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Uma ilusão chamada Chico Xavier

 (Autor: Senhor dos Anéis)

Pode parecer muito perverso dizer que certas frases de Francisco Cândido Xavier desprezam a própria vida humana. A positividade tóxica do "médium" é notória, e é tão tóxica que cria uma falsa impressão de alegria e serenidade que, na menor contrariedade, se convertem em fúria e irritação.

Vejam estas frases:

"Sobre a Terra, tudo é ilusão, tudo passa, tudo se transforma de um instante para outro. O que conta é que guardamos dentro de nós, tudo mais há de ficar com o corpo, que se desfará em pó.

Devemos aceitar a chegada da chamada morte, assim como o dia aceita a chegada da noite - tendo confiança que, em breve, de novo há de raiar o Sol!...".

O que significam elas? Que devemos jogar fora nossas encarnações, aceitar o sofrimento, porque toda encarnação é uma sentença criminal e tudo o que desejarmos fazer para intervir na matéria bruta da Terra é inútil, e que dá para adiar nossos planos de vida para daqui a 50 anos, quando se presume que um desencarnado, ao reencarnar, volte a ter a lucidez e as condições sociais para "retomar seu caminho"?

Não, nada disso. As frases têm um único beneficiário: o próprio Chico Xavier.

A ideia de Chico Xavier dizer que "tudo é ilusão" é uma forma de garantir a impunidade que o maior deturpador de toda a história do Espiritismo recebeu de 1944 até, postumamente, depois de 2002. Um sujeito que carrega nas suas sombras a morte suspeitíssima do sobrinho Amauri Xavier - que teria sido morto por "queima de arquivo" - e apoiou a ditadura militar a ponto de ser condecorado pela Escola Superior de Guerra (que nunca premiaria quem não colaborasse com a ditadura) nos faz desconfiar, e muito, da suposta beleza de tais frases.

Em primeiro lugar, essa mensagem é um convite para as pessoas passarem pano em Chico Xavier, e hoje vivemos uma onda de passa-pano no "médium" em que, mais uma vez, o gado humano chiquista repete quase que sem saber o bordão que está na moda: "o médium errou muito, mas ele foi importante para difundir a Doutrina Espírita".

De repente a palavra "caridade", pronunciada nesse "disco riscado" do imaginário chiquista, ficou menos pronunciada, porque se rebate que a "caridade" do suposto médium nunca teve provas e muito menos resultados, uma vez que, pela pretensa grandeza com que se falava de supostas ações, era para Chico Xavier ter transformado o Triângulo Mineiro na Escandinávia brasileira. Só que não.

E as comparações da "caridade" chiquista com a da figura não muito carismática de Luciano Huck - adepto fervoroso de Chico Xavier a ponto de se lembrar de fazer o Caldeirão do Huck ter edição em Pedro Leopoldo, cidade da região de Belo Horizonte que os próprios belo-horizontinos esquecem da existência - , e isso põe em risco a reputação do "bom médium", ainda mais quando Huck é conhecido por ser uma espécie de "pé-frio" para as personalidades que se tornam ligadas ao apresentador.

Mas não há gente mais pé-frio que o próprio Chico Xavier. Várias personalidades que prestaram alguma adoração a ele tiveram filhos mortos prematuramente, em tragédias surgidas "do nada". Juscelino Kubitschek foi dar consideração ao "médium" e sofreu os piores azares de sua vida, e mesmo um atentado que o matou num suposto acidente de trânsito - em circunstâncias semelhantes ao que matou a estilista Zuzu Angel - é oficialmente considerado um "acidente normal".

SOLIPSISMO

A "ilusão" da vida terrena é apenas uma desculpa para ninguém questionar Chico Xavier e todo mundo deixar tudo como está. Se há abuso, "tudo passa", é só passar o pano que "tudo passa". É só deixar para lá as coisas, e talvez nem nos preocupemos com abusos de toda espécie, porque viver na Terra é uma bosta, legal é viver num "mundo espiritual" que não sabemos direito do que se trata.

Nosso Lar é uma ilusão, e o "mundo espiritual" foi, através desse exemplo, concebido pelas paixões materiais. A transferência metafísica das ambições humanas e das paixões materiais não isenta a pessoa das dores e tentações da ganância, porque se sugere que no futuro se tenha, na "pátria espiritual", os mesmos benefícios materiais da Terra, as mesmas riquezas, o mesmo luxo.

Para que bancar o humilde e o desapegado na Terra, se imagina que terá fortunas e ouros no além-túmulo? De que adianta não querer muito dinheiro na orbe terrestre, se cobiça os "bônus-hora", espécie de cartão de crédito do imaginário mundo de Nosso Lar? De que adianta aceitar a ruindade da vida terrena, se não tem ideia se a vida espiritual é um vazio ou não?

A mensagem de Chico Xavier é altamente deplorável, não tem a beleza que muitos atribuem, aliás como em toda mensagem do "médium", envenenada sempre com uma positividade tóxica. Impõe-se o sofrimento mais pesado e depois o sofredor é aconselhado a fingir que está tudo bem. É a Teologia do Sofrimento, estúpido!

As pregações de Chico Xavier levam a crer que, para ele, o Brasil e, talvez, o resto do mundo, é um distrito de Pedro Leopoldo. O lamentável solipsismo de Chico Xavier despreza a vida moderna e, secretamente, demonstra ressentimento por não ter o talento peculiar de personalidades distintas. 

Daí que se roga azar e tragédia para quem é diferente. O Brasil é marcado por personalidades de talentos especiais que morrem cedo: Mário de Andrade, Humberto de Campos, Glauber Rocha, Leila Diniz, Renato Russo, Chico Science, Gláucio Gil, Cacilda Becker. Em contrapartida, é um país cujo povo tem medo de ver, por exemplo, feminicidas morrendo antes de 70 anos de idade.

Isso mostra o quanto o Brasil é conservador e os brasileiros que cultuam Chico Xavier mas se dizem "progressistas" deveriam lavar a boca com sabão e fazer uma lobotomia cerebral. Porque o ideário do "médium" é dos mais conservadores e seu conservadorismo extremo e medieval chega a ser pior do que o reacionarismo histérico dos "bispos neopenteques". Perto de Chico Xavier, o "bispo" Edir Macedo parece um guru hippie psicodélico.

No seu conservadorismo radical, Chico Xavier defende o trabalho precário e exaustivo, o privilégio dos patrões nos acordos trabalhistas, e para ele só existem poucas profissões a serem levadas a sério: professor, cozinheiro, servidor público, padre, médico. Parece que, para ele, o mundo é uma grande zona rural e o que estiver além disso é "ilusão terrena".

E um sujeito desses que vestia ternos dos anos 1930, com ideias retrógradas e uma visão medieval de mundo, ainda é visto como "moderno", "progressista" e, pasmem, "dono do nosso futuro". As pessoas que gostam de Chico Xavier deveriam consultar um psicanalista urgentemente, porque o apego ao "médium", mesmo com a desculpa de "admitir suas imperfeições e erros", pode gerar demência no futuro.

A verdade é que, se existe uma grande ilusão, essa ilusão se chama Chico Xavier. Uma ilusão que só a fascinação obsessiva de brasileiros bem de vida, mas desinformados e ignorantes quanto à deturpação que atinge o Espiritismo no Brasil, consegue se apegar, num vai-e-volta de uma adoração que encontra identificação na emotividade tóxica que corrompe muitos brasileiros.

Sim, porque as pessoas, apegadas a essa imagem "fada-madrinha" de Chico Xavier, só são alegres, felizes e serenas quando nada se conspira contra elas. Se surge alguma contrariedade, explodem com raiva, ódio e irritação sem controle. Daí que dizer que Chico Xavier "traz boas energias" é uma grande mentira: o que ele traz é o tóxico da mistificação e do fanatismo religioso.

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