(Autor: Professor Caviar)
Prática muito comum das "casas espíritas" brasileiras, a partir do próprio exemplo de Francisco Cândido Xavier, as receitas homeopáticas "mediúnicas", supostamente trazidas por espíritos do além-túmulo, são uma prática muito suspeita e merece ser tomada com cautela.
Ela indica, muito provavelmente, práticas de charlatanismo e automedicação, mesmo quando há pretensas recomendações dos "centros espíritas" de que os "remédios receitados" não substituem a medicação autorizada pelas consultas médicas. Isso porque os critérios científicos são bastante duvidosos e as supostas medicações trazidas pelos "espíritas" são desprovidas de qualquer fundamento, sendo receitadas mediante critérios puramente místicos.
Em muitos casos, as "medicações" trazem apenas efeito placebo. As pessoas apenas apresentam sensações agradáveis que dão suposta impressão de cura, mas ela não ocorre por influência do pretenso medicamento, mas por um aparente relaxamento que apenas deu uma pausa nas dores sofridas, o que não significa que as pessoas saíram curadas ou fortalecidas, muito pelo contrário.
É como uma doença controlada. Pode até ser que as pessoas prolonguem alguns momentos de vida, mas é duvidoso que tais homeopatias influam nas curas. Em outros casos, quando se usam receitas que coincidem com recomendações médicas popularmente conhecidas - ainda que isso ofereça risco de automedicação - , a cura se remete aos efeitos conhecidos, o que não traz mérito algum à "instituição espírita" que apenas pega carona nessa tendência.
ALLAN KARDEC RECEITAVA, MAS ELE ERA UM CIENTISTA
Consta-se que receitas homeopáticas também eram prescritas pelo pedagogo Leon Hippolyte Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec. Mas ele era um cientista, um profundo pesquisador, e quando ele receitava, ele sempre fazia recomendações de cautela, e seus cuidados obedeciam critérios bastante rígidos para evitar o menor risco de erro.
Não é o que o "movimento espírita" fazia, porque este, como se fundamentou nas ideias de Jean-Baptiste Roustaing, preferiu combinar o Catolicismo medieval, que a religião brasileira popularizada por Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) aproveitou através do legado jesuíta do período colonial, com práticas ocultistas e feiticeiras, que envolviam uma mistificação esotérica, uma paranormalidade duvidosa - como a do próprio Xavier - e curandeirismo barato, que incluiu duvidoso receituário homeopático.
Por isso, se Chico Xavier enviava receitas "psicografadas", isso se tornava duplamente leviano:
1) Ele se deixava valer de medicações improvisadas para iludir as pessoas e prometer falsas curas, como um mascate do século XIX que fazia os chamados "shows de Medicina";
2) Ele usava os espíritos dos mortos para "legitimar" essa pseudo-medicina, o que fazia com que as pessoas ficassem intimidadas e se rendessem a esse receituário duvidoso no desespero de obter curas.
Isso então se torna deplorável e não pode ser constituído como caridade, mas como um mecanismo de curandeirismo e mistificação que Chico Xavier usou para obter popularidade e fama e, se deixando valer pelo "bombardeio de amor", ser idolatrado até mesmo por aqueles que admitem que ele era "imperfeito". Uma "perfeição da imperfeição" bastante cafajeste, que não resolve os problemas do Espiritismo e só serve para mascarar uma idolatria obsessiva, na vã tentativa de evitar que os adeptos (mesmo os "não-sectários") de Chico Xavier caiam no ridículo.
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