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Esquerdas se apegam em Chico Xavier e pagam o preço caro por isso

 (Autor: Senhor dos Anéis)

As esquerdas, ainda presas na fantasia do "médium fada-madrinha" que o senso comum tem em relação a Francisco Cândido Xavier, pagam o preço caro de se apegar a esse ídolo religioso extremamente conservador (e que, se vivo estivesse, seria um bolsonarista radical) e começam a sofrer reveses.

Muitos denunciam as esquerdas de não se mobilizarem para reconquistar os espaços perdidos, mas que, iludidas nas redes sociais - onde as chamadas "bolhas" são ilhas de concordância entre seus membros isolados - , acham que estão vitoriosas, com Lula precipitadamente anunciado como "presidente eleito" a vários meses antes de começar a campanha presidencial.

Irritada, arrogante e triunfalista, as esquerdas petistas são acusadas de esnobar a terceira via e subestimar o bolsonarismo, além de consentir que seu candidato favorito, Luís Inácio Lula da Silva, faça acordos até com empresários e políticos que não compartilham com as causas do líder petista. O adversário Ciro Gomes, que já foi ministro de Lula, alertou que o petista está fazendo acordo com políticos do MDB que fizeram golpe contra Dilma Rousseff em 2016 e as esquerdas ficaram enfurecidas.

As esquerdas não conseguem derrubar Jair Bolsonaro - de trajetória arrivista não muito diferente da de Chico Xavier - e sua mobilização não consegue surtir o efeito desejado, até porque elas têm mais o tom de festas, de micaretas ou convescotes, do que de protestos de verdade. E já se fala que a "grande manifestação contra Bolsonaro" de 15 de novembro próximo pode ser cancelada.

Perdendo a cabeça, as esquerdas estão acusadas de estarem paradas no tempo e se contentarem com as "manifestações" confortáveis nas redes sociais, o chamado "ativismo de sofá", que não provoca efeito concreto algum e só serve para gerar monetização nos canais dos políticos do PT e de partidos amigos, através das chamadas "lacrações", espécie de "apoio da maioria" no jargão das redes sociais.

O pior é que as esquerdas também são acusadas de compartilhar valores culturais da direita e de atuar na carona de pautas do presidente Jair Bolsonaro, de extrema-direita, que já fez piadas citando alegorias como "jacaré", "ema", "leite condensado", "fuzil versus feijão" e, recentemente, o caso da distribuição de absorventes em hospitais públicos, cancelada pelo governo.

As esquerdas, perdidas, pautam suas postagens com o que Jair Bolsonaro diz ou faz de grotesco, além de, também, pautar seus assuntos com a imprensa hegemônica, hostil à causa esquerdista. E, entre os valores culturais da direita, as esquerdas são acusadas de apoiar a cultura popularesca - que, através de ritmos derivados da antiga música brega, cujos exemplos recentes são o "funk ostentação", a "pisadinha" e o "sertanejo universitário", tratam o povo pobre de maneira caricatural - e de exercer uma religiosidade conservadora, a ponto de cultuarem o direitista Chico Xavier.

E aí temos um elenco de pessoas de esquerda que caíram no canto de sereia de Chico Xavier (erroneamente tratado como "alma-gêmea" de Lula): o escritor Ribamar Fonseca (que já escreveu romances "espíritas"), o jornalista Ricardo Kotscho, o influenciador digital Leonardo Stoppa, e mesmo o crítico das esquerdas "namastê", o semiólogo paulista Wilson Roberto Vieira Ferreira, que produz o blog Cinegnose e que vira "namastê" diante do suposto "médium espírita". 

Todos eles deveriam emitir um comunicado pedindo desculpas por apoiar uma figura religiosa tão reacionária como Chico Xavier, que em seu tempo produziu livros de autoria fake - as supostas "psicografias" (psicografakes, segundo os críticos do "espiritismo" brasileiro) - , apoiou aberta e radicalmente a ditadura militar (e foi premiado por isso!) e fazia uma pretensa "caridade" tão fajuta, oportunista e ofensiva aos pobres como Luciano Huck, com direito ao ritual do beija-mão que pessoas miseráveis, constrangidas, se submetiam ao "médium".

Espera-se que eles enviem um dia um comunicado expressando sua mea culpa em apoiar um figurão religioso tão traiçoeiro, os esquerdistas se silenciam e omitem, precisando eles verem o programa Pinga Fogo da TV Tupi - disponível no YouTube - e lerem os livros de Chico Xavier (fundamentados na Teologia do Sofrimento, corrente radical do Catolicismo medieval, considerado o "holocausto do bem" e apelidado de "Evangelho Segundo Pôncio Pilatos"), que era um árduo defensor da precarização do trabalho e da submissão incondicional aos patrões, mesmo quando abusivos.

Mas enquanto o pessoal esquerdista, tomado pela fascinação obsessiva em torno de Chico Xavier e sua imagem tendenciosa de mesclar seu rosto em paisagens floridas e celestiais, forçando o perigoso recurso do "bombardeio de amor", mais uma pessoa se soma ao clube esquerdista a passar pano no "médium" direitista.

Erika Kokay, deputada federal do PT e relatora da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, passou pano ao aceitar o pedido do deputado federal do PP, Franco Cartafina, representante da chamada "Bancada do Boi" que envolve defensores do latifúndio e do agronegócio, de incluir o nome de Chico Xavier no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, mesmo sem um motivo fundamentado que se possa justificar a inclusão.

Afinal, as alegações de que Chico Xavier "fez caridade" e "dedicou toda sua vida pelo amor ao próximo" são muito vagas, nunca tiveram um pingo de fundamentação nem embasamento nem um mínimo de provas factuais, sendo difundidas de maneira superficial e com argumentos especulativos, genéricos - tipo "Chico Xavier ajudou milhares de pessoas" - , na prática grande boataria que só mostra que o "bondoso médium" foi um precursor da falsa caridade hoje simbolizada por Luciano Huck, discípulo confesso do beato que encerrou seus dias em Uberaba.

Erika atuou de forma complacente, quando ela deveria ter impedido Cartafina de realizar sua delirante ideia. Afinal, se devia verificar se havia provas e alguma documentação que fundamentasse o pedido, mas ele foi jogado ao vento, e todo mundo aceitou sem observar.

Em seu tempo, Chico Xavier nunca fez caridade. Sua suposta filantropia era, na verdade, praticada pelos seus seguidores e nunca pelo "médium". As "cartas mediúnicas" foram um festival de equívocos que só provocou sensacionalismo e explorou perversamente as tragédias familiares. 

E, além disso, quando Chico Xavier dizia, em sua obra doutrinária, que os oprimidos deveriam suportar suas desgraças "em silêncio e sem queixumes", ele estava renegando a ajuda aos aflitos, pedindo para que eles "segurem a barra" sob a desculpa de que "Deus irá socorrer no momento oportuno" (leia-se velhice ou a encarnação posterior).

Que Chico Xavier seja cultuado pela direita ou por bolsonaristas, vá lá. Aliás, os bolsonaristas são os seguidores mais tranquilos de Chico Xavier, porque não precisam explicar sua posição, pois as ideias entre o "médium" e o atual presidente da República são muito idênticas (até o lema "Brasil, Acima de Tudo, Deus Acima de Todos" de Jair Bolsonaro mais parece uma versão "tio do pavê" do lema "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" de Chico Xavier).

O que não pode são as esquerdas cultuarem esse 'médium" de direita, não justificando a imagem dócil que o ídolo mineiro mantém no imaginário das pessoas. E elas acabam pagando o preço caro por isso, vide a figura azarenta de Chico Xavier, um sujeito ultraconservador que, em vida, manifestou completo e radical repúdio a figuras de esquerda em geral como o ex-presidente João Goulart e o hoje pré-candidato a novo mandato presidencial, Lula. Está nas palavras do "médium", não é especulação, não.

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