(Autor: José Maciel de Novaes, via e-mail)
Será que as pessoas não se tocam? Quando uma religião fica falando demais de amor, mostra uma overdose de fotos com coraçãozinho, fala de flores etc etc etc, é porque algo está muito estranho. Não é para ficar feliz, aceitar tudo de bandeja, endeusar o ídolo religioso que mais aparece em ilustrações de jardins floridos e mais utilize a palavra "amor" em suas frases. É para nos mantermos alertas para ver o que está por trás disso.
No caso do tal espiritismo brasileiro - que não merece uma inicial em maiúsculas, porque esta doutrina ofendeu gravemente o legado suado do professor Allan Kardec - , com livros medíocres, dotados de erros históricos grotescos, incompreensões de todo tipo (sobretudo da Ciência Espírita) e falsas mediunidades que se vê de cara que não tem nada a ver com o que os supostos autores mortos foram ou fizeram enquanto vivos, não dá para aceitar tudo em prol da tal "bondade".
Ou alguém aceitaria que a "bondade" pode ser cúmplice da fraude, da burrice, da mistificação?
O que vemos nessa publicidade - sim, publicidade, marketing - em torno do sr. Francisco Cândido Xavier, rodeado de flores e coraçõezinhos em ilustrações da mais diabética pieguice, é de um descaramento sério. Não estou aqui manifestando rancor ou raiva, mas um certo realismo: o que Chico Xavier fez pela Doutrina Espírita é de um vergonhoso acinte.
Podemos dizer, sem medo e sem sombra de dúvida, que o legado de Kardec foi simplesmente insultado pelo suposto médium mineiro, que já muitos definem como um anti-médium, por deixar de ter a função intermediária de transmissor de mensagens dos mortos para ser o centro das atenções, o astro principal da festa, dublê de pensador, falso ativista, suposto filantropo!
Há um "culto à personalidade" em torno dos "médiuns" brasileiros que praticamente bagunça com a atividade mediúnica e cria um mercado no qual surgem pessoas com esse suposto dom com uma facilidade estranha. Temos mais "médiuns" do que a realidade lógica admitiria ter. Fico rezando para gente como Domingos Montagner não ganhar um "dono" na Terra, porque os "médiuns" aqui, além de serem os "reis da cocada preta", se acham os "donos dos mortos".
Esse pretenso marketing do bem é feito para abafar tantas e tantas irregularidades que o tal espiritismo brasileiro comete, muitas delas de assustadora gravidade. O esperto Chico Xavier fazia de tudo para abafar qualquer acusação de fraude, de mistificação, e é claro que o tal espiritismo medieval que se faz no Brasil vai apelar a tudo que soe aos incautos como "conceito" de "bondade", "amor" e "caridade".
"Vamos praticar a fraternidade", dizem seus pregadores. Fraternidade na deturpação? Ou na mediunidade de faz de conta no qual os mortos não falam, porque os "médiuns" já falam e fazem por eles e usam propaganda religiosa para abafar as acusações de fraude?
É lamentável que existam pessoas que criticam a deturpação do Espiritismo original, até apontando erros e tudo o mais, mas têm medo de dirigir alguma crítica severa a Chico Xavier e Divaldo Franco. E ainda insistem com desculpas das mais engenhosas, como se estivessem apegados aos dois astros da suposta mediunidade.
O que querem com isso? Recuperar as bases doutrinárias com os deturpadores? Tudo por causa da "bondade" pois, a seus olhos, o amor "permite tudo"? Quer dizer, pratica-se uma desonestidade doutrinária, descumpre os ensinamentos de um pedagogo com devaneios igrejistas, finge que recebe os mortos e faz mensagens de propaganda religiosa com a própria mente, e temos que aceitar "fraternalmente" toda essa bagunça por causa do "alimento e do abrigo dos mais necessitados"?
É por isso que temos um país assim, caminhando para um completo desastre, porque todo tipo de prestígio social é aceito de bandeja, com celebridades e políticos "importantes" cometendo escândalos graves e gente "influente" praticando crimes sem ver a chance de viverem longos anos de suas vidas numa prisão. Um Brasil está um caos, porque todos se iludem com alguma superioridade social, mesmo a religiosa, que veste a capa da "humildade" e da "simplicidade".
Isso é horrível. Temos que pensar no trabalho que Kardec fez, que foi muito duro. Os "médiuns" se dizem "humildes" e "pobres" mas sempre viveram no conforto e no apoio das elites. Chico Xavier teve apoio até da Rede Globo! Enquanto isso, a Uberaba tão protegida pelas "energias do bem" havia caído cem pontos em Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, de 2000 para 2010, o "centenário de Chico Xavier". E Uberaba já não estava grande coisa, com 104ª colocação, e caiu para 210ª como presente do "bom homem" para a tão sofrida população. Se a influência de Chico Xavier funcionasse como muitos dizem, Uberaba não teria sucumbido a tão triste situação.
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