(Autor: Professor Caviar)
Depois do "médium" João Teixeira de Faria, o João de Deus, aproveitar um exame de rotina para visitar o presidente Michel Temer, então com uma pequena operação na próstata, é a vez de outro "espírita" ilustre visitar o presidente.
Desta vez o visitante, na tarde de ontem, foi o ator Carlos Vereza, que interpretou o médico e um dos fundadores da Federação "Espírita" Brasileira, Adolfo Bezerra de Menezes. Vereza é ligado a uma organização de centro-direita, o Instituto Millenium, já fez críticas pesadas contra Dilma, Lula e o PT em geral e, recentemente, defendeu o reacionário presidente no programa Conversa com Bial, da Rede Globo, afirmando não haver sentido as pessoas pedirem "Fora Temer".
Vereza e Temer vão falar de Educação, possivelmente à luz do "espiritismo" brasileiro. O ator, que recentemente esteve na novela Velho Chico, também havia recebido, do presidente Temer, uma condecoração da Ordem de Mérito Cultural. Vereza também fez vários elogios às atividades da tendenciosa Operação Lava Jato.
É irônico que o presidente Temer tenha dito, certa vez, que "nunca frequentou um centro espírita" pois seu governo encontra afinidade plena com os valores conservadores defendidos pelos "espíritas" de nosso país. Pontos ligados à reforma trabalhista, a reforma previdenciária e à terceirização total no mercado de trabalho condizem muito com os valores de "abnegação", "humildade", "perseverança" e "caridade" defendidos pelos "espíritas", como a negociação desigual entre patrões e empregados (que privilegia os primeiros), vista pela religião "kardecista" como "acordo fraterno entre irmãos".
CARLOS VEREZA TERIA INDICADO JOÃO DE DEUS A CAMILA PITANGA
Carlos Vereza foi designado para fazer um personagem em Velho Chico, um novo personagem criado para substituir o do ator Umberto Magnani, que havia falecido. Outro ator da novela, Domingos Montagner, morreu em um acidente, quando se afogou nas águas movimentadas de um trecho do Rio São Francisco, durante um intervalo de gravações.
Domingos estava acompanhado da colega e par romântico na novela, Camila Pitanga, que se tornou uma grande amiga do ator. Ela queria nadar com ele mas ele o impediu, porém ele foi levado pelas águas e foi encontrado morto alguns metros depois.
Desolada com a perda de um amigo, Camila estava muito triste e teria sido consolada por colegas. Carlos Vereza, provavelmente, teria orientado ela a procurar um "centro espírita" e teria sugerido a ela o "médium" João Teixeira de Faria, o João de Deus, também um poderoso latifundiário de Goiás.
Camila, ateia e de esquerda, foi então visitar o "coronel João" em Abadiânia, no interior goiano. João de Deus é considerado o "terceiro maior médium espírita brasileiro", depois de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, e Divaldo Franco. João de Deus foi capa da revista Veja em matéria elogiosa, sendo este periódico famoso pela postura hostil em relação aos movimentos sociais e ao PT.
O envolvimento dos "espíritas" com políticos conservadores se tornou mais claro quando Chico Xavier e a FEB apoiaram o golpe militar de 1964. No programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo, Chico Xavier disparou comentários depreciativos contra os movimentos operário e camponês (categorias profissionais que envolvem pessoas humildes) e defendeu abertamente a ditadura militar, que estava em sua fase mais repressiva. Chico pedia para os brasileiros "orarem pelos generais", que estavam construindo um "reino de amor" do Brasil futuro. Chico apoiou a ditadura numa época, 1971, em que até o histórico reacionário Carlos Lacerda se opunha ao regime.
Recentemente, Divaldo Franco apareceu ao lado do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., e ofereceu o evento Você e a Paz para o tucano lançar um composto alimentar, a "farinata", condenado por entidades relacionadas à saúde humana e aos movimentos sociais. Na Bahia, Divaldo Franco e seu amigo José Medrado são conhecidos por apoiarem, sutilmente, o poder político de Antônio Carlos Magalhães e seus herdeiros. Medrado é contratado pela Rádio Metrópole FM, do "filhote da ditadura" e afilhado político de ACM, Mário Kertèsz, que atua como um esperto usurpador e cooptador dos movimentos de esquerda baianos.
O "movimento espírita" recebeu a queda de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer com entusiasmo. Palestrantes e páginas "espíritas" passaram a divulgar textos apelando aos brasileiros para suportar as desgraças e até "adorar" o sofrimento. Textos que apelavam, também, para a renúncia aos desejos e necessidades humanas eram publicados até em páginas portuguesas sintonizadas com o "espiritismo" da FEB. De forma subliminar, estes apelos simbolizam o apoio aos projetos retrógrados de Temer, como a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, a terceirização total e a adaptação da Educação pública aos padrões da obscurantista Escola Sem Partido.
Tudo isso sepulta, de maneira definitiva, a fama de "progressista" que o "espiritismo" brasileiro carregou durante anos, uma reputação que foi obtida sem qualquer motivação precisa. Apenas o caráter falsamente modesto das "casas espíritas", a suposta despretensão e o apelo publicitário que enfatiza imagens de crianças pobres sorridentes é que fez as esquerdas serem enganadas e classificarem o "espiritismo" brasileiro como uma "religião progressista", quando ela, na verdade, é uma religião conservadora e de direita.
O conservadorismo "espírita" é tão evidente que Chico Xavier marcou sua carreira sempre pedindo para as pessoas nunca questionarem nem contestarem, recomendando o silêncio para as pessoas, o que indica uma censura subliminar e uma forma conservadora e moralista de manter as pessoas em sua situação de infelicidade e infortúnio.
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