãos futuras", que geralmente serão póstumas.

Desaforo? Não. Vejam as frases de Chico Xavier. Em suma, elas querem dizer "Sofra amando", "sofra sem queixumes", "sofra sem demonstrar sofrimento aos outros", "o silêncio é a voz dos sábios", "na pior das desgraças, os rios, as flores e os passarinhos vivem como sempre viveram todos os dias", "aguarde com fé, orando em silêncio, porque depois tudo passa".

Tudo isso é Teologia do Sofrimento. Postura semelhante rendeu a Madre Teresa de Calcutá - muito comparada com Chico Xavier - o título de "anjo do inferno" e a acusação, comprovada por pesquisas acadêmicas sérias, de que a freira albanesa havia maltratado os enfermos acreditando no "poder" da Teologia do Sofrimento, tornou-se uma mancha na reputação da "filantropa".

Aqui, porém, Chico Xavier é visto como "ativista" e "progressista" por tais ideias. Infelizmente. Está nas mídias sociais. Isso é um absurdo! Como alguém pode ser "ativista" defendendo o sofrimento em silêncio? Ele chega a dizer para a pessoa sofrer calada e aguentar a dor sem sequer expressá-la para seus familiares! Como alguém pode ser "progressista" defendendo que a pessoa "aguente suas desgraças sem queixumes"? Isso só prova o contrário: Xavier era apenas ultraconservador.

É estarrecedor como um sujeito desses é beneficiado pelo verniz de "amor e bondade", da "humildade plena", de uma "caridade" duvidosa na qual só existem dados confusos, contraditórios, nebulosos. Chico Xavier ajudou quem, mesmo? Será que ele realmente ajudou? Aquela "caridade" com as famílias dos mortos não estaria escondendo uma exploração sensacionalista de suas tragédias, que servia para promover a vaidade pessoal do anti-médium de Pedro Leopoldo e Uberaba?

Os defensores de Chico Xavier não conseguem definir a "bondade" dele. Tomados de cegueira religiosa, eles apenas fazem especulações, palpites, suposições, ideias vagas, recorrem até mesmo a fantasias, só para "tentar provar" que Chico Xavier era "o homem mais bondoso do país", quando se sabe que tudo isso não era mais que propaganda enganosa da Rede Globo e da FEB, feitas nos mesmos moldes que o esperto Malcolm Muggeridge fez com Madre Teresa.

E aí Chico Xavier espalhou seu "bom exemplo" para o "movimento espírita" como um todo. Ele desenvolveu uma péssima escola, ensinando errado e criando discípulos, adeptos e herdeiros de sua prática irregular. De Divaldo Franco a um membro anônimo de "centros espíritas", Chico Xavier espalhou a peste peçonhenta da deturpação "espírita", que simplesmente desmoralizou as lições arduamente elaboradas por Allan Kardec, que foi incompreendido e deturpado no Brasil.

E aí vemos o que é o "espiritismo" brasileiro hoje. Uma religião cafajeste, que se alimenta de suas próprias contradições, usando o verniz da "bondade" e da "caridade" para enganar as pessoas com mistificações e mentiras que se apoiam na aparência do "bom mocismo". E, por se acharem "bonzinhos", os "espíritas" acham que podem sair ilesos, imunes e impunes de qualquer enrascada.

Só um país marcado pela impunidade, pela ignorância, pela mistificação e pela complacência para aceitar esse "espiritismo" que teria sido reprovado definitivamente pelo próprio Allan Kardec, que com toda sua calma de professor dedicado, paciente mas exigente, apontaria toda uma infinidade de incoerências e farsas cometidas pelos "espíritas" brasileiros.

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