(Autor: Professor Caviar)
Em mais um balé de palavras bonitinhas, o "médium" Francisco Cândido Xavier vem com duas frases de apelo bastante igrejeiro, bastante açucaradas e que agradam muitas pessoas, embora essas frases no fundo não fedem nem cheiram. Vamos a elas:
"A caridade é um exercício espiritual. Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma".
Outras pessoas diriam isso com mais profundidade e menos igrejismo. Até porque precisamos interpretar essas frases de Chico Xavier não pelo pé-da-letra, mas diante de contextos específicos e nem sempre tão positivos como se imagina. Isoladas, estas duas frases parecem até agradáveis, mas vindas de um grave deturpador do Espiritismo, é apenas uma cortina de fumaça para disfarçar o vazio doutrinário.
Em primeiro lugar, o católico Chico Xavier vê na ideia de "caridade" uma espécie de sacramento religioso feito por laicos. É uma "bondade" na qual a marca da religião prevalece, embora o movimento religioso seja de "livre escolha" de qualquer um. Entende-se isso, por exemplo, a reprovação ao ateísmo, embora os "espíritas", sabemos, fingem ter "total consideração" aos ateus (claro, é mais ovelha para o rebanho do "movimento espírita").
Os "espíritas" tentam desconversar, dizendo que "caridade é tudo". "Você, por exemplo, vai receber o seu salário e ele vem menos do que o esperado e você vai falar com seu patrão. O entendimento dos dois é caridade, você entender que o patrão, que é seu irmão, tem dificuldades, isso é caridade". Então tá, em tempos de reforma trabalhista, o patrão pode cortar salários, o trabalhador é que precisa se desapegar de sua renda, ficar só com a grana das contas. O jeito é comer livros "espíritas", que são "um alimento para a alma".
Falando sério, no "espiritismo" só se recomendam três tipos de "caridade": o Assistencialismo, apenas para minimizar efeitos drásticos da pobreza; a ajuda ao arrivista, no caso a colaboração de uma pessoa evoluída à ambição tendenciosa de alguém atrasado e medíocre, estimulando o canastrismo social; e a complacência com o algoz, que envolve muitas vezes servidão ou conformação com o abuso cometido por alguém mau.
Essa "caridade", que o igrejismo "espírita" acha "a mais nobre e desafiadora", tem suas falhas, porque, no caso do Assistencialismo - que os "espíritas" definem como "Assistência Social" - , a ajuda é pouca, pontual e quase sempre provisória, sem efeitos sociais profundos. E, no caso das outras duas caridades, a coisa é pior, pois a "ajuda" dá mais vantagem social a pessoas levianas, no caso do arrivismo, e no caso da complacência com o algoz, aceita-se que pessoas perversas ou traiçoeiras levem sempre a melhor na vida.
Portanto, estas frases de Chico Xavier foi apenas um monte de palavras jogadas ao vento, que parecem música aos ouvidos de muitos, mas são apenas frases banais e bastante piegas. Nem de longe elas refletem sabedoria, porque fazer o bem é um tema que não se aborda assim com teorias tão simplórias e superficiais. E a vida é muito complexa para que se veja algum sentido em frases assim.
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