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A risível noção de "deturpação" dentro do "movimento espírita"

(Autor: Professor Caviar)

Vejam o que é o "movimento espírita", ou seja, o Espiritismo catolicizado que tenta estar acima até da própria Codificação. Uma denúncia envolvendo um simples crédito de autoria é definida como "deturpação", e esse ato, uma tempestade em copo d'água se comparado aos desvios doutrinários autorizados e até estimulados pela doutrina brasileira, é feito para desviar o debate sobre o que REALMENTE é a deturpação do Espiritismo.

A denúncia partiu de um palestrante "espírita" português, mas nascido em Angola e alinhado à forma catolicizada brasileira, José Lucas, do blog "Artigos Espíritas". Ele se diz "contrário" à deturpação e à catolicização do Espiritismo, dando a crer que defende a pureza doutrinária trazida por Allan Kardec. No entanto, suas ideias são sempre às do "espiritismo" brasileiro, catolicizado e medievalizado.

Ele denunciou, em 2017, que o livro Evolução em Dois Mundos, creditado ao suposto espírito do médico André Luiz e "duplamente psicografado" por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, omitiu o crédito deste último, passando a ser vendido apenas com o crédito a Chico Xavier.

Reproduzimos o texto abaixo, para ver o caráter ridículo da análise de José Lucas, que diz "repudiar" a obra de Jean-Baptiste Roustaing e reclamou as inserções roustanguistas em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Acorda, José Lucas! O "espiritismo" brasileiro sempre foi roustanguista, até debaixo d'água e sob todas as alegações de "fidelidade absoluta e respeito rigoroso aos postulados originais".

Em primeiro lugar. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, apesar do crédito oficial a Humberto de Campos - que, desde o fim de 1934, não estava mais aí para reclamar do uso de seu nome - , foi escrito a quatro mãos, pelas mentes terrenas de Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, presidente da FEB. Deixemos de ilusões. É certo que a passagem pró-Roustaing deve ter sido ideia de Wantuil, que, como chefe da federação, queria que os brasileiros conhecessem "a revelação da Revelação" (subtítulo da obra roustanguista Os Quatro Evangelhos). Mas não devemos nos iludir com Chico Xavier, porque ele era também roustanguista - o igrejismo de Roustaing estava mais de acordo com as raízes católico-medievais do "médium" mineiro do que a ciência kardeciana - e apenas tinha medo de assumir o apoio aos ideais do advogado de Bordéus.

O texto abaixo é risível, se percebermos que os livros de Chico Xavier são verdadeiros crimes de lesa-doutrina, apresentando conceitos anti-científicos - mesmo travestidos de "ciência" - , valores moralistas ultraconservadores e conteúdo igrejista dos mais convictos. Ou José Lucas não leu os textos de Chico Xavier, que traduzem de forma explícita a "catolicização" que ele tanto diz reprovar, ou ele é ingênuo ao acreditar que uma mesma tese sob uma mesma abordagem tem sua variação conforme o prestígio de quem diz, ou seja, ideias ultraconservadoras e igrejistas, quando vindas de Chico Xavier, soam "progressistas e científicas" porque vieram dele. Vamos ao texto:

Tendência histórica da FEB de deturpação de livros produz novas vítimas

Do Expediente On-Line

Alguém disse alhures que a tradução de Guillon Ribeiro, ex-presidente da FEB, para as obras de Roustaing é melhor do que o original. Ironia ou não, já as referidas obras sofreram acusações de mudanças e supressões por conta dos editores febianos. É dessa maneira que, historicamente, a instituição que dirige o movimento espírita brasileiro dito oficial é acusada por ações semelhantes, fato também ocorrido em outras ocasiões, como no caso do livro famoso Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho, no qual as deturpações se deram por conta da introdução de partes favoráveis a Roustaing, em especial. Coincidentemente, os originais da psicografia de Chico Xavier do referido livro jamais vieram a público, apesar de insistentemente solicitado por diversos críticos.

Pois agora é de novo Chico Xavier quem está sendo mencionado, mas na companhia de Waldo Vieira, com quem Chico dividiu a psicografia do livro Evolução em dois mundos. E quem o está fazendo desta vez é um espírita português conhecido, José Lucas, e sua denúncia é irrespondível, tanto que as cartas que enviou à FEB jamais mereceram sequer registro de recebimento, quanto mais resposta. Porém, outra ironia, a vida da era digital é como uma afirmativa de recebimento quando um email é enviado, pois já não se precisa, na prática, de retorno do destinatário. Assim, respondendo ou não, a FEB teria, sim, recebido as correspondências acusatórias e muito bem escritas pelo remetente.

Não temos apenas os textos de José Lucas. Temos também a prova do crime nas fotos acima reproduzidas. Mas vale a pena ler as cartas enviadas por José Lucas à FEB com as denúncias das fraudes. Vamos, pois, a elas, começando pelo e-mail primeiro, datado de 17 de março do presente ano.

Federação Espírita Brasileira:
“Caros amigos da FEB,
Tudo de bom.
Como que por acaso, ao reler um dos livros da série André Luiz, verifiquei que as novas capas que a FEB divulga, e que a FEP, em Portugal, também usa, contêm uma falha grave.
Os livros que foram psicografados por Chico Xavier e Waldo Vieira têm nas capas novas (ao contrário das antigas) apenas o nome e a figura de Chico Xavier, dando a entender, erradamente, que foi este médium quem recebeu o livro.
Como este acto configura uma deturpação grave de factos históricos, para além de ser ética e moralmente incompatível com a postura espírita, venho solicitar que, em abono da verdade, e por uma questão de correcção moral, se dê idêntico destaque aos dois médiuns, seja em parte do livro for, como sempre foi feito até então.
Certamente não foi deliberado, no sentido de valorizar mais um médium que o outro, mas custa a acreditar que tendo a FEB um know how e experiência editorial superior a qualquer outra editora espírita, que tal falha tem passado por quem fez as capas e por quem as aprovou.
Já sensibilizei o Sr. Presidente da FEP (Portugal) para o facto, sendo que deixaremos de adquirir os livros adulterados, até que tenham capas correctas.
Grato pela atenção, e na certeza de que farão o que é mais correcto, com amizade, sempre ao dispor,
José Lucas”.
Acrescento que a Federação Espírita Portuguesa não tem responsabilidade no caso das capas, pois usa as da FEB, num protocolo. A respeito disso, o presidente da FEP informou – me que irão fazer capas novas. 
Obrigado.
José Lucas 

Sem resposta e percebendo que a FEB corrigiu apenas parcialmente a capa, mas prosseguiu com o grosseiro erro, José Lucas tomou a decisão de publicar uma carta aberta à FEB, que é a seguinte.

 CARTA ABERTA AOS DIRECTORES DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA (FEB)

Assunto: Adulteração histórica das capas de livros da série André Luiz.

Óbidos (Portugal), 7 de Junho de 2017

Exmºs Directores da Federação Espírita Brasileira (FEB),

As minhas mais cordiais saudações.

Em Março de 2017 enviei um e-mail (mais abaixo) à FEB, alertando para a adulteração da verdade histórica, pois os livros ditados pelo Espírito André Luiz e, recebidos conjuntamente pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira apresentavam nas novas capas, apenas referência a Chico Xavier, inclusive com foto deste médium, sem qualquer referência a Waldo Vieira, que somente aparecia discretamente na contracapa, sem foto.

De realçar que tal e-mail nem sequer teve direito a resposta.

Inicialmente acreditei que se trataria de um erro.

Hoje, 7 de Junho de 2017, fui ver a livraria online da FEB, onde as capas foram ligeiramente modificadas e, onde aparecia apenas o nome de Chico Xavier, aparecem agora, na capa, ambos os nomes, mas com foto de Chico Xavier e sem foto de Waldo Vieira.

Para quem não saiba, Waldo Vieira, psicografou em conjunto com Chico Xavier alguns livros, ditados pelo Espírito André Luiz (facto histórico).

A FEB editou os livros, colocando (e muito bem) os nomes dos 2 médiuns com igual destaque (ver foto correcta, mais abaixo).

Waldo Vieira após ser espírita, abandonou o Espiritismo e criou uma corrente diferente, a Conscienciologia, tendo muitas vezes criticado o Espiritismo e Chico Xavier.

Ora, tal facto, não é motivo para que a FEB tente adulterar a História e, muito menos tirar o mérito e o trabalho de Waldo Vieira, quando era espírita.

Parece-nos óbvio que, afinal não foi um engano, mas uma tentativa anti-ética, imoral e uma adulteração grave da História, de tentar fazer esquecer Waldo Vieira dando mais protagonismo a Chico Xavier.

Esta postura da FEB fere as normas mais básicas do bom senso, da ética, da moral cristã, de todos os princípios que a Doutrina Espírita nos ensina.

Depois da lamentável colagem da FEB a obras antidoutrinárias como as de Roustaing em pleno século XXI, esta atitude editorial, envergonha a FEB, não a Doutrina Espírita, pois decerto Kardec nunca se pautaria por tal procedimento.

Chico Xavier, o exemplo de simplicidade e humildade, jamais pactuaria com este erro grave por parte da FEB.

Mesmo discordando de todas as atitudes de Waldo Vieira, aquando da sua saída do Espiritismo, devemos ser correctos e, não adulterar a verdade Histórica, quer concordemos ou não com a mesma.

Não ficaria de bem com a minha consciência se não denunciasse publicamente esta atitude inqualificável por parte da FEB, depois de ter alertado e nem sequer se dignarem responder e, depois de ter verificado uma 2ª adulteração, o que demonstra que houve intenção.

Fica registado para a posteridade que houve livros recebidos em parceria por Chico Xavier e Waldo Vieira e, que o espírito inquisitorial e papal da FEB achou por bem adulterar.

Assim não, isso não é espiritismo!!!

Cordialmente e com votos de que possam rectificar rapidamente esta lamentável situação,

José Lucas

jcmlucas@gmail.com

Conclusão: Herculano Pires se mostra muito atual com sua sentença sobre as instituições federativas, especialmente a FEB, quando diz que “as grandes instituições brasileiras e as federações estaduais investem-se por vontade própria de autoridade que não possuem nem podem possuir, marcadas que estão por desvios doutrinários graves”. E mais grave ainda se tornam os fatos quando são cristalinos e ainda assim são desprezados em nome de uma garantia de liderança fugaz.

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