(Autor: Professor Caviar)
A religião "espírita" é, em muitos aspectos, traiçoeira. Seu igrejismo moralista se fundamenta na Teologia do Sofrimento católica, que, propagada e adaptada por Francisco Cândido Xavier, se respalda ainda nas suposições reencarnacionais.
Sem ter estudos sérios sobre reencarnação e vida espiritual, o "espiritismo" cria um repertório ideológico no qual as pessoas que sofrem têm presumidas encarnações antigas, geralmente como patrícios romanos, uma suposição própria do "achismo espírita", que não tem fundamentos nem provas para dizer se tais desafortunados realmente foram algozes na época do Império Romano.
É certo que houve pessoas brilhantes que buscaram superação enquanto sofriam desgraças. Mas isso não revela a importância do sofrimento como algo bom. Pelo contrário, ele continua sendo algo bem ruim. O que pode haver de positivo é a pessoa encontrar condições para superar uma desgraça, o que não é fácil.
Exemplos de superação que surgem nestas condições podem revelar pessoas admiráveis. Mas quando o sofrimento passa a servir de propaganda para a superação pessoal, isso se torna um processo bastante traiçoeiro e cruel. O marketing do sofrimento passa a ser algo pernicioso, perverso e ostensivo.
Isso porque o sofrimento passa a ser um motivo para a superação, uma estranha fórmula de sucesso que a fé religiosa determina às pessoas. Quanto mais sofrer, mais bênçãos irá obter. Pouco importa se esse "benefício" simbólico, as tais "bênçãos", virão depois da morte. Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
É aquela coisa do "quanto pior, melhor", que faz com que o marketing religioso do "espiritismo" e sua "lei de causa e efeito" e do juízo de valor de supor encarnações de fulano, sicrano etc, se torne cruel com seu moralismo assistencialista, mas em certo momento sado-masoquista.
Isso porque já não é mais a superação que conta, mas o sofrimento, a desgraça, o infortúnio, descritos como "receitas para o sucesso". Existe até o roteiro de derrotas, perdas, maltratos sofridos por outrem, tudo de ruim que a pessoa enfrentou, até que surge um momento em que a "luz de Deus" brilha sobre ela e o "benefício" vem. Isso se a pessoa sair viva de tudo isso.
Quando a coisa vai para o terreno da propaganda, como nas mensagens de Chico Xavier sobre o sofrimento, a coisa passa a pegar mal. Sofrer desgraças e fingir que tudo está bem não vai fazer a pessoa ter boas energias para superar tais dificuldades. Nem orando em silêncio e aguentando tudo com fé.
Portanto, esse é o lado sombrio do "espiritismo" que combina juízo de valor, que é supor que o infeliz tenha sido um algoz romano em uma encarnação antiga, com sadismo, que é acreditar que o sofrimento, por si só, é "uma bênção". E isso não é bondade alguma, muito pelo contrário.Isso acaba mostrando que os "espíritas" acabam, mesmo por acidente, sentindo prazer em ver os sofredores aguentando desgraças.
A visão sádica de pedir para estes não reclamarem da vida, não arrumarem conflitos nem tensões, só piora as coisas. Porque uma coisa é admitir que o sofrimento pode ensinar as pessoas a encontrar soluções para superá-lo. Outra é transformar a desgraça em propaganda e receita para o sucesso espiritual. Neste caso, não há bondade, há crueldade.
Comentários
Postar um comentário