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Mídia tenta abafar caso Fernando Ben


(Autor: Senhor dos Anéis)

Foi morna cobertura da grande mídia sobre as fraudes de que o suposto médium Fernando Ben, que em 2016 alegou ter "psicografado" uma carta de Rian Brito, neto do humorista Chico Anysio que morreu afogado, aos 25 anos, numa praia em Quissamã (RJ).

A cobertura praticamente se limitou à Globo - Rede Globo e O Globo - e ao sítio Catraca Livre, de Gilberto Dimenstein. A mídia restante praticamente reagiu em silêncio, sobretudo a Folha de São Paulo, o atual reduto de blindagem a Francisco Cândido Xavier e outros supostos médiuns, talvez porque o empresário Luís Frias, dizem, está esperando alguma "psicografia" de Otávio Frias Filho dizendo que o irmão é herdeiro natural do espólio do Grupo Folha.

Por que será que a cobertura foi morna? E por que ela partiu justamente de uma mídia conhecida por blindar Chico Xavier? Talvez por estar mais visada por essa blindagem, a Globo tenha mudado levemente de postura, trazendo uma reportagem denunciando um suposto médium, depois que a mesma corporação, a partir de um talk show de seu antigo repórter, Pedro Bial, denunciou os crimes de João Teixeira de Faria, o João de Deus.

Entendemos que a Globo não rompeu com Chico Xavier e derivados, provavelmente contextos menores possam explicar a aparente mudança relativa de posição, quando admite denunciar não só as fraudes "mediúnicas" e os crimes de outra natureza cometidos pelos supostos médiuns, como também lembrar da associação de João de Deus com o "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba.

Podemos entender prováveis razões. Uma, a de que a Globo precisa adotar uma postura laica, evitando o sectarismo com o "movimento espírita", que era permitido no contexto da ditadura militar, com o fluxo de informações mais limitado do que hoje, mas hoje não tem cabimento. A Globo precisa dar a falsa impressão de que faz um jornalismo "isento", "imparcial", e, por isso, tenha que fazer tais coberturas.

Outra razão é a de que se deve selecionar os "novos peixes" para entrar no "movimento espírita", como sucessores de Divaldo Franco (que está com idade elevada, 92 anos, a mesma em que Chico Xavier encerrou sua vida). João de Deus está doente e Fernando Ben talvez não seja o cara certo para ser o "novo mensageiro espírita", sendo necessário alguém com maior habilidade, quem sabe um "novo Emmanuel".

A Globo fez um acordo de divulgação com a Fox Filmes do Brasil para fazer Divaldo - Mensageiro da Paz. Ela forneceu um elenco de atores que estão contratados pela emissora brasileira, e por isso pode ser considerada co-produtora, nesse aspecto. Por associação, a Globo também blinda Divaldo Franco e o mesmo Fantástico engoliu as desculpas que o "médium" baiano disse quanto às acusações de que ele plagiou Chico Xavier, a de "coincidência de sintonias".

FERNANDO BEN "MODERNIZOU" OS MÉTODOS DE FRAUDE DE CHICO XAVIER

O episódio de Fernando Ben tenta ser abafado, de forma que sua repercussão não atingisse o "meio espírita" como um todo. Até porque o "médium" de origem pernambucana e responsável pela Casa de Fátima, no Rio de Janeiro, modernizou as táticas de obtenção de informações para "psicografias" feita por Chico Xavier, na época das suas "cartas mediúnicas".

Fernando Ben colhia informações da Internet, das redes sociais, e montava dados a partir daí. No caso da filha do ex-militar Alex de Almeida Souza, a jovem Larissa, falecida aos 21 anos, para montar o texto da "mensagem espiritual" da garota, Fernando Ben teria pego informações diversas e acessíveis - embora, se obtivesse informações pouco acessíveis, não estaria isento de fraude - , entre as quais uma foto em que a jovem aparecia ao lado do pai segurando uma bandeira do Flamengo. Na "psicografia", a suposta Larissa falava da "camisa do Flamengo" usada por seu pai.

Chico Xavier também usava seus artifícios. Muita gente não entende isso. Seus voluntários no Grupo "Espírita" da Prece, em Uberaba, praticavam "leitura fria" entrevistando parentes de algum morto. Vendo seus gestos e a forma com que pronunciam certas informações, eles criam fatos e ideias subliminares e montam o repertório informativo que Chico Xavier trabalharia nos textos "psicográficos".

Os chiquistas, tão entorpecidos na sua cegueira emocional, se esquecem que nem todos os parentes e amigos sabem todas e as mesmas coisas do respectivo ente querido que morreu. Há coisas que só a tia sabe, outras que só a professora conhece, outras que são do conhecimento exclusivo da turma de amigos, outras que só os pais sabem etc. São detalhes bastante reais e verídicos, mas dentro do mundinho dos chiquistas, se transformam em "absurdos inadmissíveis".

Outro fato é que Chico Xavier recebia recortes de jornais e revistas no caso de certos mortos terem seus óbitos noticiados pela imprensa. Familiares do falecido lhes enviavam esse material por boa-fé, porque, solidários ao "médium", queriam que ele soubesse tudo.

O que essas pessoas não sabem é que acabaram fornecendo material para as "psicografias", combinada com a "leitura fria", criando um repertório verossímil que nem os acadêmicos têm coragem de contestar, vide o caso do melindroso Alexandre Caroli Rocha, da USP.

É um fenômeno sensacionalista o das "cartas mediúnicas" de Chico Xavier, que muitos consideram "sua maior caridade". Se observarmos bem e abrirmos mão das paixões religiosas, veremos que de caridade isso não tem coisa alguma. Além de serem mensagens forjadas artificialmente, elas estimulavam sentimentos obsessivos, alimentavam o sensacionalismo da imprensa e faziam promoção pessoal a Chico Xavier, o "maior ajudado" dessa suposta caridade.

Esse fenômeno alimenta o mercado literário. Chico Xavier e, por associação, Divaldo Franco sempre foram bons vendedores de livros. Eram como autores de auto-ajuda (um gênero literário chinfrim), só que com maior status. E isso lhes garante a blindagem mais do que absoluta, com direito até mesmo à dissimulação.

Tem gente que acha que os dois, Chico Xavier e Divaldo Franco, são defendidos por suas "iluminadas qualidades". Não. Eles são respaldados pela sociedade porque seus livros rendem muito dinheiro. Mas quem pensa que é por causa dos pobrezinhos, está enganado. Não é da natureza humana ficar empolgado demais porque o dinheiro vai todo para os pobrezinhos. Isso não faz sentido. O dinheiro vai todo para os dirigentes "espíritas" e suas vidas confortáveis.

Interesses umbralinos cercam a blindagem de Chico Xavier e Divaldo Franco, daí o melindre da imprensa hegemônica em evitar que casos como o de Fernando Ben alcancem ampla repercussão, porque aí as denúncias poderiam atingir os "peixes grandes" do "movimento espírita", aqueles que, segundo seus seguidores, "arrecadam dinheiro com os livros só para os pobrezinhos". Então tá.

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