(Autor: Professor Caviar)
Se a suposta profecia da "data limite" que Francisco Cândido Xavier divulgou para Geraldo Lemos Neto fosse confirmada, em relação à destruição do "velho mundo", isso traria danos ao conhecimento científico, nada comparáveis aos incêndios na Biblioteca de Alexandria, no Egito, durante a Antiguidade, mas mesmo assim de difícil recuperação.
Conta a "profecia", originária de um sonho de 1969 que Chico Xavier teve depois da notícia da expedição da Nasa na Lua, que uma "reunião" entre as chamadas "autoridades do Universo", como Jesus Cristo, supostos líderes de outros planetas e mais Emmanuel e o próprio "médium", sobre a preocupação de que a viagem à Lua poderia causar um conflito bélico sem precedentes.
A tese é, sabemos, improcedente e cheia de erros de abordagem sociológica, geológica e de outras áreas do Conhecimento. A "profecia", por exemplo, prevê que eslavos fossem morar no Nordeste brasileiro, o que, se ocorrer, lhes causaria um choque térmico de consequências fatais.
Ela também esconde um moralismo sutil, já que evoca o "castigo de Deus" como nas velhas pregações católicas. A ideia é criar uma moratória de 50 anos - de 1969 a 2019 - para os países evitarem a guerra e os conflitos graves diversos, e, se isso não ocorrer, atentados e ações militares irão dizimar a humanidade e, depois, viriam catástrofes naturais que tornariam o "velho mundo" uma região "inabitável".
Entende-se como "velho mundo" o Hemisfério Norte, onde se situam nações consideradas desenvolvidas, como EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Suíça e os países da Escandinávia (Suécia, Dimamarca, Noruega, Finlândia e Islândia). e nações muitíssimo antigas, como Itália (berço do Império Romano), Grécia e Egito.
Com a destruição do "velho mundo", conforme a narrativa de Chico Xavier, uma considerável parcela de famosos morreria, além de muitos intelectuais. O mundo desenvolvido ficaria acéfalo, permanecendo regiões onde prevalecem fenômenos culturais de valor duvidoso e medíocre, como se vê no Brasil, que seria promovido a "coração do mundo" e "pátria do Evangelho".
Isso causaria prejuízos para o mundo e causaria retrocessos diversos. O acervo cultural sobreviveria apenas com réplicas, mas intelectuais como o austríaco Franz Anton Mesmer, estudado por Allan Kardec, o astrônomo estadunidense Percival Lowell e o biólogo alemão Wolfgang Bargmann, condenados ao desprezo público, praticamente correm o risco de terem seu legado quase todo perdido, sendo Bargmann o mais prejudicado, por ser um intelectual de projeção apenas local.
Com isso, visões "lendárias" como atribuir a Chico Xavier o pioneirismo de "prever descobertas científicas" passariam a prevalecer, com prejuízo à comunidade científica, entregue a narrativas de valor cientificamente duvidoso e muitíssimo vagas para pressupor um pioneirismo científico sério e consistente. Ainda mais quando se sabe que os relatos dos livros do "médium" são desprovidos de qualquer embasamento científico, mais parecendo narrativas fictícias especulativas.
FELIZMENTE, A "PROFECIA" TEM POUCAS CHANCES DE CUMPRIR
É duvidoso que, de forma maniqueísta, todas as valiosas personalidades da Cultura e da Ciência tenham condições de migrar para o Brasil, na hipótese de destruição do "velho mundo". O mundo perderá se as "previsões" de Chico Xavier se confirmarem.
Além de se perder um relativamente pequeno mas considerável acervo de Conhecimento, o fim do "velho mundo" também representará, segundo a narrativa, a ascensão do Brasil como "nação-líder", o que sugere uma sutil referência ao Império Romano, a ser redivivo na forma de uma nação sul-americana.
Mas, vendo que as "previsões" mostraram sérios problemas de abordagem, como ignorar que o Chile, inserido no mesmo Círculo de Fogo do Pacífico que o Japão e a Califórnia, nos EUA, seja poupado quando as demais áreas do Norte nessa região de atividades vulcânicas e sísmicas forem eliminadas. Um atestado de ignorância geológica de Chico Xavier.
Várias "profecias" similares foram divulgadas e nada aconteceu. E, além do mais, o próprio Emmanuel havia revelado a "pegadinha" quando avisou que "profecias existem para não serem cumpridas". O catastrofismo de Chico Xavier foi mais um ponto negativo que põe em xeque a perfeição espiritual atribuída ao "médium" mineiro.
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