(Autor: Professor Caviar)
Os "espíritas" começam a reagir diante das críticas que recebem, e se recusam a assumir os próprios erros. Defendem ideias próprias de Jean-Baptiste Roustaing e se dizem "fiéis a Allan Kardec". Exaltam igualmente figuras antagônicas como Erasto e Emmanuel, e acham que se pode misturar Bom Senso e Contrassenso com apelos à "fraternidade".
Já começam a surgir comentários do tipo: "é gente que não tem perdão", "é falta de prece", "é falta de fé que faz o pessoal agir assim" e os "espíritas", vendo o perigo de perder o prestígio religioso, acabam mostrando sua irritação, o que põe em xeque a ilusão de que a mera adoração a igrejeiros como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco traria "as mais elevadas energias".
Pois os "espíritas" deveriam ver suas traves nos olhos, antes de julgar o argueiro do outro. Eles se comportam como aquele morador que, vendo a janela toda suja, fica reclamando para o vizinho limpá-la, quando é a própria janela do morador que contém a sujeira.
Os "espíritas" reclamam dos "falsos espíritas" e dos "críticos hipócritas", como se os seguidores da doutrina igrejeira de Chico Xavier e Divaldo Franco fossem os detentores da Razão e da Verdade. Por serem questionados em suas contradições, se revoltam os "espíritas" que, mais uma vez, fazem juízo de valor aos outros: "falta de fé", "falta de prece", "falta de perdão".
Que esperança os "espíritas" pregam com sua "fé", quando eles apelam para o sofredor aceitar a própria desgraça e só podendo sair de sua ruína enfrentando dificuldades ainda mais penosas? Que alívio os "espíritas" pregam com a "prece" diante de tantas situações absurdas vividas pelos deserdados da sorte, que há muito oram admitindo arrependimento de erros passados, sem qualquer concessão da "prometida graça"? E que "perdão" ou "misericórdia" suplicam os "espíritas" à sociedade, depois que, com seu juízo de valor, acusam infortunados de terem sido tiranos em vidas anteriores?
Ah, quanto é doloroso o "espírita" retomar a realidade, depois que seu espetáculo de palavras bonitas lhes rendeu, durante décadas, tantos prêmios, aplausos e cartaz na mídia! Quanta dor é cair da cama depois de sonhar estar a poucos passos do Céu, por dissimular a desonestidade doutrinária de um roustanguismo nunca assumido com palavras dóceis e bajulação às mais conceituadas personalidades da humanidade!
Os "espíritas", sem saber, estavam se nivelando aos católicos medievais, ao pregar a Teologia do Sofrimento, e aos sacerdotes reprovados por Jesus de Nazaré, tomados de verborragia e de vaidades dissimuladas pela pretensa humildade religiosa.
Neste momento, os "espíritas", como se julgam os "perfeitos" mesmo em suas "imperfeições" - os pretensos arautos da perfeição costumam dizer que "também são imperfeitos", apenas para agradar as pessoas e fazer falsa modéstia - , se acham no direito de atirar pedras a quem identifica contradições na doutrina que mistura ideias de Roustaing e distorções do ideário kardeciano.
Como se acham vinculados a ideias "sublimes", acham que podem também "apedrejar" seus críticos, sem verificar a contradição de suas ideias, as irregularidades das produções "mediúnicas", o caráter obsoleto de muitos conceitos moralistas, a difícil coexistência de ideias tão opostas, como as de Chico Xavier e as de Allan Kardec.
Talvez um espelho fosse necessário para os "espíritas" verem o resultado de suas tristes escolhas. Eles hoje estão chocados com as críticas que imaginaram nunca receber, porque puseram o roustanguismo debaixo do tapete e bajulam Kardec através do espetáculo de belas palavras. Achavam que o açúcar da retórica melíflua não iria causar efeitos danosos e hoje, se sentem chocados pelas críticas que recebem dos outros. Mas, amanhã, ficarão ainda mais chocados, quando perceberem, com atenção, as contradições que eles mesmos escolheram cometer. Ninguém fica imune diante de más escolhas.
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