(Autor: Professor Caviar)
Vida mansa, a dos "grandes médiuns espíritas". Eles podem fazer o que querem com a memória dos mortos e ficarem copiando obras literárias aqui e ali, que a Justiça não pega. Ser "espírita" é melhor do que ser um político do PSDB porque a blindagem chega a ser bem maior e se pode ainda enganar e iludir até as esquerdas e as pessoas comuns, geralmente um tanto desconfiadas com a boa sorte do tucanato.
Um incidente envolvendo o livro Ágape, do padre Marcelo Rossi, ocorreu esta semana. A escritora Izaura Garcia, que havia sido amiga do católico, se sentiu traída quando percebeu que um dos capítulos do livro, um dos maiores campeões de vendas do Brasil, intitulado "Perguntas e Respostas – Felicidade! Qual é?", teria sido copiado de um capítulo de um livro de Izaura, que chegou a ser abraçada pelo padre há dois anos.
O processo foi deferido pelo desembargador Gilberto Campista Garino, da 14ª Vara Cível do Rio de Janeiro, que aceitou a liminar movida pela escritora e proibiu Rossi de continuar comercializando o livro Ágape (que possui também seus derivados, que inclui uma adaptação em livro infantil, um CD de músicas "inspiradas" no livro e até uma versão em livro para colorir; mas, nestes casos, não se sabe se estão envolvidos na proibição). Diz o texto do processo, publicado em reportagem de O Dia:
"Tudo bem ponderado, defiro parcialmente a tutela provisória de urgência, a fim de que os agravados suspendam a publicação, distribuição e venda de exemplares da obra Ágape, até que comprovem a retificação de autoria do texto “Perguntas e Respostas – Felicidade! Qual é?”, nela veiculado, atribuindo-o corretamente à agravante (Izaura Garcia), ou até que o suprimam, sob pena de multa equivalente ao dobro do valor comercial de cada exemplar publicado, distribuído e/ou vendido (dependendo do tipo de material da capa, o livro custa entre R$ 14 e R$ 70 no comércio), na forma do art. 537, caput da Lei Federal n.º 13.105/2015".
Nem o padre Marcelo Rossi, nem a Editora Globo, foram notificados da ação. Eles só irão se pronunciar em juízo. Izaura é representada pelas advogadas Carolina Miraglia e Mariana Sauwen, do escritório Miraglia & Sauwen. Carolina comentou a respeito do da ação que sua cliente move contra o midiático religioso:
"É preciso deixar bem claro que não foi Izaura que pediu esse valor. Trata-se de lei, que tem que ser cumprida. Além disso, algumas críticas alegando que minha cliente quer supostamente ganhar dinheiro à custas do padre, não procedem. Porque foi Marcelo Rossi que ganhou dinheiro, e muito, a ponto de construir um templo, com o único texto que consta no livro, essencialmente de passagens bíblicas, de autoria de Izaura. Na verdade, Marcelo Rossi enganou todos os seus leitores, no mundo inteiro".
CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO PLAGIAVAM, MAS NUNCA FORAM CONDENADOS
Marcelo Rossi é um padre bastante popular e considerado um dos maiores ídolos católicos de todo o Brasil. Mas não é tão blindado assim quando os "médiuns espíritas" e o caso do livro Ágape é fichinha diante dos plágios que Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco fizeram em suas obras, e que, pelo menos da parte do primeiro, contavam com uma colaboração coletiva, não dos "amigos do além-túmulo", mas de gente da Terra, ligada à equipe editorial da FEB. E essa participação foi divulgada, sem querer, em fontes solidárias a Chico Xavier, que por acidente "denunciaram" a atuação de Manuel Quintão, Antônio Wantuil de Freitas e Luís da Costa Porto Carreiro Neto na revisão e na correção (!) das "psicografias".
O portal Obras Psicografadas mostra vários casos desses plágios, sobretudo dos dois "médiuns". No caso de Chico Xavier, há um exemplo aberrante no livro-patriotada Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, no qual um capítulo do livro "espírita", "Dom João VI no Brasil", é plagiado de um capítulo de um livro satírico (!) do verdadeiro Humberto de Campos, O Brasil Anedótico, lançado em vida pelo autor maranhense, no ano de 1927. O capítulo do livro humorístico é "A Lei das Aposentadorias".
Só que isso não foi sequer cogitado pelo juiz-suplente João Frederico Mourão Russell, da 8ª Vara Criminal do Distrito Federal (Rio de Janeiro), que apenas julgou a ação judicial "improcedente", cobrou custos advocatícios à viúva de Humberto, dona Catarina Vergolino de Campos, e deixou a situação num empate jurídico que favoreceu Chico Xavier.
Não houve sequer identificação de plágios, análises textuais mais apuradas, nem de procedências das escritas "mediúnicas", e a ação foi simplesmente jogada ao vento, enquanto Chico Xavier tinha um caminho livre, como um "Aécio Neves da religião", para fazer o que quiser com os nomes dos mortos e dar seu péssimo exemplo para seus sucessores, mesmo Divaldo Franco, que começou plagiando o seu "mestre" plagiador e depois foi plagiar outros autores. Tantos absurdos que foram beneficiados pela impunidade, diferente de Marcelo Rossi, que não é beneficiado por tão gigantesca blindagem.
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