(Autor: Professor Caviar)
Na foto que vemos nesta postagem, o "médium" Francisco Cândido Xavier, calvo e de óculos, no lado esquerdo, de camisa abotoada clara, conversava animadamente com outros senhores. Tudo poderia ser natural não fosse por um detalhe: eram os bastidores do espetáculo ilusionista de Otília Diogo, depois desmascarada por jornalistas da revista O Cruzeiro.
Este caso, ocorrido em 1963 e 1964, vem à tona quando muitos imaginam que Chico Xavier foi enganado pela farsante, algo que é contestado pelas fotos, pois nos bastidores o "médium" parece acompanhar tudo, com animação e entusiasmo, com a consciência de que sabia do que estava acontecendo. E as fotos foram registradas por alguém solidário, Nedyr Mendes da Rocha, para não haver dúvidas disso e os chiquistas não ficarem acusando os contestadores de rancorosa invencionice.
Certa vez, Chico Xavier lançou a seguinte frase: "A verdade que fere é pior do que a mentira que consola". Certamente, os palestrantes "espíritas" interpretam isso como uma "brilhante lição moral", como se a "verdade que fere" fosse uma lição necessária, mas desagradável, e que os acomodados mais preferem a "mentira que consola".
Na verdade, porém, o que Chico Xavier disse era para proteger a própria pele. E vemos, no lado dele, a "mentira que consola" através de supostas obras espirituais que não refletem a verdadeira natureza dos autores mortos alegados, mas não raro expressam o pensamento pessoal do "médium".
Imagine um "Olavo Bilac" perdido em métricas malfeitas, "concordando" com Chico Xavier na tese da supremacia teocrática brasileira (o mito do "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", de forte influência de Jean-Baptiste Roustaing, o deturpador pioneiro do Espiritismo), ou um "Casimiro de Abreu" que admite "animação pelo sofrimento", tal qual o "médium" que comprovou ser devoto da Teologia do Sofrimento.
As pessoas aceitam esse vale-tudo do morto que "perdeu o talento que tinha" quando "foi se comunicar" através de um "médium". Acreditam que "tudo é amor, logo tudo é válido". Quanta hipocrisia nesta falácia, daí as "mentiras que consolam", tão agradáveis, porque elas são feitas "por amor" e "pelo pão dos pobres".
A "verdade que fere" é aquela que diz que o "Humberto de Campos" dos livros de Chico Xavier é falso por não refletir o estilo pessoal do autor maranhense. Compare, por exemplo, um livro como O Monstro e Outros Contos, que Humberto lançou em vida, com Lázaro Redivivo, que tal constatação se confirmará, não pela cegueira do ódio, mas pela serena leitura atenta, serena e calma, mas nem por isso complacente e permissiva.
Tantas "verdades que ferem" atingem os fanáticos seguidores de Chico Xavier, que diante da aceitação tão grande e submissa das contradições do suposto médium mineiro, cultuado sob a "luz" (ou melhor, a "treva") das paixões religiosas, chegam mesmo a se desentender.
Uns dizem que Chico Xavier previu o fim da Europa e da América do Norte. Outros negam, mas dizem que Chico havia sido reencarnação de Allan Kardec. Uns falam que Chico voava sobre as águas, e podia estar presente em dois lugares. Outros dizem que ele era cientista e filósofo. Outros, que era ativista progressista, mesmo pregando o "sofrimento em silêncio". Enfim, tantas e tantas "mentiras que consolam".
Chico sabia que era alvo de críticas severas e a referida frase ele tinha dito justamente para salvar sua pele, assim como apelos para ninguém questionar, julgar etc. Tudo isso era para permitir que ele investisse no vale-tudo da propaganda religiosa travestida de "mensagens do além" em que Chico, na prática, usava diversos mortos para "concordarem" com suas pregações igrejistas, em muitos momentos claramente medievais.
O próprio Chico Xavier simboliza as "mentiras que confortam" que fazem com que seus seguidores sejam reféns dessa armadilha perigosa chamada paixão religiosa, orgia sem sexo, dinheiro nem drogas, mas dotada de todos os sentimentos mórbidos de êxtase, submissão e até masoquismo, representando as fascinações obsessivas e subjugações que Kardec havia alertado com antecedência em seu tempo, infelizmente em vão, no caso brasileiro.
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