(Autor: Professor Caviar)
Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada.
Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God), em relação a Madre Teresa de Calcutá.
Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um hábito de leitura de bons livros (hoje, quando se lê livros, se prefere youtubers, auto-ajuda, besteirol e ficções de terror, isso quando não se apela para "livros para colorir" e romances de Minecraft), frases de efeito são tudo o que eles conseguem entender, equivocadamente, como "filosofia". Qualquer um vira "filósofo", para esses "ativistas de Facebook", por causa de umas duas ou três frases agradáveis com supostas lições de vida.
Pois Chico Xavier lançou umas frases que cometem uma contradição terrível, na qual uma ideia é negada e depois apoiada, o que demonstra completa incoerência, não bastasse o sentido da ideia apresentada, pela confusa e retrógrada natureza do "espiritismo" brasileiro. Vejamos:
"Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim".
Veja a contradição. Na primeira frase, Chico Xavier fala que o "novo começo" é impossível. Mas, na segunda, ele considera o "recomeço" possível, o que indica uma grande contradição, se percebermos que "recomeço" é "novo começo".
A ideia trazida por Chico Xavier também estabelece a confusão da moral "espírita", sobretudo no que se refere à reencarnação. O pouco caso que os "espíritas" têm em relação às mortes prematuras, que interrompem para sempre muitos projetos de vida, normalmente se baseia na utopia de que, se uma pessoa deixou de fazer algo numa encarnação, ela poderá, da mesma forma, fazer o mesmo na outra.
Isso é muito confuso. Os "espíritas" ficam alegres porque fulano, por exemplo, que iria cursar uma faculdade de Educação sonhando com um projeto pedagógico peculiar, morre antes de cursar o ensino superior e, quando reencarna tempos depois, vê que a faculdade não oferece as mesmas condições para trabalhar o projeto abortado na encarnação anterior.
No entanto, os "espíritas" se contradizem, corroborando com seu "mestre" de Pedro Leopoldo e Uberaba, estufam o peito e dizem, com voz grave e fala firme, que não se deve voltar atrás e começar tudo de novo. E aí, quando questionados, passam a ter fala mole e alegam que a pessoa pode "se reinventar" em nova encarnação, buscando um "novo fim", do qual não se está claro se é uma nova realização ou um novo desfecho qualquer.
Apesar das duas frases de Chico Xavier parecerem simples e de fácil assimilação, a ideia é bastante truncada que só mesmo um beato religioso pode aceitar sem questionar. Como numa entrevista recente com Divaldo Franco falando em "lobos e cordeiros" durante um evento na Espanha, no final do ano passado, tais frases podem parecer simples na forma, mas são prolixas na essência, o que comprova deturpação severa dos postulados espíritas originais, contrariando a natureza original da obra kardeciana.
As frases de Chico Xavier são apenas um trocadilho simplório da oposição "começo" e "fim", um repertório de palavras enfeitadas que no fundo não tem pé nem cabeça, e fazem com que a pessoa fique desnorteada ao ver que "é impossível começar de novo, mas pode-se recomeçar".
Se as pessoas acham que, pelos seus dizeres, Chico Xavier é "filósofo", damos nossos pêsames. Talvez essas pessoas nem mereçam mais comer comida, podendo adotar uma dieta com a comida processada do prefeito paulistano João Dória Jr., mais um pouco de capim e umas folhas dos livros de Chico Xavier, já que os "espíritas" afirmam que isso é um alimento para a alma. Só não venham reclamar de disenteria.
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