(Autor: Professor Caviar)
Como desfazer 70 anos de uma grande ilusão chamada Chico Xavier? Que traz em seu bojo uma série de outras ilusões e fantasias?
O caso de Francisco Cândido Xavier mostra o quanto construir um mito é algo bastante perigoso. De um simples caixeiro, passou-se a um criador de pastiches e plágios literários, que, visando a propaganda igrejista de uma instituição, foi transformado num quase "deus", já não mais um semi-deus, mas um vice-deus.
Isto é terrível, e mostra o quanto se pode ludibriar as pessoas e sustentar um mito por quase toda a eternidade, um mito que parece estar acima de qualquer busca de coerência.
O crescimento do mito de Chico Xavier tornou-se algo tão perigoso, e mostra o caráter materialista do "espiritismo", que pode criar uma imagem deificada de um reles mortal, que esteve entre nós durante um pouco mais de 90 anos, e cujos seguidores fanáticos estão a ele apegados e obsediados, como zumbis.
O perigo está no fanatismo religioso, na idolatria supostamente associada às "boas qualidades", no acúmulo de controvérsias mal-resolvidas e escândalos que a plutocracia da Federação "Espírita" Brasileira fez se darem como "superadas" para o bem de um mito que crescia atropelando polêmicas e estando associado a fantasias ligadas a estigmas religiosos muito conhecidos.
É o estereótipo do "bom caipira" que, mais tarde, foi somado ao de um "velhinho frágil", associado a qualidades surreais, que uma confusa trajetória de tendenciosismos diversos, como divulgação de obras pseudo-científicas, como Missionários da Luz e Nosso Lar, ou obras falsamente historiográficas, como Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho e Há Dois Mil Anos, que fizeram o anti-médium mineiro se tornar uma pretensa unanimidade.
A situação tomou um rumo tão perigoso e um crescimento tão descontrolado que, direitista, Chico Xavier ganhou a complacência da esquerda, e, igrejista dos mais fanáticos, temente a Deus e tudo, ganhou a condescendência de ateus. Mas tudo isso não por uma questão de tolerância e imparcialidade, mas pelo deslumbramento que a figura tentadora de Chico Xavier exerce, como um exímio hipnotizador de corações.
Como desfazer esses 70 anos de ilusões? Como desapegar ao estereótipo do "bom velhinho frágil" que supostamente "pode tudo"? Abandonar o deslumbramento da fé religiosa, largar o fardo confortável mas pesado de idolatrar estereótipos de "amor, bondade e humildade", aceitar visões contrárias sem explodir de raiva e tristeza, tudo isso é tarefa difícil, mas necessária.
Abandonar a idolatria a Chico Xavier tem um grande e nobre motivo. O "médium" foi um dos que mais deturparam, da forma mais irresponsável possível, a Doutrina Espírita, e seus livros apresentam claramente visões que se chocam com as ideias transmitidas por Allan Kardec.
Portanto, só essa tarefa irresponsável de empastelar o Espiritismo faz Chico Xavier perder todo o mérito da idolatria que recebe. Nem os pretextos de "bondade" podem ser considerados, porque, em sua bibliografia, existem muitas mentiras e muita mistificação. E quem pratica isso já comete a crueldade da desonestidade doutrinária.
Parando para pensar, sabe-se que a bondade não pode estar a serviço da mentira nem da mistificação. Não se pode enganar as pessoas em nome do amor. Não se pode ser, ao mesmo tempo, um mau seguidor de Allan Kardec e um perfeito praticante do amor ao próximo.
A desonestidade doutrinária mostra uma intenção de enganar as pessoas e o próprio Kardec advertia para tomarmos cuidado com os inimigos do Espiritismo justamente no momento em que eles trazem "coisas boas", porque é aí que estão as armadilhas mais traiçoeiras de transmissão de ideias levianas, sem coerência nem lógica.
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