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Artigo acadêmico diz que "Espiritismo no Brasil não é deturpado"


(Autor: Professor Caviar)


Um artigo acadêmico, da Universidade Estadual de Londrina, no interior do Paraná, lançado em 2012 em função do Projeto Religião e Política da instituição, segue a tendência acrítica e soa também um tanto leigo e principiante em relação à temática espírita em geral, legítima ou bastarda.

A tese é escrita pela aluna Vivian Matsumoto da Silva, sob orientação do professor Fábio Lanza, que no Currículo Lattes apresenta títulos de graduação em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara Campus da UNESP (Bacharelado-1997 e Licenciatura-2001), mestrado em História pela Faculdade de História Direito e Serviço Social Campus da UNESP de Franca (2001) e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC SP (2006).

Os dois devem ser estudiosos de primeira viagem, no qual veem o Espiritismo (apesar de Lanza atuar em áreas como Sociologia das Religiões e Ensino Religioso) apenas por dados oficiais, abordagens dominantes e fontes consultadas sem qualquer senso crítico. Portanto, é mais um trabalho que segue a viciosa aversão ao senso crítico em teses acadêmicas, como se ter abordagem crítica fosse sinônimo de opinionismo. E não é. Se fosse no Brasil, nunca teríamos intelectuais como Umberto Eco, Noam Chomsky e muito menos Pierre Bourdieu, mencionado na tese de Vivian, porque eles nunca passariam de pálidos títulos de graduação acadêmica e teriam sido míseros escrivães de panfletos com projeção de profetas num deserto sem gente.

O texto é simplesmente primário, de conhecimentos superficiais e sem o rigor científico necessário, porque no Brasil "rigor científico" é apenas uma maquiagem para dar um verniz de objetividade a teses sem o menor senso contestatório, sem o menor interesse em problematizar as "problemáticas", que terminam as teses acadêmicas sempre de maneira "inconclusiva" ou ilesas de qualquer contestação. Simplesmente lamentável. Leiam o texto do anteprojeto:

A REPRODUÇÃO CINEMATOGRÁFIA DO ESPIRITISMO NO BRASIL¹
Autora: Vivian Matsumoto da Silva²
Orientador: Prof. Dr. Fabio Lanza
GT 01: “SOCIEDADE, CULTURA E RELIGIOSIDADES”

Resumo
O objetivo deste trabalho é mostrar a trajetória do Espiritismo no Brasil. De forma que, seja considerada a realidade social tratada em cada época desde o surgimento, primeiras aparições e manifestações até chegar à fase contemporânea de novas manifestações e reproduções em geral que envolvem o Espiritismo. Bem como, fazer uma analise a luz da perspectiva da busca da doutrina unida com a intencionalidade de curar-se, evoluir espiritualmente e de caridade ao próximo, sejam elas por questões humanitárias ou pelas disposições, missões dentro dos centros espíritas. Apoiando-se numa perspectiva sociológica aprofundar os estudos ao tema e que se norteie em considerar os efeitos da sociedade distribuídos historicamente dada cada época tratada. A investigação propõe o recorte das analises de quatro filmes espíritas brasileiros: As mães de Chico Xavier3; Bezerra de Menezes, Diário de um Espírito4 ; Chico Xavier, O Filme5 e Nosso Lar6. E com isso direcionar atenção às noções de cura, mediunidade, elevação espiritual, e a superação e substituição de dogmas, que estão inseridas nestas produções cinematográficas.
Palavras chave: Espiritismo; sociologia das religiões, reprodução cinematográfica.

1. Introdução

O Brasil é um país de grande diversidade étnica, de forma que as religiões e diversas manifestações culturais que estão presentes no país estejam relacionadas com o incretismo. Atualmente, os indivíduos possuem liberdade religiosa visto que não há uma religião oficial no Brasil. Porém os antecedentes históricos nos elucidam os motivos das lutas por legitimação de algumas religiões “menos tradicionais” e que não raro são julgadas menos relevantes.

Porém no Brasil a maior parte dos brasileiros afirma ter catolicismo como religião, o produto disso é que os valores cristãos católicos estejam inseridos de forma implícita e explicita na realidade social brasileira.

Não é raro presenciarmos alguma forma de manifestação católica, a mesma é presença certa na mídia, algumas Instituições, entre outros espaços sociais. Como também valores protestantes. Antônio Flavio Pierucci (1996) se interessa por essas percepções religiosas. A bancada evangélica é um grande exemplo, há uma grande união entre protestantismo e ativismo político. Com isso, Pierucci, junto com Reginaldo Prandi elaboram a obra: A realidade social das religiões do Brasil.

Emerson Giumbelli (2008) se preocupou em especificar as peculiaridades das religiões brasileiras, suas legitimações e suas autonomias dentro da sociedade brasileira. A presença do religioso no espaço público é o artigo que nos é elucidado toda influencia religiosa e noções de laicidade.

O Espiritismo no Brasil e todo o seu contexto histórico social é dotado de lutas por reconhecimento e legitimidade. Uma das características do Espiritismo é que a doutrina é adepta da liberdade religiosa na sociedade. Porém é fácil perceber que a sociedade possui espaços que são dotados de acomodações morais, influencias religiosas de maneira implícita e ou explicita.

Embora com precedentes na América, especificamente em Hydesville, a constituição do Espiritismo ocorreu dentro de um cenário europeu especificamente no século XIX. A fase despertava um interesse bastante árduo para época, tendo em vista que transformações históricas estavam ocorrendo no âmbito da religião. Com isso tinha-se um objetivo: a racionalização do sobrenatural e religião.

"Identificado com algumas correntes de pensamento europeu, o espiritismo é trazido para o Brasil por imigrantes europeus letrados. Apoiando na ideia de reencarnaçãoe da evolução, o espiritismo surgiu com Hippolyte Leon DenizardRivail, conhecido por Allan Kardec, pedagogo, nascido em 1804, fortemente influenciado pelas ideias liberais, inspirando nas doutrinas de Rosseau" (RIBEIRO, 2007, p.04).

É interessante nos atentarmos na realidade da qual a sociedade européia se encontrara nesta época. O século XIX foi marcado pelo Iluminismo, onde não mais existia o Teocentrismo, o homem pouco a pouco ganhou espaço e credibilidade, ou seja, um progresso, em relação às tecnologias e ciências, estava alterando a vivencia da Humanidade. As explicações para os fenômenos que aconteciam bem como as compreensões do mundo não eram mais limitados e referenciados por Deus. Isto é este século trouxe grande embasamento para formação de novas religiosidades que foi denominado Espiritualismo Moderno, que tem com parte de definição qualquer forma de depositar credibilidade na crença na existência de uma vida além da morte, pós desencarnar (SILVA, 2005).

Seria algo de dificuldade adotar uma data para o começo de aparições de forças exteriores, fenômenos de energia de superioridade e, ou inferioridade que por vez, presenciavam a vida da humanidade. Isto é, não há época da História em que estes fenômenos não eram existentes. Contudo estudos foram sendo iniciados, havia uma movimentação em torno desses acontecimentos, em 31 de março de 1848, os espíritas delegaram o começo do movimento bem como iniciaram estudos mais concretos. (DOYLE,1995).

É importante focarmos a atenção aos detalhes, referenciais históricos do Espiritismo Europeu para entendermos a história, as aparições do Espiritismo dentro do cenário brasileiro.

2. Sociologia das religiões e Origens do Espiritismo no Brasil

A sociologia clássica já mostrou os interesses no que se refere sociologia das religiões. É possível apontarmos obras, discussões, rechaçamentos e outros escritos que tinham como conteúdo a religião. Emile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, se posicionaram, cada qual com sua linha de pesquisa, e com isso podemos afirmar que a sociologia das religiões paira sobre a academia, há muito tempo.

O campo da sociologia das religiões é pouco explorado dentro das ciências sociais em relações a outras temáticas, isso, pois há certa hierarquização de temáticas, onde  rcebemos que existe um pré-julgamento do que é interessante, e do que deixa de ser interessante. Podemos nos remeter ao que Pierre Bourdieu esclarece em sua obra A economia das trocas simbólicas, no que é referido o termo “mercado de bens eruditos”. Trata-se então da existência de um mercado intelectual, onde é catalogado, discernido o que é bem aceito e o que nos garantam retorno (SILVA, 2005).

Pierucci, também remete a este pensamento de Bourdieu, porém ele se posiciona de forma diferenciada, anunciando com isso, a “falta de prestigio acadêmico”, isto tem relação com os profissionais que utilizam e aderem composições objetivada dotada de cientificidade, validade”. (CAMURÇA, 2001).

Dessa, forma a pesquisa foi se constituindo tendo em vista a objetividade e subjetividade dos sujeitos e suas relações. Segundo Simmel, os indivíduos interagem em uma via de mão dupla. A sociedade, para o autor não é uma realidade externa ao sujeito, onde os fatores externos determinariam ou não sua integração. Em Simmel, o sujeito é elevado e suas interações como uma categoria analítica com poder de significado.

Essas interações encaminharam os indivíduos a unir-se de forma a se converter numa unidade por ele denominada: sociação. E o que envolve e compõe esta sociacao é tudo aquilo que existe nos indivíduos (interesses, objetivo, relações, motivações entre outros), ou seja, tudo aquilo que se origine das ações de uns sobre os outros.

O Espiritismo no Brasil foi instaurado diferentemente, isso, pois, trata-se de uma nação onde existe um sincretismo religioso bastante forte e, além disso, existem fragmentações e “re-leituras” de várias religiões e como produto dessas manifestações novas religiões ganham corpo. Com isso, alguns elementos que estão presentes na doutrina Espírita, embora manifestadas de outro modo, já faziam parte das indagações de parte da população, isso, pois, manifestações de espíritos estavam presentes em toda parte da humanidade.

"..a Umbanda traz a riqueza dos cultos afro-descendentes, acrescida de muitos outros elementos e práticas religiosas, para poder “falar a linguagem do povo”. Nesse sentido assume uma abrangente compreensão do homem em seu meio, admitindo a explicabilidade do Espiritismo Kardecista e somando a outros conceitos, inclusive de culturas orientais, como sistemas energéticos chamados “chakras” (CONCONE; REZENDE, 2010, p.58).

Dessa forma o Espiritismo no Brasil, não se trata de uma deturpação do Espiritismo Europeu. No Brasil, o Espiritismo teve uma série de lapidações. Na Europa, teve seu rigor, e centificidade, no Brasil ganhara mais religiosidade.

Contudo, no Brasil houve uma série de lutas por legitimidades ao longo do processo histórico, conflitos com diferentes denominações religiosas, com a medicina e comparações com performances de “auto-ajuda”.

2.2. Contexto, antecedentes e História do Espiritismo

Na America em 1848, especificamente na casa de uma família de sobrenome Fox, situada em Hydesville um vilarejo de povoação bem simples em Nova York aconteceu fenômenos de origens, curiosas como sons e arranhaduras. Porém passado tempo, a família começou a querer entender com mais propriedade o que acontecia, e dessa forma eles interagiram com esses fenômenos, e entenderam que eram “espíritos” e posteriormente começaram a adaptar modos de realizar comunicações, eram as mesas girantes. (DOYLE, 1995).

Adentro dos estudos sobre o Espiritismo, encontramos bem inicialmente a presença de Emmanuel Swedenborg7 . Swedenborg foi bastante importante nos estudos espiritualistas inicias, relatou experiências de sua mediunidade, produziu obras que confrontavam e ameaçavam a teologia cristã. Por isso sofreu muita censura na época, e também foi perseguido.

O momento foi de grandes inovações, na Europa, o Espiritismo e todo seu desvendamento e estudos foram ganhando espaço em parte da sociedade francesa. A sociedade estava evoluindo e caminhando para o progresso. As respostas dadas às perguntas que eram realizadas para fenômenos sociais e explicações sobre a Terra estavam sendo substituídas outras respostas, onde Deus já não era o suficiente para responder as tais. A sociedade estava evoluindo, trata-se da instauração do Iluminismo. O homem conquistara espaço, suas idéias ganhavam respaldo de forma que o espaço social aproveitava as transformações que a mesma desenvolvera. A religião ganhava espaço para discussões, isto é, o progresso não era só material. O homem possuía seus questionamentos de diversas ordens e ele tinha a possibilidade de intervir.

Dessa forma, o Espiritismo de forma constitucional emergiu no século no século XIX. 

"o passado, a angustia estava muito associada com o temor de Deus. As religiões impunham o medo de Deus e o religioso cristão se angustiava por estar em pecado diante do Pai" (Encontro com a cultura Espírita, O Clarim 1981, p.118).

Segundo, a obra realizada por um equipe de estudiosos e praticantes do Espiritismo, Encontro com a cultura Espírita, 1981, é esclarecido, uma fase em que o Espiritismo luta pelo reconhecimento como Ciência. Fase esta, novata no sentindo de ser despertado um Interesse grandioso em áreas do conhecimento.

As mesas girantes, na Europa (França) surgiram numa época favorecida, tendo em vista a instauração do Iluminismo, o interesse do homem se tornava relevante. As mesas girantes eram como reuniões que aconteciam em salões e casas da burguesia. Motivo de entretenimento para muitos e pesquisa para outros.

Estes fenômenos chamavam a atenção do pedagogo francês Hyppolite Léon Denizard Rivail (França, 3 de outubro de 1804- Paris, 1869). Rivail foi um grande estudioso e aprofundou seus conhecimentos acerca desses fenômenos de ordem espiritual. E com isso ele reproduz uma ciência que trazia consigo filosofias, existência de Deus e a possibilidade real de intermediação, comunicação com espíritos unido a reencarnação. Neste contexto, Rivail, adota o pseudônimo de Allan Kardec.
Posteriormente, as mesas girantes ganhavam outras significações, os movimentos diminuíram e a inserção de materiais, como lápis e papeis.
"...É desses seres invisíveis que da um conselho de adaptar um lápis a um cesto ou a um outro objeto. Esse cesto pousado sobre uma folha de papel, se pôs em movimento pela mesma força oculta que fez mover as mesas. Mas em lugar de simples movimento regular, o lápis traça por ele mesmo, caracteres formando palavras, frases e discursos inteiros de várias páginas(...)"(KARDEC, 1987, p.15).

Nesta contextualização Allan Kardec, elabora a obra, O Livro dos Espíritos, que se constitui através de comunicação com espíritos na forma de perguntas e respostas. Allan Kardec, realizou outras obras com esse rigor, ele viajou para vários lugares, divulgou o que se tornou o Espiritismo Kardecista.

3. Analises dos filmes (Identidades símbolos e representações).

"Num momento em que a inserção na mídia, em especial a televisão, se destaca como fator de divulgação doutrinária, constituindo um novo campo de disputa no espaço público, o Espiritismo vem alargando sua inserção social especialmente entre os segmentos de classe média, por meio do investimento no campo literário"(STOLL, 2004 p.181).

O Espiritismo, em sua totalidade traz a união de saberes que por vez trazem definições em cada uma de suas ramificações, são elas: A Ciência, a Filosofia, e a Religião. Porém ambas indagam questões sobre as existências, sobre vida, ou vidas. “Quem somos”, “De onde surgimos” e “Para onde seguiremos”.

A formação cultural brasileira moldou o Espiritismo, pois como já dito anteriormente é preciso considerar o sincretismo e toda a realidade brasileira. No Brasil já havia impressões, elementos do espiritismo em outras difusões religiosas. Por exemplo, as religiões afro-brasileiras. Em vista disso, o Espiritismo europeu recebera um caráter de densa cientificidade, que seria um kardecismo “rigido”.
Segundo Stoll (2004), ressalta também que as grandes transfigurações de crenças acabam por exigir rigidez nos dados de censos demográficos. Isso, pois estes dados quantitativos não são capazes de dar credibilidade ao sentimento de dupla pertença, algo de naturalidade entre os brasileiros.

"Algumas bandeiras fundamentais do espiritismo, como reencarnação, comunicações e curas espirituais estão disseminadas na sociedade brasileira e também no mundo, em diversas linguagens e representações artísticas. Na literatura, na produção cinematográfica, em programas de televisão, entre outros, a discussão sobre reencarnação, comunicação espiritual, curas mediúnicas e outros dogmas adotados pelo espiritismo são bem recorrentes, despertando a curiosidade de inúmeros adeptos de outras religiões" (RIBEIRO, 2007, p.03 ).

Com isso, os filmes: Bezerra de Menezes, diário de um Espírito e Chico Xavier, o Filme, correspondem à biografia dos médiuns brasileiros que viveram em épocas distintas e histórias de vida diferenciadas. Bezerra de Menezes (Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti) nasceu no dia 29 de agosto de 1831 no Ceara e faleceu no dia 11 de abril de 1900. Bezerra de Menezes, concluiu seus estudos e se transformou em um médico, e ministrou aulas particulares. Chico Xavier (Francisco de Paula Candido Xavier) nasceu em Minas Gerais no dia 02 de abril de 1910 e faleceu no dia 30 de junho de 2002, não concluiu seus estudos, estudou até a quarta série do ensino fundamental, porém escreveu muitos livros, com a ajuda da espiritualidade, psicografados. No filme é exposta a participação de Chico Xavier no programa “Pinga Fogo” no ano de 1971 tratava-se de um programa vinculado à TV Tupi.

Ambos, Bezerra de Menezes e Chico Xavier, tinham uma natureza bastante humanitária. O primeiro teve seu contato com o Espiritismo a partir da obra “O Livro dos Espiritos” obra de Allan Kardec, porém ao fazer a leitura ele se sentia bastante familiarizado. Este, também foi membro da Federação Espírita Brasileira. O segundo, já apresentava uma mediunidade acentuada desde criança.

O filme, Nosso Lar, trata-se de uma reprodução homônima da obra literária Nosso Lar, psicografado por Chico Xavier. Que fala sobre a vida de André Luiz, suas vivências, suas origens, e sua trajetória no plano espiritual, onde seus pensamentos, idéias, dogmas são totalmente modificados. Aos poucos se acostuma com a vida espiritual e passa a compreender o que ele viveu, e o que ele causou consigo mesmo.

O filme, As mães de Chico Xavier, trata-se de uma realização baseada em fatos reais que conta a história de três mães com vidas bastante diferentes, porém ambas percebem suas vidas mudarem completamente. O que elas têm em comum é que foram procurar respostas e conforto com Chico Xavier. O filme expõe a realidade de vida e social de cada mãe, suas crenças, modo de vida delas e das pessoas das quais elas convivem.
Considerações parciais

O espiritismo no Brasil possuiu diversas transfigurações, alterações em sua constituição histórica. Quem tem relação com a realidade social brasileira, devido ao sincretismo  existente, à grande miscigenação. Trata-se com isso de algo muito amplo a questão do envolvimento da doutrina para com os brasileiros.

Dessa forma, comparações entre a Europa e o Brasil em relação ao Espiritismo devem ser realizadas de forma minuciosa e com base na realidade histórica, institucional e social de ambas as nacionalidades.

Tendo em vista a corporação religiosa que foi estruturada, pensar se no Brasil estaria sendo vivenciada uma nova fase do Espiritismo, tenho em vista as produções cinematográficas, romances espíritas. É importante a compreensão da relação que o Espiritismo brasileiro obteve com o Catolicismo, ao mesmo tempo de diferenciação e adaptações, vínculos.
É de sugestão também analisar o envolvimento, motivações de freqüentadores de dos centros espíritas, em relação à caridade, busca por curas (mentais físicas, elevação espiritual) como também a busca por estudos do Espiritismo.

NOTAS:
1 Apresentado no I seminário de pesquisas do laboratório de estudos sobre as religiões e as religiosidades.
2 Bolsista de iniciação científica da Fundação Araucária desde agosto 2012 e atuou no Projeto de Pesquisa “Religião e Política em Londrina” (2010/2012). 
3 Ano de lançamento 2011. Dirigido por Glauber Filho e Halder Gomes.
4 Ano de lançamento 2008. Dirigido por Glauber Filho e Joe Pimental.
5 Ano de lançamento 2010. Dirigido por Daniel Filho.
6 Ano de lançamento 2010. Dirigido por Wagner de Assis.
7 Foi professor de teologia na Suécia ( Uspsala).

Referências Bibliográficas:
BOURDIEU, Pierre. Economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva S.A., 1974.
CAMURÇA, Marcelo. Da boa e da má vontade para com a religião nos Cientistas Sociais da Religião brasileiros. Revista: Religião e Sociedade. RJ: Iser, n.1, vol.21, p.77/86-abril/2001
CONCONE, Maria Helena Villas Boas; REZENDE, Eliane Garcia, A umbanda nos romances espíritas kardecistas,DOI:10.3395/reciis.v4i3.385pt
DOYLE, Arthur C. História do Espiritismo. São Paulo, Pensamento, 1995.
GIUMBELLI, Emerson, A presença do religioso no espaço publico: modalidades no Brasil. Relig. Soc. Vol.28 no.2: Rio de Janeiro 2008.
KARDEC, Allan, O livro dos Espíritos, Instituto de difusão Espírita 1987.
PIERUCCI, Antonio Flávio; PRANDI, Reginaldo. A realidade social das religiões no Brasil. Hucitec, São Paulo, 1996.
RIBEIRO, Raphael Alves, Almas enclausuradas: práticas de intervenção médica, representações culturas e cotidiano no Sanatório Espírita de Uberlandia (1932-1970). ANPUH XXIV Simpósio Nacional de História, 2007.
STOLL, Jacqueline Stoll, Narrativas biográficas a construção de uma identidade espírita no Brasil.2004
_____. Chico Xavier: o sincretismo além do filme. Estadão, 2010.
SILVA, Fábio Luiz, Espiritismo História e Poder. Londrina, Eduel 2005.
SIMMEL, G; Questões fundamentais da sociologia, Rio de Janeiro Ed Zahar, 2006.

Referências dos Filmes:
As Mães de Chico Xavier, 2011. Dirigido por Glauber Filho e Halder Gomes.
Bezerra de Menezes, o diário de um Espírito, 2008. Dirigido por Glauber Filho e Joe Pimental.
Chico Xavier, o Filme, 2010. Dirigido por Daniel Filho.
Nosso Lar, 2010. Dirigido por Wagner de Assis.

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