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Populares...mas reacionários: a realidade dolorosa que inclui Chico Xavier


(Autor: Professor Caviar)

Populares, porém reacionários. Há muitas personalidades que possuem grande carisma, fizeram muito sucesso e obtiveram prestígio diante do grande público, mas que, de outro modo, defendem valores ultraconservadores e adotam uma conduta bastante reacionária, se identificando a valores e posturas ideológicas bastante retrógrados.

Lembramos nisso num tempo em que uma boa parcela da população, inclusive pessoas que antes pareciam, aos olhos dos incautos, eminentemente progressistas e modernas, estão apoiando o obscurantismo medieval de Jair Bolsonaro. É um tempo em que a chamada sociedade progressista deveria abrir mão de seu pensamento desejoso e partir para questionamentos severos até contra antigos totens.

Tudo isso é dito num momento em que as esquerdas, tomadas de muita ingenuidade emocional, ainda dão consideração a uma figura medieval como o "médium" Francisco Cândido Xavier, recorrendo ao vício confortável do pensamento desejoso para se recusarem a admitir que ele também foi uma figura extremamente reacionária e que, se vivesse hoje, estaria apoiando Jair Bolsonaro, até por uma série de afinidades: Chico fez literatura fake, aprontou confusão com isso, defende valores moralistas retrógrados (a ideia de "sofrer calado") e Chico é adorado nos mesmos redutos digitais que manifestam apoio aberto ao "mito".

Isso é muito chocante e não raro pessoas, desperdiçando lágrimas à toa, dizem "Não pode ser... Um homem puro como o Chico...", enquanto outras, com uma postura pretensamente esquerdista mas escrevendo como se fossem bolsonaristas com aquela postura de "pretensos donos da verdade", venham com aquela mania de dizer "não é bem assim". Manipula-se mentiras e inverdades de maneira que elas pareçam "verdades indiscutíveis".

A História do Brasil sempre marcou por pessoas que parecem modernas ou populares e que traziam algum aspecto conservador mais sombrio. A Inconfidência Mineira, por exemplo, não lutava pela abolição da escravatura. Recentemente, uma geração de intelectuais que se passavam por "ativistas culturais de esquerda" lutavam para promover a bregalização, que era a degradação da cultura popular em prol dos chamados "fenômenos de massa", o que favoreceu, por outro lado, as condições psicológicas que se observam hoje, com o risco do fascismo chegar ao poder sob o aparato do voto popular.

Recentemente, o reacionarismo contaminou as redes sociais de forma intensa. Não em quantidade, mas em qualidade. Internautas reacionários defendendo arbitrariedades diversas, a partir de "coisas pequenas" como uma gíria trazida pela mídia hegemônica ("balada", originalmente um jargão privativo de jovens riquinhos da Zona Sul de São Paulo) ou a pintura padronizada nos ônibus do Rio de Janeiro (medida que já começa a ser desfeita). 

Com um patrulhamento agressivo, às custas do "efeito manada" de seguidores comuns e da multidão de "fakes do bem" que se inventa na Internet, o fascismo das redes sociais corre o risco de conquistar o Palácio do Planalto, dando início a um pesadelo no qual não sabemos quando e como vai terminar.

As esquerdas não sabem, mas Chico Xavier foi uma figura reacionária. É patético ver um esquerdista corroborar pontos de vista trazidos pela Rede Globo, abordagens que o esquerdista está acostumado a ver, quando, na infância, via o Fantástico e o Globo Repórter na sala, junto com seus pais, e via aquela narrativa "linda" sobre o suposto médium, com um discurso que o fazia um pretenso filantropo, à maneira um tanto habilidosa, porém hipócrita, do que Malcolm Muggeridge fez para promover a perversa Madre Teresa de Calcutá, depois acusada de deixar seus internos e alojados em condições sub-humanas e que, recentemente, foi declarada santa por um suposto milagre em que um engenheiro que sofreu intoxicação alimentar foi aconselhado a inventar que estava com um câncer em estado terminal, mentira usada para forçar a canonização da "santa".

Com essa adoração motivada pela fascinação obsessiva que seduz até ateus, as esquerdas praticamente entregam a faixa presidencial a Jair Bolsonaro. Hipnotizadas pelos óculos Ray-Ban usados por um suposto médium que, com peruca e ternos brancos, aliciava mais gente que a prostituta da esquina, as esquerdas mal sabem a perdição a que sucumbem ao se renderem a esse "canto da sereia" ecoado dos rincões de Uberaba para os memes póstumos no Facebook e WhatsApp.

Esquecemos que ídolos assim podem ser ultraconservadores, medievais. Tivemos exemplos diversos a respeito. O escritor Monteiro Lobato (só um parêntese: ele não legitimou a "psicografia" de Chico Xavier, apenas se absteve de dizer se era ou não autêntica) sentiu simpatia pelo nazi-fascismo e fez elogios ao tenebroso e abominável movimento Klu Klux Klan, de deprimente trajetória. Sim, o mesmo escritor de personagens que povoaram nossa infância com seu Sítio do Picapau Amarelo, além do tipo divertido do caipira Jeca Tatu.

Nos últimos anos, a partir do final dos anos 1950, três personagens famosos, que continuam vivos, manfestaram seus perfis conservadores. Um é o hoje ex-jogador e empresário Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, craque da seleção campeã três vezes (1958, 1962 e 1970), que começou a ser famoso em 1957. Outro é o cantor Roberto Carlos, cuja fama se iniciou, para valer, em 1963, depois de alguns anos de carreira musical e um controverso primeiro LP não-autoral lançado em 1961.

Já a terceira personalidade é a atriz Regina Duarte, que se tornou famosa de vez em 1965, virando logo uma popular atriz de novelas, famosa pela sua beleza de traços graciosos mas ao mesmo tempo impactuantes. Talentosa e cativante, Regina no entanto tornou-se, nos últimos anos, fazendeira e, daí, se associando à chamada "bancada do Boi" e tendo passado por um breve casamento com um latifundiário, ela se tornou reacionária e uma das mais dedicadas ativistas da direita social brasileira. Recentemente, ela manifestou apoio a Jair Bolsonaro e até se encontrou com ele para expressar tal postura.

E aí a gente diz que Chico Xavier é reacionário, tomando como provas o apelo dele em vários livros - inclusive usando os nomes dos mortos para disfarçar o caráter "pessoal demais" de suas opiniões - para o povo "sofrer calado", criminalizando o senso crítico definindo-o como "tóxico do intelectualismo" e declarando barbaridades contra operários, camponeses e sem-teto diante de uma grande audiência no programa Pinga Fogo, na TV Tupi, em 1971, e as esquerdas não gostam.

Ai as esquerdas também seguem os sociopatas da Internet na mania de fazer o pensamento desejoso prevalecer com a ginástica mental de argumentar que não se pode ser argumentado. Tentam apelar para um exército de palavras, de ideias falaciosas, para fazer prevalecer pontos de vista sem pé nem cabeça, mas que soam agradáveis e favorecem as convicções pessoais. As esquerdas usam os mesmos métodos da direita que criticam para proteger Chico Xavier.

Aí caem no ridículo. Atraem azar. Chico Xavier só inspira boas energias para quem é reacionário, conservador ou arrivista. Para o progressista que presta reverência a ele - ignorando que "médiuns espíritas" são porta-vozes de valores elitistas dissolvidos no açúcar exagerado dos "lindos" apelos da fé religiosa - , as vibrações são perversamente negativas: o esquerdista adora Chico Xavier, mas essa adoração tem o preço de pesados infortúnios que chegam ao referido cidadão de esquerda como adversidades nas quais ele perde o controle, não conseguindo detê-las mesmo usando todo o esforço, todo o jogo de cintura. 

Não raro, essas adversidades têm o efeito trágico, como recentemente houve o mau agouro de Marisa Letícia Lula da Silva, ex-primeira dama e mulher de Lula, morrer depois de receber "bênçãos" do latifundiário e dublê de médium de Abadiânia, Goiás, o charlatão (ele tem crimes sob investigação na Justiça) João Teixeira de Faria, o "João de Deus".

As próprias esquerdas se sentem seduzidas por paradigmas de "caridade" e "fé religiosa" que são marcados pela pieguice, pelo moralismo retrógrado, porém tido como "justo", por valores nada progressistas mas que são considerados como tais porque se coloca uma imagem de criança pobre ilustrando vários de seus apelos. 

É uma propaganda enganosa, e o esquerdista leva gato por lebre, tomando como um "lindo realismo" uma narrativa construída pela mídia mais reacionária, que precisa também desenvolver uma "visão de bondade" que serve para abafar e reprimir "sem dor" os movimentos sociais, como nas técnicas perversas, mas incrivelmente sutis do chamado soft power, o "poder suave", a "repressão não-violenta", uma causa capaz de unir George Soros e Chico Xavier.

Um meio de procurar salvar o país do pesadelo fascista é fazer as esquerdas romperem com Chico Xavier, uma figura claramente reacionária. Se muitos esquerdistas são capazes de admitir que seus familiares são reacionários, como muitos filhos progressistas de pais reaças, como muitas mulheres progressistas de maridos conservadores, como muitos primos e primas divergentes em pontos de vista, assim como irmãos e irmãs etc, por que não fazer o mesmo com um ídolo religioso?

Se as esquerdas ficarem reféns das paixões religiosas que contaminam os ateus, transformando-os em "ateus graças a Deus", ovelhas negras passeando livremente diante das alcateias como se fosse um ambiente amigo, e continuarem manipulando seus pensamentos desejosos para manter uma imagem idealizada de Chico Xavier que não corresponde à realidade, teremos as forças progressistas em mais um processo de infortúnios pesados dos quais elas não terão a menor capacidade de frear. Deixe Chico Xavier para ser idolatrado por gente tão conservadora e retrógrada quanto ele.

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