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O medo preocupante de se saber a verdade

 

(Autor: Professor Caviar)

Onde aparece o senso crítico, a revelação de um fato desagradável ao senso comum e a divulgação de questionamentos aprofundados, as pessoas fogem de medo. Num momento em que o nível de senso crítico dos brasileiros atinge níveis mais baixos, isso é muito preocupante, e a grande ironia é que, num tempo considerado "amplamente democrático", os objetivos de calar a população sonhados pela ditadura militar na época em que se decretou o AI-5, há quase 55 anos, foram finalmente realizados.

As pessoas fogem de tudo que não representar narrativas oficiais. Pode ser uma verdade contundente, embora amarga e desagradável, que derrube antigas fantasias e reduza a pó as idolatrias e crenças consolidadas em cerca de 50, 60 anos. Pessoas adultas, consideradas experientes, idosos com netos, gente com diploma universitário, formadores de opinião, esse pessoal todo fugindo da verdade como o diabo do imaginário popular foge da cruz!

O quadro é extremamente assustador. Não se pode criticar X nem Y, não se pode usar o jornalismo investigativo para derrubar as zonas de conforto cognitivas das pessoas. A "objetividade" e a "imparcialidade" viraram pretextos para a complacência, e não falamos de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol nem Monark. De que adianta as pessoas falarem mal do Monark se agem e pensam como o mesmo método de "isenção" dele, descontados alguns desvarios sociopatas?

Quando o assunto é "espiritismo" brasileiro, a complacência atinge dimensões galácticas. Nem o mais esforçado senso crítico consegue desmontar o mito de Chico Xavier, que mesmo nos seus piores erros é acariciado pelas flanelas de seus opositores que, prometendo serem corajosos, brocham nos seus questionamentos, tomados pela "fascinação obsessiva" em torno do "médium", que ilustra a realidade surreal de que o "pior canto de sereia" a jogar multidões na perdição vem de um velho religioso muito feio.

Ver pessoas crescidas e supostamente amadurecidas se comportando como crianças birrentas, tapando os ouvidos e evitando textos contestadores, é preocupante porque há o medo de fazer ruir uma rotina forçadamente estável, mas que deixa as pessoas na zona de conforto do cotidiano acomodado, em que dá para ser ignorante e viver bem.

Quem adora Chico Xavier é uma sociedade abertamente preconceituosa, conservadora, elitista, ignorante, que vive fora da realidade. Mas ninguém pode escrever textos com estas constatações, sob pena destes textos não serem lidos. Quando alguém tenta ler esses textos, reage com discursos do tipo "eu até entendo o que o texto diz, mas não é bem assim..." típicos de arremedos enrustidos de Monark, de gente que odeia este youtuber mas age igualzinho a ele.

Textos questionadores são necessários para pôr em xeque ilusões consagradas, mentiras promovidas como se fossem "verdades indiscutíveis". É um processo que herdamos da ditadura militar, há 50 anos, e do qual não só muitos se recusam a superar como defendem com unhas e dentes, como se não fossem valores próprios de uma sociedade conservadora que sempre viveu bem durante os anos de chumbo.

Na verdade, é essa sociedade conservadora que, no Brasil de hoje, está com a faca e o queijo nas mãos. Um pessoal cuja árvore genealógica envolve os bandeirantes que matavam indígenas a bala, os senhores de engenho que escravizavam e violentavam negros, os fazendeiros que manipulavam a máquina eleitoral da República Velha, as famílias religiosas que, em 1964, andavam pelo Vale do Anhangabaú pedindo a queda de João Goulart e, em seguida, comemoravam o AI-5 que calava o país e o "milagre brasileiro" que beneficiava essas elites do poder e do privilégio.

Só que esse pessoal agora se fantasia de "democrático" e até de "esquerdista", sequestrando para si as benesses do projeto político de Lula, que teve que sacrificar seus princípios para se adequar ao status quo socioeconômico. Mas a mesma indisposição de ouvir verdades mostra o quanto essa "sociedade do amor", como ela se autoproclama, tem de hipócrita, monopolizando o senso comum e promovendo o boicote organizado aos textos mais contestadores. Ou, quando muito, mobilizam seus Monark para pedalar em cima do senso crítico, sempre com o bordão "não é bem assim...".

Afinal, o senso crítico segue aquela linha "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado". Mostra aspectos podres aqui e ali, o que pode desmascarar uma elite que hoje se vende como "absolutamente generosa", mas que quer tudo e demais para si, a ponto de se julgarem preferível pessoas ganharem a sorte grande para gastar com festas, bebedeira, cigarros e carrões, e comprar pratarrões de comida para só comer um pouquinho e jogar o resto fora, do que a sorte ajudar pessoas que perdem dinheiro e acumulam dívidas.

As pessoas não podem ver um questionamento em torno de religiões como o "espiritismo". Se a religião tem super-ricos, gente com vida nababesca, morando em condomínios caros, comprando carrões esportivos, acumulando fortunas vendendo livros (mas botando os créditos bancários na conta de suas instituições, para fingir "voto de pobreza"), mesmo relatos verídicos a esse respeito são boicotados por gente horrorizada em saber a verdade dos fatos. E aí repetimos o quanto pessoas bem crescidas possuem uma neurose digna de crianças de oito anos que as faz fugir dos fatos e preferir viver no mundo da fantasia.

É um medo muito, muito grande, e essa fuga é perigosa. Pelo menos enfrentar textos e mudar visões de mundo é mais cômodo e seguro do que ser pego de surpresa por uma realidade implacável, que revelará na prática e na ação viva o que os textos boicotados e ignorados tentaram avisar. A complacência em torno do mito deplorável de Chico Xavier, mesmo se desgastando de maneira inevitável (afinal, nem o mais blindado ídolo religioso pode ter em suas mãos a verdade e ser imune a denúncias diversas), segue resistindo a todo custo, pois muita gente acredita que a verdade pode estar na posse de uma única pessoa, o "médium" de Uberaba, alvo do mais fanático, embora nunca assumido, sentimento de idolatria religiosa.

O que ninguém lê nos textos a realidade lhe mostrará nos fatos crus. Hoje temos um Brasil preso a velhos paradigmas, e essa sociedade elitista, conservadora e atrasada tenta discriminar e repudiar o senso crítico, para que assim não se conheçam os podres dessa elite que quer ser o "modelo de humanidade para todo o planeta", com seu complexo de superioridade consagrado com o atual momento político em que vivemos, com o presidente Lula ao mesmo tempo abandonando as classes populares em prol de vantagens pessoais e políticas com as elites do poder e do privilégio.

A verdade vem e chegará o momento em que o mito de Chico Xavier será reduzido a nada. A verdade dos fatos vêm e, segundo diz o ditado, se a verdade não chega pela porta nem pela janela, ela chega pelo ralo. O medo de ler textos contestatórios, em nome da preservação de uma rotina confortável, será seguido de um trauma violento de fatos que as pessoas se recusaram tanto a admitir. A intolerância ao senso crítico, hoje, pode gerar até demência amanhã.

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