(Autor: Professor Caviar)
Recentemente, o "médium" e latifundiário goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus, foi condenado a 100 anos de prisão por ter abusado de inúmeras mulheres durante seus atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás. Foi uma sentença que se acumulou a outras, totalizando 370, uma condenação simbólica, pois, com 81 anos, João de Deus está muito doente e não viverá para cumprir sequer 2% da condenação total.
A condenação é um marco no começo das denúncias envolvendo um "médium espírita". Recentemente, durante nossas longas férias, Divaldo Franco foi criticado por, sendo um religioso supostamente ligado à campanha pela paz, ter apoiado abertamente os atos violentos do Oito de Janeiro, quando manifestantes descontentes com a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro (apoiado por Divaldo a ponto do então presidente visitar a Mansão do Caminho, em Salvador), realizaram um quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em Brasília, crime hoje investigado e revelado como a primeira etapa de um golpe político.
No entanto, devemos lembrar duas coisas. Em primeiro lugar, João de Deus é denunciado por estes crimes desde, pelo menos, 1983. Ele também foi denunciado por crimes outros como ser mandante de um assassinato, praticar charlatanismo, exercer de forma ilegal a Medicina, praticar jogos de azar, cometer enriquecimento ilícito e até manter um latifúndio que ocupa uma grande parte do território goiano.
Embora o "espiritismo" brasileiro renegue hoje o vínculo doutrinário de João de Deus, é necessário lembrar que isso é uma inverdade. Antes das denúncias, o "movimento espírita" acolheu com gosto o "médium" goiano, e publicações como a revista "Grandes Nomes do Espiritismo" comprovam isso. Um documentário, O Silêncio é uma Prece, foi lançado com farta presença de famosos na noite de lançamento. E João era previsto como um novo grande líder do "espiritismo" brasileiro.
Mas o vínculo com Francisco Cândido Xavier, o tão festejado e ainda adorado Chico Xavier - que, no entanto, começa a ter sua reputação decair, com denúncias difundidas e repercutidas nas redes sociais - , é mais do que explícito. Uma imagem divulgada por O Globo, em mais um "fogo amigo" contra o "médium" mineiro, mostra Chico Xavier recebendo João de Deus, enquanto uma cópia de um documento, com a caligrafia própria do religioso mineiro, autorizava o goiano a exercer atividade na casa que se tornou a instituição Casa Dom Inácio de Loyola.
Ou seja, Chico Xavier acobertou os crimes de João de Deus, dando a ele uma fachada de instituição filantrópica para enganar mais gente. Chico Xavier também é acusado de autorizar e estimular práticas de fraudes de materialização espiritual, sendo suspeito de participar da criação da fraude praticada por Otília Diogo. O "bondoso médium", se realmente ajudou alguém, foram os farsantes a levar adiante suas práticas fraudulentas.
Por isso, Chico Xavier deveria ser considerado cúmplice dos crimes de João de Deus, que começou sendo colaborador do "médium" mineiro. Chico sabia dos atos ilícitos do pupilo e, certamente, abafou o caso dando-lhe um "centro espírita" para lhe dar um verniz de "caridade" igualzinho ao verniz pretensamente filantrópico que hoje se usa para blindar o "médium" de Pedro Leopoldo e de Uberaba.
Por isso, embora não haja condições jurídicas para tal finalidade, estando Chico Xavier morto desde 2002, o "médium" deveria ser condenado simbolicamente por ser cúmplice de Joao de Deus, uma vez que, se não fosse a lustrosa passagem de pano do "médium" mineiro, o goiano não teria feito os crimes que renderam, contra este, 370 anos de prisão, quase a quantidade dos livros farsantes que o padrinho do criminoso produziu ao longo de sua vida.
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