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Por que o apego doentio e obsessivo a Chico Xavier?


(Autor: Professor Caviar)

A literatura espírita original recomendava tomar cuidado com os deturpadores, e não sucumbir a eles, por mais que eles apresentem os apelos mais belos e os aparatos mais bonitos em suas mensagens mistificadoras.

Não foi por falta de aviso que os brasileiros caem em armadilhas diversas, como, recentemente, a tentação de votar numa figura pitoresca, porém autoritária, como Jair Bolsonaro. No caso da deturpação espírita, a obra kardeciana tem muitos e muitos exemplos de evitar a deturpação trazida pelos inimigos internos do Espiritismo.

Inimigo interno não é aquele que surge com mau humor o tempo todo, esperando entrar numa causa para soltar ameaças e dizer: "eu domino vocês e vocês têm que me obedecer". O infiltrado não passa a se comportar como um tirano, e, não raro, o inimigo interno é justamente aquele que continua sempre dando tapinhas nas costas, oferecendo um chope ou trazendo palavras de amor, sendo aquele pretenso amigo que finge acolher suas vítimas até nos momentos difíceis, enquanto desfigura uma causa de maneira sutil.

Os brasileiros não entendem sutilezas. Cultuam arrivistas que aprontam confusão, se metem em encrencas das quais escapam não porque foram injustiçadas ou por alguma superação movida pela perseverança humana, mas porque houve conveniências e jogos de interesses envolvidos.

Francisco Cândido Xavier foi um desses espertalhões que as conveniências e os jogos de interesses transformaram num pretenso santo, num falso sábio que certamente envergonharia Jesus de Nazaré. Sua trajetória foi cheia de confusões, sua obra "mediúnica" é irregular e seus apoiadores tentam usar critérios rocambolescos para esconder a hipocrisia, como se quisessem disfarçar a fraude exigindo critérios complicados demais, com medo que a mentira pudesse ser investigada por métodos mais simples.

Daí tantas falácias, do tipo "as disparidades na psicografia de Chico Xavier remetem a aspectos que escapam (sic) à razão humana", "tem coisas que as respostas estão no coração", "a razão humana ainda não está preparada para tais compreensões". São ideias agradáveis, deixam muita gente com lágrimas, mas são mentiras descaradas, vergonhosas, covardes e apenas são bem construídas num aparato de beleza e suavidade.

Isso mostra o quanto o discurso tem suas armadilhas. O Brasil é vulnerável a elas. No Velho Mundo, onde essas armadilhas já mostraram seus efeitos nocivos há muitos séculos, os falsos sábios dificilmente conseguem enganar, mesmo quando montagens colocam seus rostos flutuando sobre céus ensolarados ou suas cabeças nascendo no brotar de uma flor.

Aqui é quando reina a idiotice e as pessoas andam muito apegadas em muitas coisas. Não só a direita, não. As esquerdas também se rendem a muitas armadilhas, são tentadas a desenvolver o pensamento desejoso de maneira perigosa e irresponsável, colocando a fantasia acima da realidade, por ser a fantasia mais agradável e, por isso, cria uma ilusão de esperança e de otimismo.

"MÉDIUM" NÃO É MASSA DE MODELAR PARA SER CONCEBIDO AO SABOR DAS VONTADES DE QUALQUER UM

As esquerdas se enfraquecem ao serem apegadas a Chico Xavier. É inútil elas reagirem em silêncio diante da crescente lembrança de que o "médium" mineiro sempre foi um reacionário, com provas contundentes não só presentes na entrevista do programa Pinga Fogo, da TV Tupi, de 1971, quando em várias ideias trazidas por ele, ainda que dissimuladas por um nome de um morto, como manobra para fazer a opinião individual de Chico Xavier parecer "menos pessoal e mais universal".

Há muita manipulação do pensamento desejoso, que mostra um apego dos mais doentios - coisa que deveria ser tratada como enfermidade psicológica, não fosse o apego obsessivo a Chico Xavier uma atitude que, embora das mais perigosas, é socialmente aceitável e até estimulável - à figura do "médium", que é tratado como se fosse uma massinha de modelar, que ganha a forma que seu usuário quiser.

Não. "Médiuns" de um pretenso Espiritismo deturpado, desfigurado ao sabor de paradigmas do Catolicismo jesuíta repaginado e, portanto, com ideias medievais recicladas - várias delas consequentes da Teologia do Sofrimento - , são figuras conservadoras, e isso não pode ser visto com complacência ou relativismo pelas esquerdas, que ainda são vulneráveis às paixões religiosas e seus apelos alucinógenos.

As esquerdas brasileiras se esquecem de que Karl Marx avisou que a religião é o "ópio do povo". A ideia não é ser ou não um religioso de esquerda, mas evitar aderir a religiões de perfil abertamente conservador, e que haviam sido beneficiadas pela ditadura militar: a Igreja Universal do Reino de Deus, a Assembleia de Deus, a Igreja Internacional da Graça de Deus e o "movimento espírita" representado pela FEB e simbolizado por Chico Xavier, este um dos ídolos religiosos mais favorecidos pelo aparelho midiático que apoiava a ditadura militar.

Ricardo Kotscho cometeu uma gafe quando resolveu reproduzir o texto "O Silêncio" de Chico Xavier manifestando "saudade" do "médium", e acabou trazendo azar para ele. A Record, dona do portal R7, que publicava o blog do jornalista, passou a apoiar Bolsonaro e Kotscho foi demitido. Além disso, o "maravilhoso texto" era apenas um texto moralista e conservador que falava sobre "paz" de maneira muito piegas e nada progressista.

POR QUE TANTO APEGO DOENTIO?

Chico Xavier não tem o menor atrativo para uma adoração tão cega, tão obsessiva e tão apegada, a ponto de muitos seguidores preferirem ver suas casas pegando fogo do que abrirem mão de tamanha idolatria. A "beleza imensa" associada à sua figura não passa de um blefe trazido por aparatos emocionais ligados às paixões religiosas. Vejamos:

1) As "lindas frases" de Chico Xavier não passam de trocadilhos simplórios, simplistas e baratos de ideias opostas ("silêncio" e "voz", por exemplo) ou recados moralistas que pedem para os oprimidos aceitarem, conformados, suas próprias desgraças;

2) A "maravilhosa caridade" de Chico Xavier nunca passou de ações fajutas, praticadas não por ele, mas por terceiros (o que lhe tira o mérito de tamanha adoração), e se reduzem apenas a ações paliativas que nunca trouxeram resultados transformadores para a população pobre, que se restringia a receber apenas uns parcos donativos, enquanto o "médium" acumulava glórias terrenas sem fazer coisa alguma;

3) As "cartas mediúnicas" eram um embuste no qual Chico Xavier se promovia às custas da tragédia alheia, produzia mensagens fake para enganar a população, alimentava o sensacionalismo da imprensa com tais atividades e, ainda por cima promovia a glamourização da morte, como meio sutil de pedir apoio à ditadura militar, pois, se as pessoas se conformam com a perda de entes queridos, seriam capazes também de se conformar com os mortos da repressão militar.

4) As confusões que Chico Xavier causou com seus embustes literários - principalmente Parnaso de Além-Túmulo e a série de livros "Humberto de Campos / Irmão X" - , irritando intelectuais e acadêmicos em geral - , são de culpa do "médium", que nem de longe pode ser considerado vítima de tais situações. Pelo contrário, esses embustes, ditos "psicográficos", foram um exemplo de como um arrivista pode fazer para obter a idolatria religiosa e se dar bem na vida com isso.

São constatações trazidas pela análise objetiva de tantas irregularidades da trajetória de Chico Xavier. Essas constatações foram, portanto, feitas sem a tentação das paixões religiosas e livre do processo de fascinação obsessiva que até mesmo apoiadores "distanciados" do "médium", como aqueles que se dizem "não-espíritas", sentem.

As paixões religiosas, tão perigosas quanto as paixões do sexo e do dinheiro, das orgias das drogas e das viagens alucinógenas de certas substâncias, é que desmentem essas constatações interpretando a sociedade sob o ponto de vista do arrivista Chico Xavier, ao qual se associa até o vitimismo.

Recentemente, se alerta que as condições psicológicas que exaltaram Chico Xavier são as mesmas que, perigosamente, estão quase levando Jair Bolsonaro para o Palácio do Planalto. E as esquerdas, presas e apegadas a Chico Xavier, desesperadamente apegadas, de maneira doentia, febril, mórbida, viciada e perigosamente persistente, se esquecem que estão apoiando um reacionário, um anticomunista tão febril quanto o candidato do PSL à Presidência da República.

As esquerdas se enfraquecem com isso. A combinação de desinformação generalizada, educação precária, emotividade exagerada e cega e a permanência das zonas de conforto das convicções pessiais, também se esquecem que Chico Xavier foi um dos mais vergonhosos, nocivos e deploráveis deturpadores da causa espírita, hipótese que não deveria ser relativizada porque está óbvia em sua obra. Não dá para apelar para a falácia das "mentiras de amor" ou ficar inventando que a acusação de igrejismo medieval remete a más interpretações. Está tudo evidente na literatura kardeciana, à qual Chico Xavier cometeu desvios muitíssimo graves, embora disfarçados de "lindas palavras".

As pessoas estão convidadas a largar Chico Xavier. Poderiam estar convocadas mas, infelizmente, o apego ao "médium" é obsessivo e traz uma ilusão de falsa tranquilidade a seus apoiadores e seguidores, que se explodem em raiva quando aconselhados a abrir mão disso. Devemos dizer, acrescentando o alerta de Marx (independente de qualquer ideologia, vale lembrar), que se a religião é o "ópio do povo", uma pessoa como Chico Xavier é o seu tipo mais perigoso e nocivo. Largar Chico Xavier é o primeiro passo para o caminho que se dá para a libertação dessa escravidão movida pelas paixões religiosas.

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