(Autor: Kardec McGuiver)
Uma séria polêmica tem se iniciado após um incidente ocorrido na Espanha, a respeito de um congresso místico ocorrido na Universidade de Castilla-La Mancha (UCLM). Fernando Cuartero, um dos diretores acadêmicos da universidade, chamou de charlatães os participantes do congresso e foi condenado por difamação. O diretor não se arrepende do que foi dito e pretendeu recorrer da sentença. Acabou absolvido da acusação e obteve muito apoio de estudantes e intelectuais.
Este episódio pode ter resultado da má interpretação do que foi dito pelo diretor, que na opinião da equipe deste blog, não vê nada de ofensivo. Primeiro, porque o congresso, que é prioritariamente religioso, majoritariamente "espírita", não poderia usar as dependências de uma universidade para ser realizado.
Universidade são redutos do saber e religiões não utilizam o raciocínio para construir seus dogmas, puramente surgidos da mais pura fé, que é o acreditar. Se um respeitoso líder religioso segurar uma laranja e dizer que o nome dessa laranja é alicate, tenho que chamam a laranja de alicate, pois a fé me orientou a isso. Mesmo que a lógica defina a laranja como laranja e não como alicate.
Nem mesmo o pretensamente racional "Espiritismo" deve ser deixado de lado. Apesar do episódio ter acontecido na Espanha, sabe-se que se trata da versão brasileira, deturpada e transformada em igreja de fé cega. A FEB tem se empenhado em exportá-la para aumentar o seu rendimento, alegando que iria para a caridade. Mas em mais de 100 anos de "Espiritismo", a situação dos pobres comprova que pouco tem sido feito pelo fim das injustiças, o que coloca os "espíritas" contra a parede.
A ACUSAÇÃO DE CHARLATANISMO NÃO É OFENSA E SIM ALERTA
Outra coisa: mesmo que tenha sido um exagero chamar os participantes de charlatães, sabe-se que há muito charlatanismo no meio "espírita". A falta de racionalidade favorece o fato de que muitos embusteiros, se aproveitando da credulidade de seus seguidores, mais interessados em acreditar do que em raciocinar (raciocinar exige esforço e abnegação), possam enganar a todos das mais diversas formas.
A condenação ao Cuartero não deveria ser aceita, pois não houve nenhum tipo de ofensa, mas um alerta. Seria melhor que o congresso tivesse ocorrido em um templo religioso ou um local afim. As críticas dele, ao invés de aceitas como ofensa, deveriam ser melhor analisadas, pois tem um fundo de verdade.
A fé não garante nada, pois não possui base racional. Somente a verificação de fatos, com as mais sólidas provas, sempre com base na análise, na verificação e no confronto de possíveis contradições pode estabelecer um diagnóstico preciso que definirá se algum fato é verdadeiro ou não.
Bom lembrar que a crítica feita a charlatães não é uma critica às religiões. Acreditar em absurdos é uma coisa e muitos tem até o direito disso. O que não pode é explorar a fé alheia para obter vantagens, o que tem se visto comumente no "Espiritismo" brasileiro, onde, Além das contradições dogmáticas resultantes pelo desprezo pela racionalidade da doutrina original, lideranças ganham prêmios por uma caridade é espalhada como perfeita sem oferecer resultados eficazes.
É preciso combater o charlatanismo e proteger as religiões contra esses farsantes. Uma coisa é a crença inocente em dogmas surreais. Outra é a utilização desses dogmas surreais como forma de domínio de pessoas ingênuas que enxergam na fé uma compensação para a realidade ruim que as incomoda.
LUGAR DE RELIGIÃO É NOS TEMPLOS E AGREMIAÇÕES RELIGIOSAS
A fé como instrumento de intervenção na realidade cotidiana tem se mostrado nociva e é isso que se deve combater. Religião é no fundo entretenimento e deve ser respeitada como tal, como um direito da pessoa se sentir bem diante de algo que não é comprovado como real.
Mas deve permanecer sendo cultuada em ambientes adequados, em que convivam apenas pessoas que compartilham as mesmas crenças. Deve se evitar ao máximo a influência religiosa na realidade cotidiana, pois todas as religiões se baseiam em teses sem comprovação racional, o que as torna algo subjetivo, que deve permanecer fechada na mente de cada seguidor.
Acreditamos que a crítica feita por Cuartero tem um pouco a ver com isso. Seria muito bom que cada religião pudesse ficar isolada em seu próprio templo. Impor ideias que não são confirmadas pelo raciocínio tem se mostrado nocivos caracteriza os tempos neo-conservadores em que vivemos.
Além de combater os charlatães que mancham a reputação religiosa, devemos combater a influência da religiosidade no cotidiano. A realidade deve ser laica e ninguém é obrigado a acreditar em lendas e em seres fantásticos, que não aparecem na realidade. Que as religiões sejam todas respeitadas, mas cada uma em seu canto, de preferência trancada em seus templos, expostas apenas para quem quiser segui-las em paz.
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