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"Espiritismo": uma religião totalitária?

(Autor: Professor Caviar)

O "espiritismo" brasileiro é marcado por dissimulações. É a religião que traiu severamente o legado espírita original, trocando a lógica e o bom senso pela mistificação e pela fé, supostamente racional, mas convictamente igrejeira.

O grande problema é que o "espiritismo" brasileiro mostra claros indícios de ser um projeto totalitário de religião, sobretudo pela crença de seus pregadores e seguidores de que, no futuro, "todo mundo será espírita".

Baseado no misticismo do livro Os Quatro Evangelhos, de J. B. Roustaing, nome que pôde ser descartado devido às adaptações brasileiras de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, o "espiritismo" brasileiro apresenta algumas posturas que indicam ser não só a religião da deturpação e do arrivismo (dos "médiuns" brasileiros), mas também a religião da Ambição e do Poder.

- O "espiritismo" brasileiro tem a presunção de "acolher" todas as crenças e correntes ideológicas, sugerindo vínculo simbólico a elas. Afinal, todo "acolhimento" nesse sentido possui um "centro", e o "espiritismo" brasileiro é esse "centro". O evento Você e a Paz é ilustrativo, quando o "médium" baiano Divaldo Franco se torna o "centro" das atenções e exerce vínculo simbólico sobre as diversas crenças que, aparentemente, acolhe no seu evento. É como vários planetas do Sistema Solar em relação ao Sol.

- O "espiritismo" brasileiro é extremamente igrejeiro. Mas diz renegar a "vaticanização" e o igrejismo, sendo isso conversa para boi dormir. É porque o "espiritismo" brasileiro quer dar a impressão de que é "ecumênico" e não um clone do Catolicismo, e, por isso, tenta condenar as práticas "catolicizantes" que seus próprios membros realizam, para dar a impressão de que o "espiritismo" possui muitos diferenciais em relação aos católicos.

- O "espiritismo" brasileiro, em parte, diz "não ser" uma religião ou, quando muito, "não exclusivamente" sê-la. Bajulando Allan Kardec, apesar dele ser traído até a medula, os "espíritas" alegam que sua religião é um misto de "Filosofia, Ciência e Religião". Alguns "kardecistas autênticos" - armação denunciada por Carlos Imbassahy que remete a um "roustanguismo com Kardec" - tentam ainda creditar "Filosofia, Ciência e Moral", tentando ser "exemplares" no aprendizado da doutrina francesa, embora em muitos momentos se esbaldem no igrejismo abraçados a Chico Xavier e Divaldo Franco.

- Os chamados "médiuns", as lideranças simbólicas do "movimento espírita" e espécie de sacerdotes sem batina desse Catolicismo medieval redivivo, costumam aparecer ao lado de representantes dos mais diversos setores sociais, não raro cortejando católicos e evangélicos mais tradicionais (os "espíritas" evitam contato com os neopentecostais). Aparecem junto a famosos, políticos e ativistas dos mais diversos tipos, para dar a impressão de que os "espíritas" acolhem todo tipo de figura humana. Mas isso é um truque para colocar o "espiritismo" como um fenômeno associado a tudo que for atividade social.

- A apropriação da música de qualidade, num Brasil naufragado pela mediocridade e pelo mau gosto (os "maiores nomes" da música brasileira hoje são Jojo Toddynho e Pabblo Vittar, num contexto em que Luan Santana e Valesca Popozuda são "alternativos" (?!) e o cafoníssimo Chitãozinho & Xororó é visto como "primor de sofisticação"), é um recurso para dar uma falsa imagem de elevação cultural dos "espíritas". Daí a indústria cinematográfica ter recrutado Flávio Venturini e Egberto Gismonti para fazerem trilhas sonoras de filmes "espíritas", quando bastaria Zezé di Camargo & Luciano ou Michael Sullivan, este mais identificado com as causas "amorosas" dos "espíritas".

- O projeto do "Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" é, na verdade, um projeto de expansão religiosa do "espiritismo" brasileiro, que se fundamentou no antigo Catolicismo jesuíta do período colonial, de origem, portanto, portuguesa e princípios medievais (como a Teologia do Sofrimento). Essa expansão tem dois objetivos. Um é reativar um império semelhante ao da Roma Antiga (o Império Romano), com um Brasil "comandando o mundo" sob a supervisão inicial dos EUA (que exerceria apenas o comando econômico-tecnológico), podendo-se até haver uma divisão Norte-Sul das duas "nações centrais". Outro é reativar o Catolicismo da Idade Média, sob o rótulo de "espiritismo", criando uma religião dominante no planeta, sustentada pela supremacia política do "novo império brasileiro" (ou "novo Império Romano").

Vale lembrar que a ideia do "Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" - que em momento nenhum esteve na mente de Humberto de Campos; quem escreveu o livro foi Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas - é uma ideia de inspiração roustanguista e, portanto, em total desacordo com os postulados espíritas originais. E, embora se utilize de um discurso amoroso, fraternal e pacifista, esse projeto nada impede que se torne, depois, uma tirania sanguinária sob a desculpa de afastar aqueles que insistirem na "deserção da fé cristã". O Catolicismo medieval também não previu seus torquemadas e prometia uma conduta sempre fundamentada na paz e na fraternidade. Convém estarmos alertas.

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