Pular para o conteúdo principal

"Caridade" de Chico Xavier não passa de ficção novelesca

(Autor: Professor Caviar)

Existem duas coisas que viram "verdades indiscutíveis" sem terem provas consistentes (atenção: digamos provas consistentes): o envolvimento do ex-presidente Lula nos casos do triplex do Guarujá e no sítio de Atibaia e a festejada "caridade" de Francisco Cândido Xavier. São coisas que boa parte dos brasileiros acreditam piamente, e até creem tolamente que "existem provas", mas se enrolam muito ao explicar cada uma, na incapacidade de dar algum esclarecimento.

Pois bem, falemos da tal "caridade" que blinda Chico Xavier até nos seus piores erros. As pessoas novelizam muito a vida e, por isso, a realidade acaba imitando o folhetim, e as pessoas acabam raciocinando de maneira binária e simplória, como se a vida real tivesse sido escrita por um dramaturgo mediano da Rede Globo.

Muitos falam da "caridade" de Chico Xavier. Os refrões são conhecidos: "ele ajudou muita gente", "ele mudou vidas", "ele dedicou toda sua vida ao próximo", "ele era a consolação em pessoa" e tantas tolices que soam agradáveis como uma balinha de sabor muito açucarado. Mas ninguém consegue explicar direito essa "caridade", que sempre inclui dados muito vagos e alegações tomadas pela emoção.

A verdade é que essa "caridade" nunca existiu e que as ações tidas como "caridosas" não são mais do que artifícios cujo valor social é bastante duvidoso, e, em muitos casos, lembram a "filantropia" espetacularizada que Luciano Huck forja nos quadros "assistenciais" do Caldeirão do Huck, da Rede Globo. Neste sentido, Chico Xavier foi o Luciano Huck de seu tempo.

Aliás, devemos nos lembrar o seguinte: Chico Xavier NÃO fez caridade. A "caridade" que se atribui a ele foram seus seguidores que fizeram. Ele apenas pedia para outros doarem objetos, bens, dentro daquele processo chamado Assistencialismo, a "caridade fajuta" que não traz resultados sociais profundos e que mantém os privilegiados na sua tranquilidade dos privilégios abusivos.

Vamos aqui, em primeira mão, contestar a "caridade" de Chico Xavier, nos principais aspectos que põem essa "maior caridade" dele em xeque, revelando o quanto essa atribuição nada tem de admirável e tudo tem de oportunista. Procuramos observar objetivamente os fatos e as armadilhas de certas ações "caridosas":

1) CHICO XAVIER NÃO DOOU SEUS DIREITOS AUTORAIS PARA OS "MAIS NECESSITADOS" - Recusar cachê e qualquer remuneração não é, necessariamente, caridade. Na maior parte das vezes, é um meio de um famoso se autopromover às custas de um faturamento em dinheiro que recusou obter, até porque já possui privilégios demais para isso. A "pobreza" de Chico Xavier foi apenas um jogo de cena e ele recusava-se a ganhar dinheiro, depois que virou o astro do "espiritismo" brasileiro, porque ele era sustentado por terceiros, à maneira de um membro da realeza britânica. E a verdade é que o dinheiro dos direitos autorais dos livros de Chico Xavier foram para os cofres pessoais dos dirigentes da Federação "Espírita" Brasileira.

2) CHICO XAVIER PEDIA AOS OUTROS PARA AJUDAR O PRÓXIMO - Imagine a cigarra se promovendo pelo trabalho das formigas? Pois é. À maneira do que Luciano Huck faz hoje, comandando o "espetáculo da caridade" às custas de terceiros (como patrocinadores e produtores, por exemplo), Chico Xavier comandava sua "filantropia espetacularizada", mas ele em si nada contribuía, esperando obter os "louros" da tarefa alheia. É como, num mutirão, a pessoa que chamou todo mundo para participar fica cruzando os braços, esperando a recompensa pelo que não fez.

3) CHICO XAVIER APELAVA PARA OS SOFREDORES AGUENTAREM DESGRAÇAS EM SILÊNCIO - Que consolação é essa que pede para as pessoas ficarem aguentando desgraças? Nas "casas espíritas", as pessoas narram suas dificuldades e os atendentes do "auxílio fraterno" se limitam a dizer que "está tudo bem", é só "segurar a barra e orar para Deus". Tem gente que trabalha feito um condenado e não tem tempo sequer para orar, e Chico Xavier apelava para as pessoas, mesmo cansadas, continuarem trabalhando. Que consolação é essa que prega a servidão, a serenidade ante humilhações, a conformação com a desgraça, e ainda recomenda que fiquemos felizes por ter mais desgraças a sofrer e mais trabalho exaustivo (ou escravidão?) a encarar?

4) CHICO XAVIER NÃO CONSOLOU, ILUDIU PESSOAS HUMILDES - Com base no item anterior, temos que contestar a atividade de "consolação" de Chico Xavier, que, dizem, atendia "milhares de pessoas". É muito fácil usar um discurso dócil e dizer para as pessoas aguentarem as desgraças, sob a desculpa de que "Deus, um dia, irá trazer uma vida melhor", e convencer, com muita falácia, as pessoas ignorantes e humildes, que se tornaram deprimidas e pateticamente ingênuas diante de tantas adversidades na vida, a aceitar esse sofrimento extremo. Isso não é consolação, é uma grande enganação, é se aproveitar da desgraça alheia e se promover às custas do sofrimento dos outros.

5) CHICO XAVIER EXPLOROU TRAGÉDIAS FAMILIARES - Chico Xavier, com suas "cartas mediúnicas", fez uma porção de atrocidades. Desde uma simples exploração e autopromoção com a tragédia alheia, expondo sem necessidade a dor de pessoas comuns para o apetite voraz da imprensa marrom, até servir de "cortina de fumaça" para a crise social da ditadura militar. No caso das "cartas mediúnicas", que eventualmente incluiu uma intromissão besta em casos policiais, Chico Xavier produziu sensacionalismo barato, promoveu a glamourização da morte e ensinou errado as questões da vida após a morte, usando a "vida futura" como pretexto para que nos conformemos com as mortes tanto de vítimas da ditadura militar quanto de pessoas que eram muito valiosas para o convívio social.

6) CHICO XAVIER ERA IRRITANTE EM MUITAS MENSAGENS - Sabe aquela pessoa que vive dando pitaco num momento de luto? Não é só aquele jornalista que fica perguntando a alguém que chora o que ela está achando da morte de seu ente querido, algo deplorável segundo os princípios de bom jornalismo. É justamente aquele cara que fica dizendo "não se preocupe, o morto está bem", agravando o choro da pessoa que perdeu o ente querido. Chico Xavier é esse pentelho que fica dando palavreado desnecessário diante da tragédia alheia, se esquecendo que muitos lutos têm que ser expressos em silêncio, numa dor que não pede palavras. É gozado que Chico Xavier fala tanto em sofrer em silêncio, mas ele mesmo chateava as pessoas com seu malabarismo de palavras, perturbando aqueles que deveriam viver seus lutos no silêncio e na privacidade.

7) CHICO XAVIER CRIMINALIZOU PESSOAS POBRES, COM ACUSAÇÃO SEM FUNDAMENTO - No livro Cartas & Crônicas, de 1966, Chico Xavier, se apropriando do nome "Irmão X" para continuar sua revanche contra Humberto de Campos (postumamente usurpado pelo "médium" que fez o que quis com o nome do autor maranhense, através de sua psicografia fake), acusou as vítimas (mortos, feridos e sobreviventes) do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, ocorrido em 1961, em Niterói, de terem sido "cidadãos sanguinários" da Gália, no século II. Essa atribuição é feita sem o menor fundamento científico nem teórico, além de, impiedosamente, evocar um período de encarnações já superado.

O que chama a atenção é que os frequentadores do circo criminosamente destruído eram pessoas pobres, que queriam se divertir com o entretenimento circense, e o juízo de valor mostrou o lado impiedoso de Chico Xavier. Caso semelhante, quando o "médium" Woyne Figner Sacchetin fez semelhante acusação contra as vítimas de um acidente com o avião da TAM, em 2007, ele tornou-se réu de um processo judicial por danos morais. Por sorte, os pobres não processaram Chico Xavier pelo juízo de valor cruel, mas ele configura dano moral, sim.

8) CHICO XAVIER ARRUINOU O TRABALHO DE ALLAN KARDEC - Nenhuma vítima pode ter sido tão lesada por Chico Xavier quanto Allan Kardec, porque o pedagogo francês se sacrificou, praticamente sozinho, para desenvolver a Doutrina Espírita, pagando com seu dinheiro para realizar pesquisas e palestras, e enfrentando o repúdio e a incompreensão da sociedade do seu tempo, além da própria traição de seus seguidores, que não respeitaram o seu legado. Pois todo um resultado foi trabalhosamente construído para, depois, o arrivista de Pedro Leopoldo inserir igrejismo medieval e fantasias como a "luxuosa cidade de Nosso Lar" e a risível "profecia da Data-Limite", entre tantos devaneios catolicizados que praticamente arruinaram os estudos científicos do professor lionês.

Só o que Chico Xavier fez com o legado de Allan Kardec põe o "médium" brasileiro em situação deplorável e digna do mais absoluto e rigoroso repúdio. E, portanto, se Chico fez assim com Kardec, então não se pode acreditar na imagem de "caridade" tão associada ao "médium", porque o primeiro mau exemplo se deu quando desvios doutrinários foram cometidos.

Lembremos que Chico Xavier não deturpou o Espiritismo por acidente ou por entusiasmo. Não foi um "errinho bobo" que seus partidários tanto insistem em dizer. E Chico nunca aprendeu nem reviu seus valores, porque seu igrejismo medieval ele defendeu até a última página de seu último livro, tendo sido o "médium" o INIMIGO INTERNO alertado por Kardec com décadas de antecedência.

Portanto, vamos parar de associar Chico Xavier a ideia de caridade. Há outras pessoas que dão um uso melhor e mais digno a essa palavra.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um