(Autor: Professor Caviar)
No dia em que os "espíritas" lembraram, com fanática saudade, os 15 anos de falecimento de Francisco Cândido Xavier, o Supremo Tribunal Federal, na pessoa do ministro Marco Aurélio Mello, vetou o pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e ainda o presenteou com a autorização para retomar o cargo no Senado.
Foi no último dia 30 de junho, um mês que terminou favorável para o tucano envolvido em vários escândalos de corrupção. A irmã dele e parceira em esquemas de propinas, Andrea Neves, e o primo Frederico Pacheco, também envolvido em alguns deles, deixaram a prisão.
Aécio Neves é blindado pelo poder midiático, embora hoje certos veículos de comunicação que tanto o apoiaram já começam a se opor a ele. Em todo caso, Aécio Neves é um Chico Xavier do seu tempo, que pode aprontar das suas que ninguém pegaria. Se vê que Chico Xavier realizou obras fake com o nome de Humberto de Campos e saiu impune dessa porque os juízes, um tanto bitolados, se ocuparam em excesso na questão dos direitos autorais e se esqueceram de ver que o conteúdo claramente NÃO condiz ao estilo do escritor maranhense.
A única diferença é que Aécio Neves não tem o outro aspecto oportunista de Chico Xavier, o Assistencialismo - com requintes de puro exibicionismo, fazendo "carreatas" para distribuir uns poucos mantimentos e roupas usadas que as elites descartavam apenas porque estavam "velhas e fora de moda" - , que mais ajuda o "benfeitor" do que o necessitado, é marca de outra pessoa, o amigo de Aécio e apresentador de TV Luciano Huck.
Tanto Aécio quanto Huck admiram Chico Xavier. Fizeram comentários elogiosos. Huck até viu o filme biográfico sobre o "médium", com sua esposa e colega Angélica. O apresentador também esteve em Pedro Leopoldo para gravar uma edição de seu Caldeirão do Huck, da mesma Rede Globo que blinda Chico Xavier desde que reinventou o mito do "médium" como um suposto filantropo, com bases num documentário de Malcolm Muggeridge sobre Madre Teresa de Calcutá.
O ministro Marco Aurélio Mello usou como desculpas para liberar Aécio as de que "o mandato do senador é coisa séria", "não há crime inafiançável que justifique tais sentenças que o atingem" e "as sentenças ameaçam um político democraticamente eleito". Elas foram usadas numa habitual retórica jurídica num documento de dezesseis páginas.
Aécio Neves é o artífice do golpe político que ceifou o mandato de Dilma Rousseff. O vice desta, Michel Temer, a traiu e acolheu o tucano que lhe ofereceu o programa de governo, que envolve medidas amargas como a reforma trabalhista (que libera os abusos a serem praticados pelo patronato em geral) e a reforma da previdência (que adia a aposentadoria para o fim da vida).
Ambas as reformas do governo Temer, pelo jeito, também são acolhidas pelos "espíritas", já que suas publicações e suas palestras a cada vez mais enfatizam o apelo aos sofredores para "aguentar o sofrimento", "ter paciência", "mudar os pensamentos", "reformular os planos de vida" etc. Há até a confusão entre "desgraça" e "desafio", algo como confundir afogamento com natação. Esse excesso de apelos neste sentido sugere que os "espíritas" gostam muito do governo Temer.
E pelo jeito gostam muito de Aécio Neves, que personifica aquele político bonapartista que os "espíritas" tentam atribuir como um "novo cristo" a "salvar a humanidade" com seu "messianismo político". Um discurso semelhante ao que os "espíritas" fizeram com Fernando Collor, apoiado abertamente por Chico Xavier. Tudo em casa. A doutrina que deturpou o legado original kardeciano tinha mesmo que apoiar políticos fisiológicos.
Afinal, se as redes sociais começam a espalhar a metáfora cacófata "solta o cano que não cai" ("só tucano que não cai"), já se começa a também divulgar a outra, "só espirre, tá, que não cai" ("só espírita que não cai"). Como Chico Xavier, Aécio Neves nasceu em Minas Gerais e faz aquele tipo do "come quieto" do anedotário popular.
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