(Autor: Senhor dos Anéis)
Esqueça
esse papo furado de que Francisco Cândido Xavier era a pessoa mais
bondosa do mundo. Ele nem de longe representou sequer metade das
qualidades que se atribui e seu mito filantrópico, já sabemos, não
passou de uma farsa publicitária da Rede Globo similar a que Malcolm
Muggeridge fez com Madre Teresa de Calcutá.
Segundo
os seguidores de Chico Xavier, a "maior bondade" realizada por ele foi a
produção de seus "maravilhosos espíritos", que essa gente deslumbrada
atribui serem obras de "elevado valor" e "altíssimo nível" daquilo que
entendem ser a "literatura espírita". Só que tudo isso não passa de
blefe, quando muito uma conversa para boi e "espírito trevoso" dormir.
Essa
constatação, insistimos, não é caluniosa, mas realista. Afinal, que
bondade pode se garantir a livros que incluem pastiches literários,
plágios diversos, ideias que revelam a desonestidade doutrinária com
Allan Kardec, que os "espíritas" brasileiros se comprometeram em seguir
mas o traíram completamente? Só por causa das "boas ideias"?
Em
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec (tradução de José Herculano
Pires), no capítulo 20, Influência Moral dos Médiuns, na questão 230,
foi aproveitada como resposta uma mensagem do espírito Erasto, que havia
sido discípulo de Paulo de Tarso (conhecido como o São Paulo dos
católicos), que havia citado sobre as "boas ideias" nas obras
mistificadoras, da seguinte forma:
"Os
médiuns levianos, pouco sérios, chamam, pois, os Espíritos da mesma
natureza. É por isso que as suas comunicações se caracterizam pela
banalidade,a frivolidade, as idéias truncadas e quase sempre muito
heterodoxas, falando-se espiritualmente. Certamente eles podem dizer e
dizem às vezes boas coisas, mas é precisamente nesse caso que é preciso
submetê-las a um exame severo e escrupuloso. Porque, no meio das boas
coisas, certos Espíritos hipócritas insinuam com habilidade e calculada
perfídia fatos imaginados, asserções mentirosas, como fim de enganar os
ouvintes de boa fé".
Esse
alerta se encaixa nos problemas que se vê nas obras de Chico Xavier. E
Erasto diz que é justamente quando são expressas "coisas boas" que é
necessário submeter a um exame severo e escrupuloso. Em outras palavras,
são nessas passagens que cabe maior desconfiança, maior questionamento,
porque as "boas ideias" podem ser isca para outras mais perniciosas.
Acabamos
de pesquisar o livro A Caminho da Luz, na época de produção deste
texto, e verificamos o quanto o livro é rebuscado, pretensamente
erudito, pedante e prolixo. Diante das promessas de "amor e
fraternidade", nota-se a inserção de informações mentirosas,
tendenciosas, fantasiosas, que simplesmente ofendem o trabalho de Allan
Kardec, de maneira definitiva e evidente.
"Mas
não é cruel dizer que Chico Xavier ofendeu o trabalho de Kardec?",
perguntariam uns. Não. É ofensa porque o professor francês teve muito
trabalho, se desgastando física e psicologicamente para analisar os
fenômenos espíritas, sempre com precisão e frieza cirúrgicas,
imparcialidade e senso crítico, duvidando sempre para obter respostas
com o máximo de coerência possível.
Kardec
pagava as viagens com o próprio dinheiro - algo a ser levado em conta
pelos brasileiros que veem um Divaldo Franco sendo pago para viajar pelo
mundo espalhando suas mentiras - , perdia horas de sono para responder a
questionamentos e ataques, escrevia para tentar explicar um assunto que
até ele achava bastante complexo e, mesmo doente, ainda juntava forças
para esclarecer com o máximo de lógica possível.
E
todo esse trabalho foi desmoronado porque Chico Xavier e seus parceiros
lançaram livros que simplesmente contradiziam a obra kardeciana,
publicando fantasias surreais como se fossem a realidade espiritual e
trabalhando conceitos que, sob um exame mais rudimentar, se demonstram
contrários à lógica e ao bom senso.
E
devemos levar em conta que essa contrariedade não é fato menor nem
casual. Não é algo acidental, um erro pequeno, uma eventualidade ou um
caso isolado. São erros gravíssimos, aberrantes, chocantes, cuja
projeção atingiu níveis preocupantes. É coisa de arrancar os cabelos.
Chico Xavier espalhou mentiras que passaram a serem vistas como verdades
absolutas!
Portanto,
a "caridade" dos mais de 400 livros que levaram o nome do anti-médium
mineiro, na verdade, foi um trabalho completamente irresponsável, uma
tarefa deplorável, um erro insano. Antes eles nunca tivessem sido
produzidos, antes nenhuma vírgula, nenhum til, nenhum "a" tivesse sido
desenhado desse grande exército de palavras que bombardeou a lógica e o
bom senso.
Dizendo
assim parece ser muito cruel, mas a verdade é que Chico Xavier levou ao
extremo o que Allan Kardec já havia reprovado em Os Quatro Evangelhos,
de Jean-Baptiste Roustaing. Disse o professor lionês, considerando
cansativo o fato da obra roustanguista ter três volumes (a edição
brasileira, da Federação "Espírita" Brasileira, tem quatro, acrescidos
na obra os comentários do tradutor Guillón Ribeiro).
Segundo
Kardec, a obra de Roustaing não apresentava clareza textual e sugeria
uma leitura exaustiva de seus grandes volumes. O pedagogo sugeriu que "a
obra poderia ter sido reduzida a dois, ou menos, a um só volume e teria
ganho em popularidade". Roustaing não gostou das críticas dadas ao seu
trabalho, sobretudo no aspecto de seu exagerado conteúdo.
Pois
se Allan Kardec criticou Roustaing por causa de um livro de três (ou
quatro, no Brasil) volumes, o que ele diria então de mais de 400 livros
de Chico Xavier? Simplesmente o professor lionês faria observações bem
mais severas e talvez até fosse mais rigoroso nas observações.
Seria
muito provável que Kardec, observando os livros de Chico Xavier,
achasse que 99% deles seriam desnecessários, se fosse considerar a
publicação de algum deles, mas também seria possível que ele
aconselhasse o anti-médium a se limitar a um panfleto ou uma palestra,
se fosse o caso de transmitir alguma mensagem positiva.
Os
livros de Chico Xavier mostram uma série de aberrações. não somente
quanto à doutrina de Kardec. Descrevem a história do Brasil e do mundo
de acordo com as abordagens, não raro preconceituosas e mitológicas, dos
livros didáticos da época. Supõem a vida espiritual com fantasias
dignas de ficção científica. Trazem conceitos moralistas retrógrados.
Apelam para fatos e ideias duvidosos de fatos bíblicos.
Querer
que isso seja "a maior caridade do homem mais bondoso do mundo" é que é
leviano. Se os livros mostram aberrações de caráter historiográfico,
religioso, espiritualista, doutrinário etc, indo, em diversos aspectos,
contra a lógica e bom senso, eles não podem ser considerados bondade,
porque, de certa forma, esses livros causam um sério prejuízo.
Contrariando
a lógica e o bom senso, tanto quanto à Doutrina Espírita quanto, por
exemplo, para os fatos históricos, já é suficiente considerar não
somente supérflua e inútil a bibliografia de Chico Xavier, mas também
nociva e prejudicial para a compreensão da realidade sob os mais
variados aspectos.
Com
isso, derruba-se mais uma vez um mito de bondade do anti-médium
mineiro, e é até um bem que as pessoas se livrem dos livros de Chico
Xavier, que comprovadamente contrariam sua promessa de esclarecimento
das mentes das pessoas. A bondade não pode estar a serviço da
desonestidade doutrinária e intelectual.
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